Capítulo I

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Mordo meu lábio com força enquanto o chicote estrala pela quadragésima sétima vez, o silêncio do quarto se misturava com o som das gotas de sangue cair na poça que se formava em baixo de mim, sem nenhum gemido de dor, continuo encolhida sentindo o chicote rasgar minhas costas, minha pele se disfazia e caia no chão, a poça de sangue aumentava a cada minuto e se misturava com minhas lágrimas, eu a encarava, encarava sem dizer nada, encarava soltando pequenos suspiros de dor.

Até que finalmente o mestre para com o chicote e eu ouço o som das pequenas lâminas do chicote encostar no chão e serem arrastadas no chão de madeira, Minhas pernas tremem ao sentir o sangrei esfriar e minhas costas começar a latejar, minha respiração alterada e meu peito subindo e descendo_ "acabou? Finalmente acabou?" Penso_ mais minha realidade bate na minha cara novamente.

— agradeça_ ouço a voz grave de meu dono e acabo apertando meus olhos com força sentindo meus órgãos tremerem_ "o que ele quer que eu fale?" Penso, porem meu raciocínio foi devagar de mais, ouço o barulho das lâminas do chicote arrastarem no chão, que se misturavam com o barulho dos sapatos de coro do meu mestre que pisava na poça de sangue, até que o mesmo se aproxima e puxa meus cabelos sem piedade alguma, fazendo alguns se soltarem do coro cabeludo.— eu disse para você AGRADECER, VOCE E SURDA?

— eu en-entendi senhor!_ Continuo com os olhos fechados para não encarar o rosto do mesmo.

— então agradeça que apanhou e o por que apanhou!_ ele solta meu cabelo empurra minha cabeça contra o chão, pisando nela logo em seguida, sinto meu rosto molhado pelo sangue e uma vontade imensa de vomitar ao ver puz descendo pelas minhas costas.

— Obrigada senhor, muito obrigada por me bater, serei eternamente grata por apanhar por que dormir mais de 2 horas, Obrigada, Obrigada, muito obrigada_ fecho meus olhos com força novamente e logo a pressão contra minha cabeça se desfaz e meu corpo mole é deixado no sangue.

— de agora em diante dormirá só 1 hora por dia e se atrever a passar de 1 hora eu te mato, vadia_ ele me chuta e se afasta olhando para um espelho que havia dentro do quarto de punições, onde ele me forçava olhar todos os dias e refletir o quanto sou feia e desagradável— merda ... Olhe o que você fez com meu sapato _ o mesmo se referia as manchas do meu sangue— vá até o poço e traga água para lavar meus pertences.

— sim senhor_ a dor aguda na minhas costas, era horrível, meu corpo inteiro doía e pedia por descanso, mas não era o momento para descanso, engatinho até o mesmo e beijo seu sapato, sentindo o meu sangue na minha boca.

— pode se levantar, já sabe, nada de vestir suas roupas, quero que os outros vejam a minha obra de arte nas suas costas_ o mesmo se refere a os cortes profundos e peles caindo, causados pelo chicote, concordo levemente com a cabeça, me levanto e ando para a porta do quarto onde o meu mestre me encarava de forma sádica, saio do quarto e sinto minhas pernas fraquejar e quase me fazer ir ao chão, mas me apoio na parede, meus olhos fecharam quase que imediatamente.

Não! Eu não podia descansar, não posso morrer agora, sobrevivi todo esse tempo para morrer agora?. O poço era longe da casa do meu senhor, digamos uns 7 horas de viagem andando, mas seria melhor do que ficar no casarão.

Durante o caminho alguns aldeão me ofereciam comida, porem eu recusava todas, por que?, Medo, medo de meu mestre, ainda mais medo de o que ele pode fazer comigo, uma escrava lixo e desprezível como eu... Durante o caminho algumas crianças nobres passavam a mão nas minhas costas e puxavam algumas peles, suas amas acabavam os repreendendo, não por minha causa, mas por que tocaram em algo impuro.

Escravos de terras caídas, eram imundo no reinos do norte, tão imundo que eram vendidos por uma merreca tipo uma moeda de cobre ou no meu caso um saco de sementes vencida, fui vendida por minha família, por um saco de semente quase mofando; Suspiro sentido minhas costas doerem de forma insuportável e sinto novamente um terremoto em minhas pernas.

Mas logo a felicidade aparece, Avisto o poço de longe e solto um arflo de felicidade, meu corpo estava completamente dolorido, minhas costas ardiam, eu queria chegar o mais rápido possível, porém sinto algo se chocar com meu corpo, me fazendo cair no chão. Levanto um pouco minha cabeça vendo um cachorro gigante, e com dentes enormes vindo em minha direção, o mesmo morde meu braço e me arrasta para algum canto.

Minhas costas estavam sendo arrastadas no chão, a areia eram como cacos de vidros, olho para baixo eu via o rastro de sangue se formar, eu queria chorar mais nao tinha permissão para tal ato, minhas costas doíam muito, mas o que doía ainda mais era ver o poço se afastar tao rapidamente, eu nao tentaria lutar, por que eu sabia que lutar era inútil naquela situação, sinto o grande cachorro morder meu pescoço me  fazendo soltar um grunhido dor muito alto e finalmente minha mente escurece_ "então essa é a sensação da morte? Ela é tão boa, sinto que meu corpo está mais leve" penso_ logo sou tirada dos meus pensamentos ouvido uma voz desconhecida por mim.

— Jay!! Vem aqui!_ as pressas do animal soltam meu pescoço e minha mente volta a si, o ar entram nos meus pulmão novamente e ao abrir seus olhos pude ver o grande animal, que como mágica, se transforma em um cachorrinho porte pequeno, que anda até seu dono calmamente.

Um homem alto, com roupas bonitas e detalhes em ouro me encarava e em passos lentos se aproximava, com medo tiro força do meu interior e me ajoelho, sento sobre meus calcanhares e me curvo pondo minha cabeça no chão

— como é seu nome?_ o mesmo para a 1 metro de distancia de mim.

— Lívia, senhor.... _ falo em tom baixo e calmo, mesmo que meu interior estivesse em desespero.

— por que suas costas estão tão cortadas, Lívia?_ o mesmo anda até mim e passa a mão nos meus cortes suavemente, me fazendo pensar que ele talvez nao quisesse me machucar.

— fui punida pelo meu dono, senhor_ permaneço na mesma posição.

— o que você fez de tão ruim que foi punida dessa forma, escrava_ o mesmo se afasta obviamente com nojo da minha pessoa.

— dormi três horas em vez de duas, senhor_ ouço um suspiro alto, claramente ele faria pior com os escravos dele.... Ele vai me bater?, Sinto meu corpo se estremecer.

— o que está fazendo andando nua apenas com apenas esse cinto de castidade cobrindo sua intimidade ?_ me olha curioso.

— meu mestre ordenou que mostrasse minhas costas a todos para todos, para que todos saberem quem manda em mim_ o silêncio se faz presente.

— levante e me siga em silêncio_ o mesmo se abaixa e pega seu cachorrinho e me olha esperando alguma ação minha, me engatinho até o mesmo e beijo seus sapatos— o que está fazendo!!?_ tremo e limpo o sapato do mesmo desesperada com meus cabelos.

— desculpa senhor!_ o mesmo ergue meu rosto com o indicador apoiado no meu queixo, fecho meus olhos e espero o tapa acertar meu rosto.

— se levante e me siga em silêncio_ ele me solta e sai andando, me levanto rápido e eu o sigo.

O que ele queria comigo eu não sei, só sei que estava com medo e meu medo estava me afundando e me afogando em um líquido preta e eu não sabia se voltaria a mim novamente...

A escravaOnde histórias criam vida. Descubra agora