Couple of legends

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Como eu posso definir Noah Urrea?

O inteligente, o “sabe tudo”, o pegador, o riquinho, filho da coordenadora, e o idiota que quer competir comigo para ser representante da escola no campeonato de dança do país.

Eu já me contentava com o clube de dança da Universidade de L.A, já que tínhamos professores e treinadores incríveis de todas as partes do mundo, e consequentemente muitos alunos de outros lugares também.

Eu mesma, Sabina Hidalgo, sou do México e
estou aqui graças ao meu exime talento para dançar, perdoem o ego grande, porém se estou aqui é por que estou entre os melhores.

Há um ano atrás ganhei a competição que daria a bolsa de estudos para mim aperfeiçoar minhas habilidades aqui em Los Angeles. Mais voltando ao Noah…

O grande problema é que, tanto eu, quanto ele, tínhamos que estar entre os melhores alunos do país para conseguirmos entrar no concurso, já que o índice de aprovações escolares é o primeiro passo para participar.

Bom, apesar de sermos conhecidos pela escola como os rivais da dança (e nerds), Urrea nem sempre foi bom dançarino, que sim, eu assumo que ele manda bem.
Lembro que quando cheguei por aqui ele mal sabia mandar um freestyle decente, era realmente desprezível de se ver.

Porém parece que infelizmente - ou felizmente - para ele, comigo na jogada ele se aperfeiçoou e do nada estava como um dançarino profissional. Minha mãe sempre dizia para mim que eu despertava o espírito de competir nas pessoas, mais nunca entendi tanto isso como entendo hoje em dia.

Eu até consideraria que eu e Noah poderíamos deixar nossa rivalidade de lado, mas, como o menino era muito chato, e ousava achar que eu gostava dele, enquanto eu tinha certeza de que quem gostava de mim era ele, continuaríamos como bons inimigos.

Noah era aquele tipo de pessoa que deveria passar horas na frente do espelho apenas para ajeitar seus cabelos. O imbecil também vivia com calças folgadas e blusas coloridas formando assim o seu confuso estilo. Noah também era aquele menino que vivia com um sorriso debochado no rosto, pronto para rebater qualquer coisa - principalmente se tal coisa sair da minha boca.

Mas vamos falar de alguém que preste: Eu mesma.

Maria Sabina Hidalgo Pano, com meus 22 anos de idade, moro em um pequeno porém lindo apartamento com minha mãe, que veio comigo para cá, ela é dona de uma das lanchonetes mais famosas por aqui, a Crafts.

Apesar de eu ter cortesia por lá e poder comer grátis, não sou muito de aparecer no lugar, por que como grande embuste que senhor Noah é em minha vida, ele costuma estar sempre lá com seus amigos, o que já faz ser o último lugar que eu queira estar, sem contar que ver minha mãe de papinho com ele e toda a falsidade que ele transmite me enoja.

- Diretora Morello, como você pode ver minhas notas em exatas são melhores que as da Sabina, eu preciso representar nossa escola. Tenho as notas, o carisma e o talento! - Disse o besta quadrado do Noah, entregando o seu boletim nas mãos da diretora.

- Por favor… - Revirei os olhos. - Você ficou com só com um ponto de diferença! - Dessa vez eu entreguei o meu boletim. - Senhorita Morello, não vê que minha nota em Estudos sociais, e até mesmo em Artes são três pontos acima das notas do meu concorrente?

- E desde quando isso tem haver com dança? - Ele reclamou com a típica carinha de cínico.

- Todas as matérias devem ter notas excepcionais para que qualquer um dos dois possam participar do concurso Senhor Urrea. - Ele ascentiu.

- E artes tem mais haver com dança que matemática. - Completei e ele deu de ombros.

- Que adianta se não souber resolver uma equação de segundo grau simples. - Arqueoou as sobrancelhas.

- Eu errei só o sinal, não a resolução! - Exclamei. 

- Já chega! - A Diretora gritou, fazendo eu e Noah nos recuarmos. - Já disse que vocês poderiam ir ao concurso como uma dupla, seria bem mais fácil e vantajoso para nós, mais vocês não podem fazer nada juntos!

