Capítulo 1

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don't wanna see the world, boy?

Alice

O clima frio e opaco do carro, deixava o ar melancólico, pesado, como se eu estivesse a carregar uma mochila com cem tijolos, tentava fazer com que meus pensamentos pessimistas evaporassem do meu cérebro enquanto deslizava o meu dedo freneticamente na tela gelada do meu telefone.

Vasculhava as páginas do meu ficheiro imaginário tentando encontrar alguém que eu pudesse me despedir, afinal, eu estaria me mudando para bem longe, nunca pensei que deixaria tudo em Boston, e teria que começar novamente em Cheshire.

Mesmo que eu não tenha tantas memórias como uma pessoa comum, eu tenho algumas, algumas que puderam marcar a minha vida, como por exemplo, a primeira vez que consegui tocar uma música no piano sem errar qualquer nota, quando aprendi a andar de bicicleta, ou quando consegui tirar a nota máxima numa prova de francês, esse tipo de memória que nos trás recordações e consegue montar uma boa parte da nossa personalidade.

Elas se enraízam no nosso lado mais especial, tanto na nossa alma como em algum espaço do nosso coração. Nos mantém fortes, e nos faz lembrar da onde viemos.
Meus olhos continuavam a correr entre a minha lista de contatos, eu só tinha meu pai, minha mãe, e minha vó, não tinha uma única amiga próxima para falar sobre algum garoto, ou para ir no shopping só ficar olhando as vitrines, me considerava um tanto quanto anti-social, e só podia culpar a minha estúpida timidez, a quantas festas deixei de ir por causa desse problema? Com quantas pessoas deixei de me entrosar por causa disso? Acredite, incontáveis vezes.

Senti o leve balanço do carro informando que o mesmo tinha parado, olho em volta, e o enorme aeroporto se encontrava lotado, fecho a porta e sinto o frio embater nas minhas bochechas como um tapa, aperto meu casaco contra meu corpo, e escondo minhas mãos com as mangas do mesmo, meu pai tinha se encarregado de levar as malas, como tínhamos poucos pertences, não foi um abuso meu e de minha mãe ter aceitado essa gentileza por parte dele.

Tínhamos feito todos os procedimentos necessários para podermos embarcar, tinha meu cinto preso em volta da minha cintura, e minha mãe se preparava para um cochilo do meu lado, encosto a minha cabeça no banco, e passo meus dedos pelo vidro da janela, sopro um pouco de ar quente para o vidro, o deixando embaçado, começo a fazer pequenos desenhos enquanto escutamos os avisos de como devemos nos portar dentro do avião, e das previdências que precisaríamos tomar se fossem necessárias, depois de o mesmo aviso ter sido repetido várias vezes em diferentes línguas, o avião finalmente decola se afastando rapidamente da terra, quando já estava numa altura bem alta, eu observo atentamente as pequenas casas, e algumas pessoas indo e vindo, prosseguindo com as suas rotinas diárias.

[...]

Tínhamos chegado, nossas malas já nos acompanhavam, e estávamos na tentativa de pegar um táxi.
Olhava em volta e reparava em como as árvores já não tinham uma folhagem verde saudável, mas sim, uma folhagem mais alaranjada, deixando a mostra a troca de estações.
As pessoas que caminhavam na calçada, tinham um aspecto feliz, e conversavam animadamente com o parceiro do lado, o céu estava meio nublado e considerei a alternativa que poderia começar a chover brevemente.

Sinto um toque no meu braço, e então minha mãe me puxa para o banco de trás do taxi enquanto meu pai guardava os nossos pertences no porta-malas. Meu pai não conversava muito com o motorista, dizia somente os lugares que ele deveria ir, mas era breve nas informações.

Fitava a janela enquanto admirava a nova cidade em que eu teria que chamar de " lar ", minha mente rebobinava os mesmos pensamentos em que eu me perguntava se, teria amigos, ou sofreria o mesmo preconceito de antes, sem nem mesmo saber o motivo.
Enquanto meu pai pagava o motorista, eu e minha mãe nos encarregamos de tirar os pertences do porta-malas, fizemos uma curta caminhada até a frente da casa.

The Window » Harry Styles { HIATUS }Onde histórias criam vida. Descubra agora