Naquele Momento

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Eu não sei o que houve, aconteceu apenas de você estar ali sentado em seu cantinho, observando o ambiente ao seu redor. Ocasionalmente o meu olhar se encontrou com o seu. Naquele instante eu não dei muita atenção, mas depois eu me flagrei te observando... percebi que meus olhos avidamente te procuravam aonde quer que eu estivesse, e a simples certeza de que ia te encontrar fazia meu coração acelerar. Eu desejava me aproximar, te cumprimentar e te conhecer. Havia algo na sua voz, nas suas palavras, no seu jeito, que me atraia. E quando finalmente me sentei ao seu lado, nos olhamos e conversamos, percebi que o tempo com você se passava rápido demais, que estávamos em uma sincronia tão grande que nem precisávamos verbalizar nossos pensamentos para nos entendermos. Olhar dentro dos teus olhos era como estar flutuando em gravidade zero. 

E assim, dia após dia eu ia me viciando em você. Os dias viraram meses, as horas... bem, as horas não importavam tanto quando começavamos a conversar. Compartilhamos histórias, músicas, sonhos e sorrisos; sua companhia era um deleite para meu coração. E eu sentia que havia reciprocidade nesse sentimento. Por um instante houve a possibilidade de contos de fadas serem possíveis na vida real. Quando nossas mãos se entrelaçaram  e nossos lábios timidamente se tocaram, eu desejei seu carinho e seu afeto, desejei viver ao seu lado todas aquelas cenas clichês que vemos em tantos contos de amor... Ah! As borboletas se agitavam energicamente em meu estômago, eu gostaria de morar naquele momento, aconchegada no calor do teu abraço.

400 dias se passaram. Eu ainda me pego sorrindo ao lembrar da sua expressão, do seu tom de voz totalmente descontraído, um perfeito contraste com seu senso de humor levemente ácido. Uma retrospectiva de imagens e sentimentos ricocheteiam dentro da minha mente. Respiro fundo, levo alguns segundos para me convencer a me focar em minha rotina. Calço meus sapatos, visto meu casaco, dou os primeiros passos daquele percurso que já faço quase no modo automático. Alguns poucos detalhes chamam minha atenção. As nuvens acinzentadas obstruem a passagem dos raios solares, o vento frio agita as folhas das árvores, os pássaros empoleirados nos fios da rede elétrica observam o movimento dos pedestres e dos automóveis. É um cenário meio introspectivo, mas não tenho do quê reclamar. 

De repente, aquele perfume disperso no ar deixa meus sentidos em alerta. Meus olhos analisam rapidamente todos os rostos ao meu redor e a ansiedade é seguida pela frustração. Repito para mim mesma que é melhor assim. E quando já estou quase conformada com a situação, ouço alguém chamando pelo meu nome...

Se Eu Apenas Te Dissesse....Onde histórias criam vida. Descubra agora