- Jamais. - Noah disse se encostando na cadeira. - Ela não merece ser nem minha concorrente, quem dirá estar a altura para ser minha dupla. - Bufei.

- Até parece que eu iria gastar meu tempo ensinando o bebê orgulhoso como dançar o meu estilo. - Noah gargalhou.

- E quem disse que eu iria dançar o seu estilo?

- Pelo menos vocês concordam que não sabem trabalhar em equipe. Mais será assim! Irei inscrever ambos como uma dupla no campeonato, aliás, não só como qualquer dupla e sim como um casal!

- O QUÊ? - Falamos em uníssono.

- Isso mesmo, se a longo prazo for necessário vocês iram competir entre si. Tudo depende das normas do campeonato. Talvez possam ganhar juntos, talvez alguém perca.

- E é óbvio que esse alguém é ela. - Apontou para mim.

- Você não está nem um pouco incomodado com termos que ser um "casal"?

- Nem um pouco, você está? - Me olhou com uma falsa preocupação. - Poxa Sabi, então acho melhor desistir já que não pode passar algum tempo comigo. - A Diretora me olhou como se essa fosse a única alternativa.

- Estou de boa, vamos nessa então. - O provoquei. - Mas me diz, por que agirmos como um casal muda alguma coisa Diretora?

- Mídia… - Falou ligando a televisão que passava a notícia de que um casal da Universidade de Botton iria participar juntos e já estavam ganhando o coração de todos pela sua química e coreografia elaborada em par.

- Não somos um casal de verdade, não podemos parecer tão bons como eles, no quesito "química". - Ela parecia estar já de saco cheio de mim, então me recuei em silêncio. - Mas com toda certeza iremos nos tornar o melhor casal de dançarinos que os Estados Unidos já viu. - Sorri para animar ela é ganhar alguns pontos.

- E chutar a bunda desses dois aí. - Noah olhou a TV e logo em seguida para mim sorrindo também.

- Ótimo. Inscreva nós dois então Senhorita Morello. - Me levantei. - Preciso ir, tenho um horário com a Julie agora.

- Como? Eu também vou lá agora. - Meu Deus! Será que ele nunca vai largar do meu pé?

- A decisão já estava tomada, então marquei para que vocês dois fossem falar com a psicológa da universidade, afinal se vão ser um casal precisam saber como! - Sorriu satisfeita e eu e Noah nos olhamos como se fossemos morrer. - Vamos vocês dois, ou irão se atrasar.

(…)

Já na sala de Julie, como sempre, estava lá ela com seu arsenal de doces, que segundo ela eram uma ótima terapia para adolescentes problemáticos. Peguei alguns e me sentei, do lado do senhor azedo que já estava lá, sem pegar nem se quer uma jujuba.

- Imagino que vocês saibam o por que de estarem em uma sessão juntos.

- É óbvio. - Noah colocou aquele sorriso ridículo no rosto.

- Para interpretarem um casal devem ser unidos, se entender, se proteger e se conhecerem. - Nós olhávamos pra ela como se aquilo fosse ridículo. - Não é tão complicado, na verdade vocês dois são muito parecidos.

Não pude conter a risada e Noah só olhou me julgando.

- Como eu posso ser parecido com essa criança de dois anos? - Questionou.

- Os dois nunca estiveram em um relacionamento sério, são focados nos estudos e principalmente tem uma paixão pela dança que eu nunca vi tão grande em outro aluno daqui. - Parei para prestar atenção no garoto, mais quando vejo, durante a fala dela ele estava com os olhos fixados em mim e, um sorriso de canto até que bonitinho.

- Acho que só são coincidências simples… - Falei meio constrangida com o olhar dele sobre mim. 

- Já está decidido pela Diretora, e eu confirmo, não quero só que atuem como namorados, quero que SEJAM namorados! Vocês precisam levar isso a sério como se fosse de verdade, e ganharão aquele campeonato juntos e ainda, se meus cálculos estiverem certos, que vocês sabem que sempre estão, saíram de lá ainda como um casal de verdade, um casal de lendas.

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