2018 Porto príncipe ,Haiti - Base da MINUSTAH
- sabe... quando eu decidi vir pra cá eu sabia que enfrentaria uma zona de guerra, só não sabia que seria tão parecido com a minha casa, o povo haitiano é parecido com o povo brasileiro, trabalhadores, vivem em uma sociedade injusta mas nunca perdem a esperança, isso foi o que me deu mais esperanças quando eu cheguei, rezo pelos meus pais e pelo maranhão todos os dias aqui, não vejo a hora de voltar pra casa, não acredito que a operação finalmente acabou, eu entrei no exército esperando fazer a diferença mas ganhei um trabalho como pintor de árvores, a MINUSTAH foi a minha grande missão... é claro, a missão não foi perfeita, a ONU deu umas vaciladas bem profundas, e alguns oficiais brasileiros estavam mais preocupados em se promover do que promover a paz no Haiti, mas eu acho que no geral eu acho que saímos com um saldo bom
não sei o que eu vou fazer depois do Haiti, agora eu não quero mais voltar a reserva, talvez eu entre para a força policial, eu acho que o BOPE é violento de mais para mim, eu prefiro coisas parecidas com o que eu vivi aqui, ajuda humanitária... mas não sei...- Caíque escrevia em seu caderno deitado em um beliche militar enquanto pensava o que faria quando voltasse para casa, até que o sargento encarregado chegou, abrindo a porta abruptamente e dizendo - acordem, temos muito o que fazer hoje
Os soldados da força de paz da ONU, os capacetes azuis como eram conhecidos na região, estavam de saída, o conselho de segurança da organização havia decretado o fim da missão humanitária a alguns meses, e as forças de paz brasileiras estavam retornando para casa, aquele era o último dia de Caíque na ilha, ele já estava com 28 anos, e só conhecia o exército, foi convocado na convocação obrigatória com 18 anos, na época ele odiou, mas depois de um ano servindo ele viu que era um trabalho importante a ser feito, então mesmo depois do período obrigatório ele continuou nas forças armadas, e quando a oportunidade de ir para o Haiti apareceu ele agarrou sem pensar duas vezes, seus pais se preocuparam mas ele não tinha medo, passou o resto da carreira militar inteira na ilha, voltando para sua casa no Maranhão esporadicamente em feriados, ele tinha muito amor e respeito pelo que fazia lá, mas para seus colegas a situação não era tão favorável, muitos fizeram coisas desumanas, como estuprar, assassinar e até se afiliar ao crime local, o qual eles tinham o dever de combater
Caíque pensou muito em sair quando seu amigo peruano Juan Lopez que tinha chegado na ilha no mesmo ano que ele, foi acusado de estuprar uma adolescente de 17 anos, ele sentiu-se culpado por não ter percebido.... depois disso ele passou a doar metade do seu salário para a família da garota, nesse período ele pensou muito sobre deixar a MINUSTAH, e voltar para casa, mas o senso de justiça falou mais alto e Caíque optou por continuar no Haiti.... até 2018 quando operação foi dissolvida, ele voltou para sua cidade natal em imperatriz no maranhão, onde a vida é bem diferente
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Mettalo
ActionO mundo está passando por uma era obscura, pessoas afetadas pelo H31-C19 emergem em todo o mundo, um sub-comitê não oficial de cientistas decidem criar um um soldado de aço que seja o símbolo de resistência da humanidade