2 - Beach Club

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Superando suas expectativas ou talvez se frustrando ainda mais, dessa vez os ossos foram apenas lichados, então após quatro dias ele recebeu alta da enfermeira que já estava habituada a sua presença. Ela sempre lhe dava um olhar repleto de pena, e Niragi a odiava por isso, mas suportava já que nunca avisavam a sua mãe. Essa que graças ao trabalho em tempo integral, sequer notou a faixa que envolvia o braço do filho único, não que ele tivesse a intenção de mostrar, justamente por isso sustentou a dor trincando os dentes, mas retirou a faixa e vestiu seu uniforme, pronto para mais um dia no seu inferno particular. Tendo esse ponto de vista os jogos de seu sonho, se resumiam a diversão.

Nunca iria esquecer o êxtase de ter todos em sua mão, ou na mira de sua arma. Até mesmo o platinado mais arrogante e superestimado que já vira. Niragi sentia o gosto doce quando o dominou e o fez se render com as mãos para o alto, mesmo que o olhar superior continuasse presente naquele rosto pálido, havia valido tanto quanto toda a dominação da praia.

Perdido em boas lembranças e agradecendo seu cérebro não ser tão podre, e ainda ter conseguido imaginar uma realidade tão gratificante, ele vê um dos rostos que estava presente em sua fantasia. Niragi passa direto, com a cabeça baixa duvidando de sua própria visão, ou sanidade.

- Oi! - A mão em seu ombro o cutuca três vezes. - Você é tão familiar... Era da praia?

Com os olhos arregalados, ele escaneia a pessoa que conhecia como chapeleiro, as vestes mais comportadas escondiam o corpo magro, mas os longos fios e o olhar que ele tinha asco continuavam presentes. E como se para confirmar que tudo não passava de uma alucinação, ele ainda citou a praia. Seria possível que aquele papo do seu professor de filosofia sobre sonhos lúcidos que poderiam ser compartilhados entre várias pessoas, tinha algum fundamento?

- Você conhece a praia? - Niragi pergunta cauteloso, se aproximando ainda mais, para assim poder falar mais baixo, já que seu próprio cérebro o dizia que estava tendo uma alucinação.

- Se eu conheço a praia?! Eu era o dono dela! O melhor club de Tokyo se me permite. - O sorriso se alarga ao falar do antigo negócio com orgulho, ele passa o braço pelos ombros de Niragi que entra em alerta no mesmo instante. - Mas você ainda não é um colegial? Entrando com indentidade falsa em...

Ele dá um tapinha na nuca do outro, que o olha entre fendas pronto para afastar a mão ossuda de si. Mas o chapeleiro é mais rápido, e tira seu cartão de contato, dando um suspiro pesaroso quando encontra o nome da loja na parte de cima e não o animado globo de luz que ornava o anterior.

- Antigos clientes da praia, ganham 15% de desconto. - Ele cantarola, seguindo seu caminho e deixando um jovem confuso para trás.

- Então... Você é de menor? - Niragi pula com o susto da voz que mesmo calma veio de trás de si, o pegando de surpresa.

- Eu tenho 20, reprovei algumas vezes. - Ele sente a necessidade de retrucar mesmo antes de virar. E de alguma forma, ele já sabia que encontraria a cor branca nos fios. - Chishiya.

Seu ego o deu tapinhas no ombros, o fazendo estufar o peito e dar um sorriso de lado, quando vê a expressão do outro congelar por alguns instantes.

- Você lembra?

Niragi aumenta o sorriso, deixando uma sombrancelha de desprezo se erguer. Claramente estava em pani no momento, não só encontrou uma pessoa do seu sonho, como ele falou da praia, mesmo não sendo a que ele tinha em sua mente, e agora isso, qual deveria ser sua resposta? Mais importante a pessoa a sua frente é mesmo real? Ou ele está apenas dormindo nesse instante?

Impulsionado por esses pensamentos, e odiando não saber a resposta, ele avança sem aviso, e prende aquele menor que si, apertando suas mãos em torno dos braços magros, como se agarrasse a realidade, tentando não transparecer nada, ele aproveita o desconforto visível de Chishiya e se inclina.

- Como não lembra de alguém tão desagradável? - Ele esperava uma reação ativa, queria ver a raiva nas orbes que lhe encaram de volta sem desviar. Mas deveria saber que o platinado não reage normalmente, completamente oposto do que esperava o outro solta uma risada, coisa que não lembrava de ter o visto fazer no sonho, por isso e apenas por isso fica um tanto desconcertado.

- Porquê dentre tantas pessoas, tinha que ser você a lembrar? - Ele se afasta, alisando o cabelo e respira fundo, fingindo sussurrar, mas se deixando ouvir com clareza. - Como logo o lunático vai poder me ajudar?

De costas para Niragi, que ficava a cada segundo mais irritado por ser ignorado, ele parece realmente pensar, apenas suspirando e olhando do jeito que sempre despertou todos os instintos assassinos do moreno.

- Bem, tchau. - Ele acena com um bico, indo pelo mesmo caminho que o chapeleiro tomou antes, isso antes de revirar os olhos quando foi puxado. - Você é carente né?

- Que porra você tá falando?! O que tá acontecendo afinal? Tudo aquilo foi... É real? - Niragi sente suas veias esquentando quando recebe um olhar que claramente o xingava. - Responde cacete!

- Eu fui estúpido em cogitar por dois segundos que você seria capaz de usar seu cérebro... Se você tiver um. - Chishiya não consegue segurar a risada. - Foi tudo um sonho, eu não sou real, isso é apenas uma alucinação, baby.

Acrescentou apenas para ri da face incrédula, e aproveitou o momento oportuno de um caminhão passando ao lado deles e levantando poeira, para se soltar e correr até a esquina, se divertindo em vê a confusão no rosto atordoado daquele que olhava em volta como o verdadeiro tonto que sempre foi.

- Não mudou nada, mas até parece gente agora. - Resmunga consigo próprio voltando ao seu posto de vigiar os passos do chapeleiro.



... ... ...




Oiiiiii, Xuxus eu tenho um cronograma do que vou falar em cada cap, mas assim... Tô conseguindo resumir muito!!!! Os caps tão ficando pequenos, isso tá incomodando vocês?

Pergunta: Se pudessem escolher na primeira missão de vocês, iriam escolher que naipe?

Tô bem tentada a dizer Espadas, mas Paus também seria legal

Dream { Niragi x Chishiya }Onde histórias criam vida. Descubra agora