- O que está fazendo sozinha aqui? - Pieter perguntou ao ver a irmã sem companhia na sala.
- Sem nenhum pretendente quer dizer? - Ela retrucou com ironia.
Ele se sentou ao seu lado e com cautela segurou uma de suas mãos enluvadas.
- Sabe que o fazemos para o seu bem Kate, não seja tão dura conosco.
- Vocês precisam verdadeiramente me deixar crescer Pit, por Deus. Eu quero ter minha família e me casar um dia.
- Mas...
- Não tem mas. Vou tomar um ar.
Kate levantou-se sem dar a ele uma chance de se explicar, já havia ouvido milhões de vezes todas as desculpas esfarrapadas que os irmãos tinham para dizer e sabia bem que não compensava debater. Quando os três colocavam algo na cabeça era mais fácil arrancar fora a cabeça do que a ideia. Ela seguiu até o imenso jardim que havia ali, ele havia sido cultivado por sua mãe quando ainda era viva e seu pai fazia questão de mantê-lo como ela o havia deixado.
Para sua surpresa, de longe Kate avistou uma alvoroçada cabeleira negra. A pele do pescoço
morena a mostra era inconfundível. Kate tentou dar meia volta, mas foi surpreendida por uma voz grave atrás dela.- Senhorita Greenwoodg. Por que me parece que a senhorita está sempre com pressa?
Ela revirou os olhos antes de olhá-lo.
- Porque de fato estou, vossa graça. Não vejo um porquê de andar tão devagar se quero ir a algum lugar rapidamente e o lugar que quero ir no momento é para o mais longe possível de vossa presença. - Sua voz estava carregada por ironia.
- E por que tenho a impressão de que a senhorita está sempre de mal humor?
- Porque eu de fato estou sempre de mal humor. - Ela deu um sorriso mórbido.
- Quando a vi pela primeira vez era mais educada. - Ele disse zombeteiro.
Kate estreitou o olhar para o Duque enquanto caminhava pelo jardim ao seu lado.
- Não me lembro de tê-lo visto antes.
Ele riu de canto, um sorriso carregado de ironia.
- Oh, claro. Era um bebê, não falava.
Kate riu sem humor. Como podia, um homem tão belo ser tão desagradável?
- Por Deus, Duque, ainda pior que sua falta de senso é o senhor tentando ser engraçado.
Benedict colocou a mão sobre o peito e fez uma careta de dor.
- Não sei se deveria me sentir tão ofendido diante de um insulto de uma garota de ... dezoito anos? - Ele disse em tom de pergunta.
- Quase dezessete. - Ela sorriu vitoriosa.
O Duque a fitou e por hora se permitiu observá-la, a dama era robusta demais para apenas dezesseis anos. Ainda era uma criança, mas de fato era uma bela mulher. Ele desconjurou-se pelos pensamentos que surgiram em sua mente, além de jovem demais ela era irmã de seu melhor amigo. Kate se sentiu incomodada com o olhar que lhe fora dirigido. Ela trocou o peso de uma perna para outra.
- E o senhor, já se aproxima dos quarenta? - Ela perguntou para irritá-lo, era evidente que o Duque sequer havia chegado aos trinta.
Ele revirou os olhos enquanto pensava quão petulante era a garota ao seu lado.
- Vinte e quatro, senhorita.
- Oh. - Ela fingiu surpresa. - Creio que o senhor já tenha passado da hora de se casar.
Ele a olhou surpreso. Kate sempre tinha as respostas na ponta da língua, ela não pensava antes de alfineta-lo, e tampouco se importava em ser gentil mesmo que já estivesse ciente de seu título e de sua amizade com o marquês.
- Por mim, sequer o faria.
Ela o olhou curiosa.
- Para os homens isso não é tão grave. - Kate riu sem humor. - Deixe-me pronunciar algo do tipo em voz alta e irão querer me apedrejar. Que mulher em pleno século que vivemos não iria querer se casar?
- A senhorita não almeja um bom casamento?
A conversa entre eles havia começado a fluir sem que mil farpas fossem trocadas, e eles sequer haviam se dado conta disso. Kate o olhou de lado enquanto mexia com um fiapo de cabelo solto.
- Quero, mas duvido que o terei. Com os irmãos que tenho, creio que morrerei solteira, então estou tentando me acostumar com a ideia.
Benedict riu enquanto chutava uma pedra no chão.
- Não pode ser tão ruim.
- É terrivelmente ruim, vossa graça.
Ela riu e ele pode perceber que seus lábios eram largos, e quando ela ria eles ocupavam grande parte do seu rosto. Não eram harmônicos com o seu rosto delicado, mas eram atrativos e grossos, Kate tinha lábios incríveis e quando sorria ficavam ainda mais bonitos. Benedict se culpou, havia visto beleza na irmã de seu amigo e filha do homem que o havia inspirado por toda a vida. Não podia olhá-la com outros olhos, ainda que fosse quase impossível. Tudo em Kate lhe era atrativo, o olhar penetrante, as respostas na ponta da língua e seu cheiro incomparável de Álisso, ela carregava uma leve fragrância doce, algo parecido com o mel e a cada um de seus movimentos o cheiro adentrava nas narinas do Duque fazendo-o se perder em pensamentos impróprios.
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Meu querido Duque
RomanceBenedict Dopfelth um charmoso e cobiçado duque chega à cidade e logo de início arranca suspiros de todas as daminhas solteiras e também de suas mães casamenteiras. O que nenhuma delas esperava era que o Duque não tinha a menor vontade de se casar. D...