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                             MANU

                        2 anos depois

       

      Após passar a tarde inteira no salão com as meninas resolvo ir para casa mas não encontro Thiago,tento ligar e ele não atende.Tomo um banho e faço um lanche da tarde mas fico um pouco entediada e resolvo sair para dar uma volta pela comunidade.

       Desço o morro de tardezinha sentindo aquele sol anunciando o fim de mais um dia,e vejo Cami subindo com sua filha Catarina de mãos dadas.

Manu:-Cachinhos dourados!-me aproximo sorridente e beijo a bochecha da pequena.

Catarina:-Oi tia!-ela sorri toda fofa.

Cami:-Aonde você a mocinha esta indo?

Manu:-Bom eu ia voltar no salão ver como estão as coisas e se precisam da minha ajuda.

Cami:-Aposto que esta tudo ótimo as meninas cuidam bem do salão,vai la em casa um pouco afinal as crianças não estão com você não é mesmo?

Manu:-Pois é depois que Fernando foi embora de volta para maré as crianças só falam em ficar lá.-reviro os olhos lembrando o quanto Amara implorou para ir.-O Thiago me convenceu a deixar os três passarem as férias de janeiro lá.

Cami:-Engraçado como o tempo passou rápido Amara ja está tão grande agora.-ela começa a subir o morro e eu a acompanho.-Parece que foi ontem que nos mudamos para cá.

Manu:-Sim estamos ficando velhas amiga,daqui a pouco já vamos estar sendo chamadas de sogra.-digo e começamos a rir.

Cami:-Sei o assunto não tem nada haver mas falei com a Maju ontem,diz ela que as coisas entre o Fernando e a Alicia não estão nada boas.

Manu:-É Tiago me disse o mesmo no dia que levou as crianças,parece que o clima tava meio pesado.-Para um pouco de caminhar quando escuto um barulho semelhante a de helicóptero ao longe.

Cami:-Termina de contar a fofoca fia.-ela me encara.

Manu:-Ele foi comentar sabe com a Maju e ela disse que os dois não estavam bem.-digo olhando tudo em volta.

Cami:-O que foi?

Manu:-Não sei tem algo errado.-nesse momento o barulho fica mais alto e realmente era um helicóptero quando olho para o céu ouço os primeiros disparos vindos do final do morro,e todos começam a correr para suas casas.

Cami:-Manu a gente precisa subir.-ela pega Catarina no colo e me balança,a lembrança do último tiroteio que presenciei me deixa estática.-Manu!-ela grita.

    Quando consigo voltar a mim vejo o caveirão subir o morro com alguns policiais em volta dele com grandes armas.

Manu:-Vamos por aqui.-seguro em sua mão e corremos por um beco na intenção de chegarmos a casa de Cami.

      Corremos entre as vielas e o barulho dos tiros só se intensifica.Meu telefone toca e vejo que é Thiago.

Manu:-Oi-atendo ofegante sem parar de correr.

L.k:-Onde você ta foi pro porão?-ele se refere a um porão feito em nossa casa a algum tempo para que eu e as crianças pudéssemos nos esconder nessas situações.

Manu:-Não eu tô na rua-quando íamos sair de um beco para outro avisto um policial na rua e recuo.-Amor eu tô com a Cami e a Catarina num beco.

L.k:-Se me explicar direito onde fica mando alguém buscar você.

Manu:-Eu não sei ao certo.-sinto Cami apertar minha mão mais forte e sinto um frio na espinha.-Amor eu tô com medo,não sei onde estou ao certo,e tá muito barulho aqui.-nesse momento percebo o que não ouço barulhos do outro lado da linha somente a voz dele.

Thiago:-Eu sei meu bem mas tenta explicar onde está e mando alguém.

Manu:- Onde você está?eu não ouço nenhum barulho vindo do seu lado da linha,ONDE VOCÊ ESTA?-pergunto mais alto aflita.

Thiago:-Fica calma ta,os policiais te conhecem sabem que é minha mulher você não pode ser vista nem você nem a Cami.-fico ainda mais nervosa e olho para Cami que esta tentando acalmar a filha.

