-Capítulo Sessenta e Quatro-

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Vin narrando

Após seis dias inteiros deitado em minha cama como uma estátua, finalmente levanto ainda sentindo o peso de tudo sobre meus ombros, ainda sentindo como se eu estivesse em câmera lenta em relação ao mundo ao me redor, ainda com a imagem do rosto cansado e suas palavras em minha cabeça. Quando cheguei em casa aquele dia dispensei todos os funcionários e fui diretamente para o quarto, desde então eu não troquei de roupa, não tomei banho, não quis ir ao banheiro, não quis comer e nem mesmo quis atender as milhares de ligações da Verônica.

Tudo o que eu queria era esperar o domingo chegar e me despedir dos meus pais, e esse dia chegou. Começo a retirar minhas roupas deixando as peças em um cesto que ficava ao lado da porta do banheiro, meu corpo doía como se tivesse levado uma surra, antes de tomar banho me encaro no espelho dando atenção genuína ao meu eu, agora posso sentir meu corpo muito fraco, ouço meu estomago roncar, minha garganta seca e todo o resto que eu ignorei por dias.

Depois de saciar algumas das minhas necessidades ligo o chuveiro deixando a água gelada e adentro o box soltando um longo suspiro, a água fazia meu corpo arrepiar e despertar aos poucos. Eu queria que tudo isso fosse um sonho ruim, que logo eu ouviria a voz da minha mãe me chamando para tomar café e comer suas panquecas queimadas, eu comeria todas, queria acordar desse pesadelo assustado em uma tarde fria ao lado de Verônica que estaria dormindo tranquila.

Verônica... Imagino o quão preocupada ela está. Sinto muito meu amor, eu nunca fui do tipo que procura abrigo nas pessoas, não gosto de chorar na frente de ninguém, não gosto... não gosto de me sentir exposto. Eu prefiro ficar só com meus pensamentos, com a minha dor.

Deligo o chuveiro e saio do box enrolando a toalha na cintura, paro novamente em frente ao espelho e pela primeira vez em muito tempo penteio o meu cabelo todo para trás, evito olhar para os meus tristes olhos e saio do banheiro indo direto para o closet, onde visto meu terno de velório, ele era inteiramente preto e feito sob medida, o brasão da família estava bordado no peito direito com fios de ouro que reluziam na luz.

Saio do quarto ignorando os panos brancos que cobriam as pinturas e bens dos meu pais, esse foi o único pedido que fiz para os funcionários fazerem antes de irem. Passo em frente a sala de pintura da minha mãe e sinto uma tristeza invadir meu peito, as memórias dela suja de tinta pintando paisagens me vem à mente como um soco no estomago.

(...)

No funeral só havia três pessoas, o padre, tio Jaden e eu, decidimos realizar algo muito restrito a família, não somos muito bons em compartilhar a dor. Isso está em nossa família muito antes do meu pai e até mesmo antes do meu avô, agora a responsabilidade, o legado Winchester está sobre meus ombros, serei como meu pai, meu avô e todos os líderes que vieram antes de nós, por isso não convidei Verônica, pois sabia que um único toque dela me faria afogar em lágrimas e eu não posso fazer isso na frente do meu tio.

Quando os caixões começaram a serem guardados jazigo sinto um aperto no ombro e encaro meu tio Jaden, em seu rosto cansado como o meu havia um mine sorriso, uma tentativa falha de me confortar. Nunca fui próximo dele, desde a decisão do meu avô por passar a liderança da empresa para o meu e seus descendentes, tio Jaden foi para a Itália e fundou seu próprio negócio de vinhos, ele lucra bastante pelo seu estilo de vida. Ele está sempre em festas de famosos, desfiles, viagens para vários lugares e as mulheres mais finas ao seu lado, meu pai sempre dizia que isso era uma vida vazia e infeliz, mas meu tio sempre pareceu muito contente com sua vida. É o sonho da maioria das pessoas no mundo.

(...)

─ Nesse momento irei recitar o testamento do falecido Thomas Winchester. ─ Diz o advogado do meu pai tirando um papel de sua maleta.

Me Ame! - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora