Viagem Longa.

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Hey! Ainda existe algum leitor dessa história? Acho difícil. Porém aqui está a continuação, quem sabe eu volte mais rápido do que alguns meses na próxima e perdão.

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Acabou o final de semana, acabou o tempo de descanso, e a minha vontade de viver também. Motivo? Noah Urrea.

Agora, aqui entre nós: As pessoas estão cansadas de quê?

Se você usou o seu final de semana para encher a cara, para sair com os amigos, ou se matou de limpar a casa... você está cansado somente por conta própria.

Mas Sabina, você aceitou se inscrever em um concurso com o seu maior pesadelo e até mesmo saiu com ele com o motivo de que a sua psicológica mandou!

Pois é, todos nós seres humanos adoramos nos foder e depois reclamar como se não tivéssemos culpa.

Ok, mas eu posso sobreviver. Não serei hipócrita, lutarei contra minha vontade de enganar aquele garoto e talvez morrer no processo com seu perfume sufocante.

Por algum motivo, nosso "encontro" mandado com temática de Harry Potter, Senhor dos anéis e elogios constrangedores da parte dele no carro não saía da minha cabeça, que repugnância!

Quando minha mãe adentrou o meu quarto com a carta da diretora, eu já estava de pé e fechando minha mala. Não era do tipo que levava aquele monte de coisa, só o necessário.

— Querida, aqui tem tudo sobre a sua viagem com o gato do Noah! – Ela gesticulou animada, e eu rolei os olhos pegando o papel de suas mãos.

Li por cima e joguei em cima da mala, encarando a mulher que estava empolgada como se fosse a própria a ir. Não preciso recapitular todo o amor que minha mãe tem nutrido a ele, certo? Ou ao dinheiro dele.

— Ela conversou comigo já. Não sinta saudades, vou chutar a bunda dele e ganhar aquilo o mais rápido possível. – Sorri cínica, lhe oferecendo um abraço.

— Mas vocês vão competir juntos, não me engana. Só se apresentaram individualmente a rigor dos jurados os conhecerem!

— Não precisa me relembrar todos os detalhes péssimos. – A soltei, pegando minha mala. — O concurso é imprevisível e, se eles acharem que alguém da dupla for inferior, podem descartar sim.

— Então seja uma boa dançarina, e ganhe daqueles dois fingidos que vivem passando na televisão! – Ela fez uma careta, saindo do cômodo e a segui.

— Heyoon e Joshua? Qual é, os únicos fingidos seremos eu e o seu cliente. A diretora teve essa idéia em vão, posso ganhar sozinha. – Afirmo, vendo que já eram 13:00 — A van deve estar lá fora.

— Seja você querida, e brilhe. – Mamãe passou a mão pelos meus cabelos.

— A senhora e seus sorvetes ficaram bem? E o... restaurante?

— Claro que sim, e de todo jeito você nunca aparecia lá..– Ela me deu um tapinha no ombro. — Boa sorte.

Sorri e a abracei de novo, não sabia se duraria de verdade na competição. Seria muito mais avaliada, friamente e o casal que tanto prometia ser o ápice de tudo recentemente eram os melhores do país.

Quando cheguei perto da portaria do acampamento achei que teria alguém do lado de fora, mas me enganei. Receosa fiz força para abrir a porta, um cara sério no banco de motorista me encarou.

Coloquei minha mala para dentro e subi o "degrau". Lá atrás estava ele, meu mais novo amigo, par, dançarino acompanhante? Não sei!

O motor do veículo ligou, e ao receber um olhar de desprezo do motorista percebi que havia ficado tempo demais pensando se iria sentar do lado do garoto ou não. Fechei a porta e ajeitei minhas coisas em um banco da frente mesmo, e ao ficar por ali tentei fechar os olhos para relaxar.

Mas a verdade era que eu estava nervosa de estar ali, e nem ao menos poderia colocar meus fones e cantarolar a trilha sonora de Gossip Girl... Noah Urrea sempre sendo uma pedra no sapato.

Okay, vamos revisar os fatos Sabina. Viagem de um dia e meio.

Dormir entre dois assentos minúsculos.

Parar uma ou duas vezes para usar banheiro e comer alguma coisa decente... Digo isso pois só fiz o favor de trazer chocolates e água.

Ignorar a existência dele enquanto ele ignora a minha.

Não morrer em um acidente de carro devido a cara de alcoólatra do motorista ranzinza.

Chegar ao meu sonho!

Me virei para pegar minha garrafa de água, quando vi que Noah estava ao meu lado nos outros assentos, me analisando como se fosse um dos doces da Julie que por acaso, ele odiava.

— Você está inquieta — falou, fazendo-me parar de evitá-lo.

— E desde quando você me conhece o suficiente para saber se eu estou inquieta ou não?

— Não preciso te conhecer para sentir essa inquietação que transborda de você, Hidalgo. Acho que estar dentro de um ambiente tão pequeno comigo te excita de alguma forma.

Ah, como ele ousa usar um desses flertes manjados comigo? Nojento, só queria o lançar fora da van... E vamos combinar que o cara nem ligaria.

— O fato de você achar que tem qualquer tipo de efeito sobre mim, isso me incomoda. Pare de pensar que o mundo gira ao seu redor.

— Querida? – Ele desviou o olhar rindo sarcástico, a postura relaxada e uma perna esticada no banco só me davam mais náusea de vê-lo. — Todo mundo sabe que você parece viver sua vida baseada em mim.

— Vai se fod...

— Se os dois não calarem a boca eu os largo aqui! – O Homem mais velho gritou, lá da frente. — Fui pago para transportar vocês até o concurso, não para aturar briga de casal.

— Por que todos acham que somos um casal? – Reclamamos juntos, o que me fez mais raiva ainda.

Peguei meus fones com certa agressividade, e coloquei qualquer música para tocar no volume mais alto. Prefiro a surdez, a ouvir o egocentrismo em pessoa com perfume barato.

Viagem longa, Deus me ajude.

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