[Prólogo]

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Meu coração palpita com a insegurança de como será dali para frente. Eu já me convenci de que nossa amizade resistirá a esse tempo, tenho certeza disso! Porém nem sempre as coisas acontecem conforme o planejado.

O dia está frio, o vento gelado agita meus cabelos e me deixam arrepiada. Ao sair do carro, sinto o inverno intenso desse ano. Entrelaço meus braços em uma tentativa frustrada de me aquecer.

Enquanto saímos do estacionamento e andamos em direção ao aeroporto, Diego, meu melhor amigo, retira um de seus casacos da mala.

— Veste esse, você está tremendo de frio — entrega-me um moletom preto com capuz e uma cruz bordada ao lado direito.

— Não precisa, estou bem — recuo em aceitar, ainda com os braços cruzados.

— Por favor — Seu tom de súplica e o olhar meigo amolecem meu coração. Sentirei falta disso. — Quero que fique com ele. É uma forma de te fazer se lembrar de mim

— Eu não preciso de um moletom para me lembrar de você, não tem nenhuma maneira de te eu esquecer, espero que saiba disso.

A cada passo mais perto da entrada do aeroporto é mais real a despedida que nunca achamos que aconteceria.

Somos melhores amigos desde sempre. Nossos pais abriram um escritório de advocacia — juntos antes de nascermos — e agora decidiram expandir abrindo um novo escritório, em outro estado.

Cristina e Paulo, pais de Diego, se voluntariaram e insistiram para que seu filho fosse também, seria uma boa oportunidade para ele decidir a faculdade que quer fazer em um estado com mais opções. Aos vinte anos, a pressão de seus pais para que ele siga o mesmo caminho, aumentou e agora ele precisa tomar uma decisão.

Visto o moletom, sentindo seu cheiro perfumar meu rosto, e as mangas penderem para baixo deixando minhas mãos completamente cobertas. Poderia facilmente usá-lo como um vestido. Ouço as risadas do meu melhor amigo e faço cara feia para ele.

— Pare de caçoar de mim! — repreendo-o.

— Impossível! — exclama entre risos — Ficou muito grande em você.

— Eu percebi. — Digo com sacarmos enquanto sinto meus lábios repuxarem um sorriso.

Seu braço me alcança por cima dos ombros e voltamos a caminhar abraçados. Notei o quanto sentiria falta dele quando entramos no aeroporto. Cada um ajudando como podia com as malas.

As pessoas ao nosso redor andam apressadas. Alguns quase correm enquanto outros se esquivam das pessoas e de suas grandes malas para não perder o voou, mas Diego e eu damos pequenos passos, quase colando os pés um no outro. Cada segundo deve ser valorizado. Logo as despedidas começariam, nossas mães chorariam e fariam inúmeras promessas de manter contato. Nossos pais se abraçariam e prometeriam um reencontro o mais rápido possível. Diego e eu nos olhamos sem saber ao certo o que fazer, essa distância é algo que ambos queremos evitar, mas sei que isso o fará mais feliz, vai garantir-lhe um futuro melhor, Por isso, Ignorando meu egoísmo, puxo-o para um abraço.

Ainda envolta em seus braços olho em seu rosto e o vejo a beira de lágrimas.

— Pode chorar, sei que vai sentir minha falta — debocho tentando cortar o clima triste.

— Eu te amo, Mel — diz Diego me puxando para mais um abraço. Fecho os olhos e com uma das mãos em seu peito sinto as batidas do seu coração, definitivamente um dos meus lugares favoritos. Eu também vou sentir muita falta disso, muita mesmo.

— Eu também, Diego! Você é o meu irmão do coração. Tem um espaço aqui — aponto para meu coração — que é seu e que nunca vai ser substituído.

Espero por mais um abraço, mas estranho sua reação insatisfeito, levando as mãos ao cabelo e olhando para os lados.

— Você não entendeu, Mel. Eu realmente te...

— Vamos, filho. Precisamos entrar — chama

Cristina, já no portão de embarque.

Ele olha para mim como se estivesse em uma luta interna. Seus olhos parecem suplicar para que eu o impeça de partir, mas quem sou eu para atrapalhar um futuro brilhante que eu sei que ele vai conseguir se for? É uma cidade maior com maiores oportunidades, não posso atrapalhar.

— Promete que não vai me esquecer? — diz finalmente ao perceber que me mantive quieta.

— Prometo! — estico meu mindinho para fazermos nosso juramento de melhores amigos.

— Quero ligações por vídeo todos os dias, mesmo que não tenhamos nada para falar. Quero ao menos te ver em tempo real, combinado?

— Claro que sim!

Abraçamo-nos mais uma vez, depois me despeço rápido dos seus pais e então os fico vendo entrarem por um corredor, enquanto abraço meus pais, que também os observam partir.

Para eles a saudade vai ser menor, terão que se ver para resolver coisas do escritório, mas Diego e eu não nos veremos com frequência. E isso dói mais do que achei que fosse possível.

Nos primeiros dias parecia que nada havia mudado, as conversas permaneceram constantes

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Nos primeiros dias parecia que nada havia mudado, as conversas permaneceram constantes. Passávamos horas ao telefone, às vezes em ligações e outras em chamada de vídeo, nossa amizade permanecia firme como sempre foi, mas então ele finalmente decidiu qual faculdade queria fazer e logo começou e eu iniciei meu segundo semestre em Direito, o que fez com que nos distanciássemos. No inicio pensei que estávamos muito ocupados e que meu medo de perder sua amizade fosse exagero.

Depois o tempo de uma mensagem para outra se tornou muito maior do que um dia já foi. As chamadas de vídeos deixaram de existir e passaram a ser só rápidos textos com um simples "Oi, tudo bem?", "Bem e você?", "Bem também", até que nem isso fazíamos mais.

Às vezes, no impulso e na animação de uma boa notícia, eu pensava em mandar uma mensagem, mas ver que não havia novas mensagens há um tempo me fazia retornar à realidade... 

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