Quando Jinsoul olhou as ruínas que o antigo centro católico tornou-se, sentiu como se sua alma tivesse por um mísero segundo deixado seu corpo. Um arrepio forte e quase violento ultrapassou seu corpo magro e esguio, lhe fazendo retesar ali mesmo na entrada. Por outro lado, Hyunjin já se encontrava quase na porta da grande e velha construção, dando seu maior e mais brilhante sorriso.
Por baixo de toda aquela maquiagem bem feita e aura brilhante, Jinsoul sabia que estava escondida uma criancinha apavorada. Hyunjin poderia não dizer nada em voz alta, mas aceitar aquele desafio foi quase como se tivesse cometendo um crime contra si própria. A Kim odiava todas as lendas e contos que rondava aquele lugar e nunca cogitou a possibilidade de entrar ali, mas bem, uma aposta leva as pessoas a cometerem loucuras.
— Anda Soulie, eu quero voltar cedo para casa.
A ingenuidade era adorável. Ou ao menos foi isso o que Irene pensou ao ouvir a voz doce e alta de sua vítima. Não via a hora de tê-las ali dentro, presas pelas armadilhas que preparou com tanto afinco durante o dia.
— Tem certeza de que quer levar essa história a sério? Heejin é uma idiota que não entende os limites das brincadeiras dela.
A Jung ditou ainda parada no portão da frente, esse que estava todo enferrujado e caindo aos pedaços.
— Apenas venha!
Isso, venha logo querida. Wendy pensou ao olhar sorrateiramente pela janela do andar de cima, observando a loira caminhar temerosamente em direção a amiga. Essa será uma experiência interessante.
Um riso baixo soou pelo Instituto, quase que espectral. Irene estava quase subindo pelas paredes pela rapidez daquele ano. Muitas das vezes precisava esperar horas para alguém aparecer, talvez fosse seu dia de sorte.
Quando as jovens entraram no local foi quase igual a todas as outras pessoas que já passaram por ali. Primeiro ocorreu o choque pelo cheiro e a poeira; depois veio os arrepios amedrontados; em seguida a briguinha quase pessoal entre sair logo e continuar a exploração e por fim, mas não menos importante, os gritos de pavor ao ver as bruxas.
Joohyun era a primeira a aparecer, sorrindo gentilmente e sendo uma ótima anfitriã como fora ensinada a ser, em seguida Seungwan dava as coordenadas de como tudo funcionaria e dava início ao jogo.
Sempre havia aqueles minutos de paralisação e indecisão, onde os mortais entravam em desespero sobre continuar com aquela coisa maluca ou ignorar a situação aparente e dar meia volta. Jinsoul foi a primeira a reagir, puxando Hyunjin contra si em direção às grandes portas de madeiras apodrecidas, fazendo Irene sorrir debochadamente.
O jogo já havia se iniciado e se as duas não tentassem escapar não teria graça alguma acabar com elas, mesmo que agora se tornasse necessário para continuar com todo o sigilo e mistério.
— Vamos, corram!
Ditou duramente. Percebeu que as duas tremiam compulsivamente e novamente deixou o sorriso debochado aparecer. Wendy por sua vez apenas suspirou em descontentamento e tratou de ir em direção às garotas, esperando alguma reação de ambas, mas no fim não recebeu mais nada além delas se encolhendo contra a porta que rangeu medonhamente.
— Vamos fazer o seguinte. — ditou mansamente. — Vamos para a floresta que há nos fundos da construção. Daremos dois minutos para correrem antes que possamos começar a caçar, a única coisa que precisam fazer é correr por suas vidas.
Hyunjin por um breve segundo acenou em concordância e logo foi puxada por Wendy em direção aos fundos do Instituto. Jinsoul por sua vez gritou em desespero enquanto tentava inútilmente sair do torpor que seu corpo tornou-se. Precisava ajudar a amiga ou nunca se perdoaria se algo ocorresse, mas o que aquelas duas mundanas ainda não tinham percebido era que simplesmente não havia mais nada a fazer além de tentar, mesmo que inútilmente, proteger suas vidas. Desde o exato segundo que passaram a estar na propriedade do estado, já não tinham mais escolhas.
Aquela sugestão de Seungwan era apenas uma forma de tortura-las mais. No meio da floresta com apenas a luz da lua para lhes guiar, seguindo o que seus instintos de sobrevivência gritavam, era muito mais propício cometerem deslizes.
Irene olhou a garota que ainda se encontrava parada de modo misterioso. Gostou dela e faria de tudo para caçá-la naquela noite não se importando com mais nada.
— A princesa quer que eu a carregue até o jardim? Ou pode fazer isso sozinha como uma boa menina grande?
A fala carregada de veneno e deboche arrepiou cada pelo existente pelo corpo de Jinsoul. Até mesmo sua espinha gelou. Algo ali foi o gatilho para uma série de questionamentos e paranóias.
Como não teve uma resposta vinda da mundana, Joohyun puxou-a pelo braço direito em direção aos fundos do instituto, onde Wendy e Hyunjin já se encontravam. A Son rindo de algo que fazia com que a garota chorasse baixinho, talvez aquele fosse o motivo do riso.
— Já assustando as presas, Wendy?
— Apenas explicando as regras do jogo.
A Bae revirou os olhos pelo desserviço da outra, de todo modo, precisaria explicar à loira como as coisas funcionam ali.
— Como sua amiga já deve saber a caçada funciona da seguinte maneira. — Uma pausa para apreciar o momento e ver a loira se contorcendo em ansiedade, procurando uma saída nenhum pouco disfarçadamente. — Vocês terão alguns minutos de vantagem, poderão correr em busca de uma saída pela mata e se conseguirem escapar dos terrenos da propriedade antes do sol nascer, ótimo, no entanto, se não conseguirem...
— Eu soube...
A voz alta e amedrontada da morena soou meio segundo após a fala de Irene se findar.
— Se respondermos uma pergunta corretamente estaremos livres.
Wendy encarou a companheira risonha, a quanto tempo não via ninguém tentando acertar sua história e agora teria a presa ainda mais fácil do que imaginou. O pensamento a desagradou um pouco, no entanto.
— E você se acha capaz de responder corretamente? Ninguém, e eu não brinco quando digo isso, soube responder de forma exata nosso questionamento.
— Deixe-nos tentar.
Dessa vez foi Jinsoul que respondeu. Um sorriso esperançoso nascendo em seus lábios bonitos.
— Sabem que se errarem não terá caçada e nem outra coisa além da morte, certo?
Engolindo em seco, ambas as amigas se encararam, precisavam pensar.
Hyunjin estava prestes a desistir e guardar todo o fôlego que tinha para correr quando Jinsoul gritou que aceitava o desafio de responder.
Era uma escolha sem volta. Se errar, existia apenas uma única consequência para isso e era justamente o fim de suas vidas.
— Ótimo então, Wendie, você faz as honras?
Sorrindo perversamente, Son Seungwan caminhou em volta das garotas, pensando com calma como faria a pergunta que ninguém ousava saber responder.
— Como foi que nascemos e consequentemente morremos?
O tom aveludado mascarando completamente o veneno que escorria enquanto proferia aquilo. A ansiedade de devorar aquela jovem lhe consumiu gradativamente. Seungwan sentia o medo correndo livremente pelas veias alheias, o coração batendo tão rudemente sendo capaz de ser ouvido por terceiros, as lágrimas grossas lutando por espaço para poderem escapar e as mãos trêmulas tateando cegamente o chão em busca de algo para lhe ajudar a ganhar tempo.
— Não tente nenhum joguinho, estamos de olho em vocês.
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peek a boo | wenrene & hyunsoul
FanfictionEra nas noites de Halloween que Irene e Wendy adquiriam poder suficiente para saírem do Instituto onde viviam aprisionadas. Era na noite do Gostosuras ou Travessuras que podiam enfim saciar a vontade quase insana de derramar sangue. Pena de quem aca...