Acabei me atrasando para a tarde de estudos na biblioteca, dormi além da conta, passar a noite lendo foi produtivo, mas perdi a oportunidade de estudar literatura com o pessoal ,revisamos algumas coisas sobre história,na verdade eu expliquei sobre O Iluminismo para a Sarah que estava com medo de tirar um 5 e ter que repetir o primeiro módulo, como essa matéria é uma das minhas prediletas acabei ficando feliz de compartilhar o que sei. Achei engraçado o fato de o Bernardo ficar olhando para o meu rosto sem desviar a atenção nem por um minuto, na verdade foi meio constrangedor, além de ter que me concentrar no que explicar estava me segurando para não ruborizar.
— Pessoal o que vocês acham de irem, lá na minha casa para ver uns filmes ou sei lá jogar alguma coisa. – Bernardo parecia ansioso, ele ficava esfregando a nuca enquanto falava.
— Ótima ideia, eu tenho vários DVDs legais.
— Se o problema for DVDs eu resolvo – Disse Felipe rindo, senti uma ponta de desdém sobre eu ter falado que meus DVDs eram legais.
— Ah não vou poder, pretendo ficar estudando o resto do dia, tenho que tirar uma boa nota – Sarah estava preocupadíssima com a nota de história, ela olhava para baixo enquanto falava disso, devia estar com vergonha ou alguma coisa assim.
— Eu e o Felipe podemos. Podemos né Mô? - A Ângela às vezes era um porre quando abria a boca, ela fica arrastando as palavras e afina a voz quando fala ‘’Amor, Mô,Mozão’’, isso é irritante, pior ainda quando é forçado.
— Claro. – Felipe puxou a namorada pelo quadril e juntando a sua cintura na dela.
— Ótimo, Luna diz que você vai poder, se não eu vou ficar de vela – Bernardo fez uma carinha tão engraçada e fofa pareceu até um cachorrinho pedindo carinho.
— Posso sim, mas alguém pode me dar carona na hora de voltar?
— Claro que eu posso. – Bernardo disse quase de imediato.
Voltei para casa andando, tomei um banho e arrumei-me para mais tarde, vesti uma camisa vermelha de manga longa,com um decote em V , um jeans e um chinelo verde-água ,amarrei o cabelo úmido num coque alto, fiz um chá gelado e fiquei sentada na sala olhando para a TV desligada, depois de um tempinho vi o livro que o Davi havia me emprestado em cima da mesinha de centro e decidi dar uma olhada.
‘’Elogiamos ou criticamos de acordo com a maior oportunidade que o elogio ou a crítica oferecem para fazer brilhar a nossa capacidade de julgamento.’’
Essa citação ficou martelando minha cabeça por um tempo, lá no fundo eu entendi o sentido, mas fiquei tentando estrutura-la em uma situação do cotidiano.
Grifei a citação e guardei o livro.
—Prim Prim (Toque do celular)
— Alô?
— Oi Luna, é o Bernardo. – Não sabia que ele tinha meu número.
— Oi, aconteceu alguma coisa?
— Não, é que eu queria saber se você pode levar um DVD.
— Claro, quer que eu leve mais de um?
— Não precisa, traz um que você queira ver. – Achei isso tão gentil da parte dele.
— Ah pode deixar. Já estou indo,Beijos.
— Até mais. Beijos também. –Ele deu uma risadinha, imaginei-o com um sorrisinho de seus lábios finos que pareciam pintados a cima do queixo.
Antes de sair fiquei olhando meus DVDs e pensando qual deles seria uma boa escolha pra noite com os amigos, então decidi levar ‘’Laranja Mecânica’’ é um dos clássicos do Kubrick qualquer um em sã consciência sabe que esse filme é espetacular e a quantidade de prêmios que ele ganhou também prova isso. Espero que todos gostem , quando mostro uma coisa que gosto as pessoas, fico um pouco ressentida, sempre acho que vão detestar e me julgar por gostar disso ou daquilo; Tenho motivos para sentir-me assim, acho que todo mundo já passou por isso, é meio humilhante e vergonhoso ver todo mundo desdenhando da sua opinião.Enfim já passam das 6h, tenho que ir.
