Galaxy | Michael Jackson

Capítulo 1

S/N
Centro Médico UCLA • Los Angeles
25 de junho de 2021 | 09:52

 Vou até à cadeira que me sento desde o dia 25 de junho de 2009. Nesse dia o amor da minha vida foi declarado como morto para o mundo, mas, desde então ele esta aqui, em coma e eu cuido dele diariamente. Ninguém toca nele só eu!

 Eu pensei que com o passar do tempo eu me acostumaria a ver assim, em uma cama de hospital, intubado, mas, não. Não dá. Nunca vou me acostumar com isso. É algo que nunca vou conseguir me acostumar. É difícil porque ele é o homem que não sabe ficar quieto

 Michael é a minha pipoquinha que descia as escadas correndo e subia as escadas correndo. Que saia saltitando pela casa sem motivo nenhum! A pessoa que cantarolava bem alto pela casa uma das músicas que eu odiava apenas pra me ver brava

 É inaceitável o ver assim. Por isso luto com todas as minhas forças para que não desliguem seus aparelhos. A mãe dele já assinou os papeis. Ela disse que o filho dela não gostaria de viver assim e mesmo que ele saia disso uma das sequelas que o mataria seria a tetraplegia

 Não consigo imaginar Michael preso a uma cama. Isso realmente o mataria, mas, pior seria se morresse. Se eu fosse casada com ele, esses papeis jamais seriam assinados. Michael amava viver! Ele amava a vida!

 Deus. Por favor. Que hoje seja o dia! Que hoje o meu amor volte para mim! Quero me casar com ele e que ele conheça nosso bebê que hoje é uma pipoca de 12 anos. Ela nasceu em dezembro de 2009. Eu estava prestes a contar a ele

 Ainda vestida de noiva corri pela propriedade. Subi as escadas completamente tomada pela alegria. Fui até o quarto do meu amor, mas, ele não estava mais lá. Segundo os médicos. Michael teve uma overdose. Eles conseguiram reverter e o ressuscitar, pois, seu coração havia parado, porém, ele nunca mais acordou e desde então eu estou aqui. Esperando meu amor acordar para podermos nos casar e viver o restinho de nossas vidas juntos

– Bom dia senhorita S/N! – um senhor de cabelos brancos se aproxima. Ele é o diretor do hospital e um velho amigo de Michael, ele seria nosso padrinho de casamento, mas, essa tragedia aconteceu. Ele olha para mim por um tempo e logo após suspira – É inevitável senhorita S/N! O paciente não tem chances de sobreviver e mesmo que ele acorde, não será mais o seu Michael! Só se houver um milagre! – diz baixinho perto de mim

– Só mais algumas horas! Eu sei que dessa vez ele vai acordar! Por favor! – murmuro. Olho para ele que faz uma linha fina com a boca e acena negativamente

– Fizemos uma votação e a maioria acha que o melhor é acabar com o sofrimento do senhor Jackson! – ele aponta para a porta. Viro-me para os encarar. Tem uns sete médicos na porta 

 São cinco homens e duas mulheres. Todos bem jovens. O diretor do hospital é um senhor que já deve ter uns 60 anos. Ele é um doce. Uma pessoa tão incrível. Respiro fundo. Levanto-me da cadeira e me viro para os encarar

– Eu sei que devem pensar que sou uma boba e ingenua por acreditar que ele vai viver, mas, eu o amo. O amo tanto. Nós já passamos por tanta coisa. Merecemos ter nosso, felizes para sempre! – tento manter a calma, mas, infelizmente não é bem meu forte

– Entendemos S/N, mas, infelizmente o senhor Jackson não vai mais acordar! Acabou! Já são 12 anos! É mais tempo do que devíamos dar! O deixamos assim por sua causa. Seu amor por ele é enorme, mas, ele está sofrendo S/N! Tenha piedade! – uma das médicas diz com um pesar em sua voz

– Vocês não tem noção de tudo o que passamos para ficar juntos! Nós chegamos a viver um verdadeiro inferno! – as lágrimas descem por meu rosto – Vocês sem dúvida já ouviram falar no 11 de setembro, não é? Nas acusações injustas de 2003? Eu estive com ele na torre norte! Ficamos presos em um dos elevadores! Lá nos conhecemos! As poucas horas que ficamos lá foi o suficiente para nos unir para sempre! As alegações de 2003 foram o que nos desestabilizou, mas, nós superamos! Nós vamos superar mais isso! Meu Michael é invencível! Nosso amor vai o ajudar a sair desse pesadelo! – respiro fundo

– Sinto muito senhorita S/N. Não há provas concretas de que vocês passaram tantos anos juntos! A mãe dele não te considera como nora! Como podemos acreditar que vocês eram mesmo um casal e que você não é apenas uma amiga da família? Ou dele? – uma das médicas diz baixinho

– Eu tenho uma filha com ele, o ajudei a terminar de criar seus três filhos. E temos nossa história! É a única coisa que realmente pode provar que nos amávamos e que eu não era apenas uma amiga. Eu era sua melhor amiga. Amante. Noiva! Se vocês me escutarem, tenho certeza que vão me dar mais um ano! Por favor! Eu imploro! – minha voz embarga. Eles se entre olham e após longos segundos de espera eles acenam positivamente para mim. Viro minha cadeira para ficar de frente para eles e me sento. Levo minha mão até a mão do meu amor e entrelaço nossos dedos – Tudo começou no dia 11 de setembro de 2001...