Manu:-Como assim eles nos conhecem?e você não respondeu a pergunta.-o barulho dos tiros se intensifica ainda mais e Cami me puxa um pouco para trás.

Thiago:-Eu tô saindo da maré,é provável que por esse motivo eles estão aí sabiam que eu estava fora e aproveitaram para subir o morro vocês precisam tomar cuidado,vão para a casa da sua tia tem um porão lá também.

       Quando abro a boca para responder Thiago, um policial adentra o beco segurando um fuzil.

**:-Aqui não é seguro...-ele primeiro parece se preocupar mas depois me olha intrigado.

Cami:-Estamos só nos escondendo aqui porque nossa casa está um pouco longe ainda.-ela solta a filha e para ao meu lado escondendo Catarina atrás de nós.

Manu:-Não podemos ser vistas conversando com o senhor.-digo abaixando telefone-Os traficantes nos matariam por favor estamos só esperando as coisas se acalmarem para irmos para casa.

**:-Seu rosto me parece familiar na verdade vocês duas parecem...-ele me observa atento.

Manu:-Eu nunca vi o senhor antes.-nesse momento meu medo aumenta ainda mais.

     E então depois de alguns instantes me olhando ele pega o rádio gargalhando.

**:-Encontrei uma coisa interessante aqui.-diz no rádio sem tirar os olhos de nós.-Encontrei a mulher do Lukinhas.

**- Que maravilha.-uma voz sai do rádio.-Leva elas pra fora do morro,parece que hoje é nosso dia de sorte.

    Nesse momento por instinto tento me afastar com Cami andando para trás,mas ele aponta a arma para nós.

**:- Vocês vão ficar quietinhas ou vão morrer aqui mesmo.

Cami:-Pelo amor de deus minha filha esta aqui não machuca ela.-diz já derramando algumas lágrimas.

Manu:-Por favor nos deixa ir.

**:-Eu não entendo vocês mulheres.-ele debocha.-Querem namorar bandido e acham ruim quando a casa cai,e você morena tava falando com quem no telefone?-ele estende a mão esperando que eu entregue o celular porém não o faço.-Me da a porra o telefone.-ele aponta a arma novamente e entrego por medo.

     Ele olha para a tela e da uma risadinha,nesse momento os tiros que haviam diminuído um pouco aumentam novamente.

Cami:-Manu o que vão fazer com a gente?-ela pergunta baixo no meu ouvido.

Manu:-Não faço ideia.

**:-Oi Lukinhas tudo bom?-ele ironiza.-Vim te visitar mas infelizmente você não estava,mas tudo bem pois encontrei sua mulher,muito linda por sinal.-ele me olha e sinto um frio na barriga.-Cala boca!eu tô com as duas aqui comigo então acho melhor você parar de xingar e me ouvir,eu vou sair daqui vou levar elas pra qualquer buraco e enquanto você e o Enzo não se entregarem elas vão ter o que é de vocês.-ele olha para trás e outro policial entra no beco segurando firme um fuzil,ele acena com cabeça e depois encara Cami.-E só uma última coisa meu nome é Rodrigo,acho que deve se lembrar.-diz irônico e desliga a ligação em seguida guarda o telefone no bolso-Anda Hélio vamos descer com as duas.

Manu:-Isso não tá certo,eu nunca fiz nada.-digo por impulso e ganho um tapa do segundo policial.

Rodrigo:-Certo?que ironia mulher de bandido falando sobre o que é certo.-ele ri.-Vamo lá cara,vou te dar cobertura e você desce com elas.

Hélio:-Bora.-ele pega o rádio e começa a falar.-Vamos descer com elas.

    Rodrigo sai do beco e quando chega na rua faz um sinal para Hélio que pega Cami pelo braço.

Manu:-Por favor não leva ela.-tento fazer ele larga-lá.-Me leva no lugar...-sou interrompida quando ouço meu nome ser chamado.

Piu:-MANU!-quando me viro para trás o vejo apontando uma arma para Hélio...

Uma vida com o dono do morro (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora