Olá, eu sou a Dec! Estou muito feliz em começar, de fato, esse projeto que tem sido idealizado desde metade do ano passado, espero que gostem e se apaixonem pelos personagens tanto quanto eu. Uma breve explicação para que ninguém fique confuso é que cada personagem terá seu próprio capítulo narrado pelo Bright, tenham sempre isso em mente, boa leitura!
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Ao redor de mim, enquanto pedalava pesadamente, o borrado bairro residencial que deixo para trás a cada novo movimento das pernas, aparentava aumentar sua densidade. Sugava meu ar, minhas energias, minha vitalidade. Entregava-me completo em uma bandeja, a fim de ser absorto naquele condensar, de sumir, e por vez, parar de sentir... virar uma casca. Tonalizando o mundo de cinza, já que as cores me lembravam de um passado e pseudo eu que jamais voltará. Uma triste e declarada decadência havia sido registrada ali, o acumulo de anos desenvolvendo a criatura machucada que sou.
E então, misturando-me à paisagem imperfeita, idealizo enquanto realizo tornar-me igualmente sem foco. Uma mancha, pacato e secretamente caótico, o ideal morador daquela área de classe média e pouco pretensiosa. Minha alma gritava por ajuda durante o percurso, talvez em um clamor irracional, mas ambos, consciência e espirito, já estavam fundos demais nos devaneios perpétuos de ser alguém sem luz própria, para subir a superfície e mudar o externo. É cômodo e confortável permanecer na dor.
Bright Vachirawit, 18 anos. Terceiro ano do Ensino Médio, aspirante a artista em profunda confusão.
Parado frente ao espelho do banheiro, enxergo no reflexo a noite mal dormida. Anseio em busca de respostas as perguntas não assimiladas, vazias. São quase oito horas, o ônibus logo irá passar e meu cabelo desgrenhado entrega o despreparo para a rotina. Os dias se tornam uma jornada inacabável e desconexa. Sou o encontro do real e o imaginável, do outro lado tudo é mais interessante e pitoresco, no que me encontro mesmo com a película alaranjada do seu envolto na bolha, tudo perde a saturação.
Respiro fundo; esfrego o rosto com as mãos úmidas; apanho os óculos escuros que minha mãe esquecera na pia e os ponho. Enfrentaremos aos poucos, bravamente o dia.– Bright, não evite as refeições. É importante que coma algo antes de ir! – Minha mãe alerta por detrás da bancada, enquanto passo pelo corredor apanhando a mochila. Gostaria que nossa relação não houvesse mudado após nos tornamos três, dos quatro que éramos inicialmente. O tempo e o luto nos mudaram, esse era o único momento que podíamos interagir sem o clima se tornar ameno, o mínimo do calor familiar. Eu a entendia até certo ponto, era retórico de qualquer forma. Sua mente estava nos telefonemas de cobrança que recebia.
– Eu já comi. – Virei o corpo minimamente, sinalizando para o meu irmão que deveríamos ir.
– O quê? Apenas o Shin apareceu na cozinha desde que os despertadores tocaram. Não minta, te faz parecer tolo.
– Não podemos fugir do que somos, afinal. – Balancei a mão no ar teatralmente, a fala apenas a fez revirar os olhos.
– Qual é a dos óculos? – Shin pergunta, chutando a grama e encarando-me com tédio. Meu irmão mais novo. Seu nome deveria ter sido Shine para seguir a "tradição", mas meu pai, que descanse em paz, foi sábio e decidiu quebrar as expectativas de minha mãe. Adorável e retraído, eu o amo mais que tudo.
– Que óculos? – Ri anasalado, sobrepondo os pés e equilibrando-me no meio-fio.
No ônibus lotado, me sinto privilegiado pela primeira vez no dia ao conseguir um lugar na parte de trás. Apoiei a cabeça no aço e concentrei-me no tremor da lateral, em atrito com a rua. Embora pesasse, não conseguia parar os pensamentos. Letras aleatórias de músicas, trechos de séries, ideias de fotografias, repetições de falas de peças...
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ENLEVO ✨ BrightWin
FanfictionBright Vachirawit é um jovem de 18 anos que acaba de passar por uma situação traumática. Em sua tentativa de reestruturação e redefinição de conceitos, se encontra perdido em si. Afundado em uma nova perspectiva, é posto de cabeça para baixo ao se a...