Capítulo 2

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Eu não sou necessariamente bonito, mas com segurança eu digo que sou atraente. Eu sou alto, faço questão de me esforçar na academia, e tenho cuidado com a minha alimentação. Além disso, nenhuma das minhas tattoos foi feita de forma inconsciente, sem me preocupar com a harmonia. Elas dialogam entre si, se complementam, e naturalmente eu chamo a atenção. Estou acostumado a isso, mas há vezes em que estamos de guarda baixa. E aquele foi um desses momentos.

Olhei para o ar-condicionado para me certificar de que não havia dado um problema. "23°," exibia o display. Definitivamente, a razão por aquele súbito aumento da temperatura tinha outro motivo.

— Você tá com calor? — ela me perguntou com uma inocência que não combinava com seu olhar.

— Não... Não estou. A temperatura... tá agradável pra você?

Sem afastar o olhar por um segundo sequer, ela assentiu.

Nós conversamos sobre diversos assuntos, e entre um traço e outro, eu arriscava erguer a cabeça para fazer contato visual e admirá-la um pouco. Cada curva de seu corpo, demarcado pela saia, seu olhar intenso... Tudo parecia conspirar contra minha capacidade de me concentrar.

— Tô ansiosa pra ver como está ficando — ela falou. — Ainda falta muito?

— Até que não — respondi. — O traçado tá todo concluído, agora é só sombrear. Mas você pode se levantar um pouco pra dar uma olhada.

E ela o fez. Inclinou-se lateralmente, empinando ainda mais o bumbum. Desta vez, tive certeza de que fui incapaz de disfarçar meu desejo. Nossos olhares se cruzaram mais uma vez, então ela se inclinou na minha direção umedecendo os lábios e encarando a minha boca. Eu inspirei fundo, aguardando o beijo. Então ela refreou-se a um palmo de distância e perguntou:

— Posso usar seu banheiro?

Eu balbuciei, completamente embaraçado:

— Eh... claro... é por ali. Na verdade é até bom que deixe o sangue circular um pouco. — Comecei a explicar a ciência por trás de uma tatuagem. Mas ela ignorou. Em vez de escolher o lado para o qual estava virada, optou por jogar a perna por sobre a maca e descer pelo outro lado. Ainda segurava a saia acima dos joelhos quando o fez, expondo uma calcinha de renda branca que combinava luxuriosamente com o salto alto.

Eu ainda estava pasmo quando ela desapareceu atrás da porta. Respirei fundo e me levantei, com um nervosismo que era uma mescla de ansiedade e excitação. Em vez de levar a mão a um papel toalha, enxuguei o suor com a luva mesmo, depois conferi se o desejo que eu sentia havia provocado algum volume na minha virilha. E maldita foi a hora que escolhera vestir aquela bermuda de moletom cinza em vez que uma calça jeans escura ou algo assim. Meu pau estava completamente esculpido através da malha, revelando o tesão que eu sentia naquele momento. Tentei mudá-lo de posição dentro da cueca para disfarçar a ereção, então descartei as luvas contaminadas com meu suor e me posicionei de costas para a porta quando ouvi a descarga.

O plano era simples: enquanto eu calçava um novo par de luvas, ela se sentaria e, quando estivesse posicionada na maca, eu me instalaria na banqueta, ainda olhando na direção oposta, e desfrutaria dos benefícios de um estofo giratório.

Ouvi os estalidos do salto alto contra o piso se aproximarem:

— As tatuagens que tem no rosto — disse ela, sem se sentar, — o que significam?

Respondi por sobre o ombro:

— Ah... Aqui é uma cruz... — fiz um gesto estúpido com as mãos para reforçar a obviedade do significado. — E essa aqui é só um tribal meio arabescado que fiz pra compor bem com o formato do rosto. Não tem exatamente um significado...

Conto Erótico: Sessão AlternativaOnde histórias criam vida. Descubra agora