Capítulo 3.

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Michael's pov

Olhando pela porta da sorveteria percebi que Clarisse estava adentrando a, eu estava me escondendo na esperança de passar despercebido.

Naquele momento a última coisa que eu queria era falar com ela. Afinal eu era totalmente envergonhado, e tinha toda aquela história que estava acontecendo.

Eu estava com raiva dela.

Porém escutei seus passos rápidos se aproximando cada vez mais da mesa que eu ocupava, onde pararam.

- Oii, tudo bem? Que sorte te encontrar aqui! - Clarisse disse em tom animado

- Oi, - pensei um pouco antes de dizer o que estava prestes a falar - olha Clarisse eu não estou querendo ser grosso, me desculpa, mas eu não estou, em um momento muito bom agora, será que a gente pode conversar depois? - nem eu sei como eu pude falar tudo aquilo.

-Ah - ela pegou uma pequena mecha de seu cabelo nos dedos e respirou fundo - Eu estou tão arrependida, eu não devia ter falado daquela forma com ela.

Nesse momento eu já tinha entendido exatamente sobre o que ela estava falando. Sobre a menina com um par de estrelas nós olhos.

- Desculpa... - ela falou parecendo um pouco triste.

Ela parecia convincente, talvez até arrependida.

- Você não devia pedir desculpas para mim e sim para ela... - engoli seco, o nó que havia se formado em minha garganta - Ela está no hospital.

-Nossa, que horror, tadinha... - ela iria falar mais alguma coisa, mas antes que pudesse proferir algo seu celular tocou.

- Oii, claro, já estou indo, te encontro em cinco minutos - ela disse ao celular em tom totalmente diferente, do que estava na nossa breve conversa, agora o tom parecia divertido e não mais preocupado ou arrependido.

Clarisse olhou para mim ainda no telefone e deu um breve aceno de despedida, e saiu apressada pela porta da sorveteria.

Essa tinha sido uma conversa muito estranha, eu não sabia se estava feliz, por ela ir embora e eu ficar sozinho, com meus pensamentos, ou se estava confuso por não poder conversar com ela sobre o acontecido no colégio. Ela parecia um pouco arrependida, ao meu ponto de vista.

Depois de um tempo na sorveteria, resolvi voltar para a clínica. Apenas sentei em uma cadeira da grande recepção, estava um pouco inseguro, com o que tinha dito a Clarisse, eu estava um pouco nervoso. Três minutos depois sinto alguém tocar no meu ombro e no instante seguinte vejo uma figura alta de cabelos curtos adentrar no meu campo de visão.

- Oii, eu vi você hoje mais cedo, preocupado com minha filha, uma menina que gosta de chocolate quente, meias coloridas - ela estava claramente preocupada, falava com um amor imenso mas ali também existia dor - você a conhece?

Nesse momento minhas mãos começaram a tremer, era a mãe dela, eu não sabia se estava preparado para essa conversa.

- A-a, oii, sim, a gente conversou um pouco - falei em tom apreensivo.

- Eu só queria agradecer pela preocupação, é muito bom que ela tenha feito um amigo tão bondoso assim.

Eu não sabia o que falar, se ela ao menos soubesse o que havia acontecido na escola de verdade, ela não me acharia tão bondoso assim, se ela ao menos soubesse que aquilo podia ser tudo minha culpa não me trataria assim, mas parece que ela ainda não sabia nem metade da história, e eu não seria a pessoa que contaria, então respondi:

- Sim, com certeza, ela é uma ótima menina.

A mulher deu um breve sorriso e pronunciou um obrigada em tom bem baixo. Ela parecia muito preocupada com a filha.

A ARTE de amar [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora