stitch you

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Voltei!!

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Kihyun segurou-o pelo braço quando ele não o respondeu e passou o braço sobre os seus ombros para ajudá-lo a se levantar.

— O que você está fazendo? — O garoto perguntou, encarando-o como se Kihyun não estivesse são. E bom, ele realmente não parecia estar.

— Se você for ficar fazendo perguntas óbvias, é melhor ficar calado.

O garoto murmurou baixo, mas não o respondeu. Jogou seu peso para o lado bom e se levantou, grunhindo. Kihyun abertou o botão do elevador, que já havia fechado há minutos, observando o garoto. Ele devia ser mais novo que a si. Com o cabelo preto uma verdadeira bagunça, ele tinha piercing numa sobrancelha e numa das orelhas. Parecia ser do tipo rebelde e Kihyun se questionou se ele era novo a ponto de ainda estar no ensino médio.

Quando a porta do elevador se abriu, Kihyun puxou-o para dentro e apertou o botão do seu andar.

— Não vai perguntar novamente qual o meu andar? — O garoto questionou-o.

— Qual o seu nome? — Kihyun retrucou-o.

— Por que eu te diria?

— Porque estou te ajudando.

O garoto bufou.

— Changkyun.

Kihyun mordeu o interior da boca enquanto pensava por um segundo. Não se lembrava de ter ouvido esse nome por ali, e também não se lembrava de tê-lo visto no prédio. Possivelmente devia-se ao fato de, além de sair cedo e chegar tarde, Kihyun nunca prestar muita atenção às pessoas ao seu redor. Ainda assim, uma hipótese surgiu em sua mente.

— Vou te falar o que penso: você apanhou feio na rua e ainda não foi para a sua casa porque sua mãe vai sofrer um ataque do coração ao ver o seu estado. E é por isso que você não me contou qual o seu andar — Kihyun falou sua teoria, observando o garoto. O silêncio que se seguiu era a prova que precisava para afirmar que ele estava certo. — Você ao menos é maior de idade?

Changkyun riu pelo nariz.

— Eu tenho 21 anos.

— Hum.

Assim que as portas do elevador se abriram, Kihyun saiu puxando o garoto para fora, ouvindo uma série de reclamações e gemidos até que chegassem na porta de sua casa. Ele digitou sua senha e entrou, fechando a porta nas suas costas. Tirou os sapatos, forçando-os um contra o outro até que saíssem, sem que ele precisasse se abaixar para isso. Changkyun fez o mesmo, murmurando.

Kihyun ligou o interruptor e eles caminharam até o sofá. Ele suspirou ao finalmente se libertar do peso alheio, após deixá-lo sentado ali. Retirou sua mochila das costas e colocou-a no chão. Dentro de casa, sentia o cansaço consumi-lo ainda mais. Tudo que queria era deixar o garoto ali e ir para seu quarto dormir, mesmo com o estômago roncando de fome. No entanto, o senso de responsabilidade era mais forte, e ele pegou o kit de primeiros socorros no banheiro para tratar as feridas do garoto. Observou-se no espelho, vendo as marcas de cansaço em seu rosto, antes de voltar para a sala.

Changkyun tinha seus olhos fechados e respirava profundamente. Mesmo com as costas contra o estofado, tinha seu corpo tensionado e suas sobrancelhas estavam franzidas em dor. Kihyun suspirou. Fez o certo em decidir ajudá-lo. Não poderia deixá-lo sozinho e com dor durante toda a noite.

Deixou o kit sobre a mesa e se sentou ao lado do garoto.

— Tire a camisa — ordenou.

— O quê? — A incredulidade estava explícita na voz de Changkyun, assim como o "não".

Kihyun o encarou de sobrancelha arqueada. Sentia-se durão e no poder com a expressão fria que pusera no rosto. Era bom se sentir assim após um dia inteiro sendo um ninguém fracote.

— Devo deixar a sua ferida inflamar?

Changkyun, novamente, não disse nada, e tirou sua jaqueta e camisa com dificuldade. Então encarou Kihyun como quem diz: contente agora? Kihyun apenas desviou o olhar para o tronco do garoto, procurando a ferida. Não foi difícil percebê-la. 

Changkyun tinha um corte na lateral da cintura de quatro dedos de largura, envolto de sangue. Kihyun não conseguia ver quão fundo ele era, e imediatamente sentiu uma tonteira lhe atingir. Segurou no sofá e fechou os olhos por um momento.

— Isso está terrível, Changkyun — ele disse, a voz baixa. Voltou a se controlar e encarou o garoto. — Vou ter que te levar a um hospital, eu não consigo fazer isso.

— Não! — Changkyun exclamou e segurou a mão de Kihyun, que o encarou com os olhos arregalados em surpresa. — Não quero ir no hospital. Por favor.

— Changkyun, a única sutura que fiz precisou de apenas dois pontos, e era no braço. Isso é algo totalmente fora do meu alcance. Não sou enfermeiro, muito menos médico. E se inflamar? Nem sei se tenho remédio forte o suficiente pra você não sentir dor.

— Você nem sabe se é necessário dar pontos. Por favor, ... — Kihyun percebeu que ele queria dizer seu nome, mas ainda não o sabia.

— Kihyun — ele contou ao mais novo. 

— Kihyun — Changkyun repetiu, encarando-o nos olhos. Kihyun se sentiu ser sugado para dentro das orbes escuras e profundas dele. O olhar de Changkyun o deixou fraco.

Ele desviou os olhos e encarou o chão por um momento. Então suspirou.

— Tudo bem.

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Como será que Changkyun conseguiu esse corte? 

Até!

• beaten up - changki •°Onde histórias criam vida. Descubra agora