Capítulo 14

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Todos em casa se encontravam em correria. Pelo corredor era necessário se espremer pelos cantos e pela sala era necessária muita destreza para não esbarrar em caixas. O motivo disso? A mudança do Diego.

Bem agora que a presença dele por ali não era mais um problema, ele vai embora, mas eu não preciso pirar por causa disso, não vai ser como da última vez. Espero que não.

Nos últimos dias minha avó nos convenceu a fazer um almoço em casa para os mais próximos como um tipo de boas-vindas ao Diego. Eles se aproximaram muito, às vezes percebo que ela o chama de neto e ele a chama de vó. É lindo ver, admito.

Já estou acostumada de pela manhã vê-los discutindo algo da bíblia e contando curiosidades sobre isso. Eu rio e me divirto ao ver minha avó não ceder a certos argumentos do Diego, ela é conhecida por ser cabeça dura, mas no final da conversa são mais amigos do que antes.

Toda manhã, sem falta, minha avó senta-se à mesa e pega sua Bíblia. Ela se tornou inspiração para meu melhor amigo que criou o mesmo hábito e tem sido inspiração para mim também que estou começando a me juntar a eles, porém nesta manhã fomos expulsos para o jardim para dar espaço para a minha mãe preparar as comidas.

— Quem teve a ideia do almoço mesmo? — Diego tenta segurar a página da Bíblia que insiste em virar por causa do vento.

— Quer mesmo entrar nesta discussão com sua vó? — ela o olha por cima dos óculos.

— Com certeza não. E para estabelecer uma trégua com a senhora pelas últimas discussões que tivemos, tenho uma surpresa para você que acabou de chegar. — Diego se levanta e anda até o portão. Uma minivan estaciona e o entregador chega com um buquê de rosas vermelhas e outros dois buquês com diversas flores do campo.

Primeiro ele anda com o de rosas vermelhas e vai até minha avó que se levanta sorridente ao perceber que são para ela.

— Minha querida vózinha. Aqui — estende o buquê — está cheio de rosas, mas você é a rosa mais bonita de todas e a mais forte. Aquela que se destaca no meio das outras mostrando sua beleza exterior e sua força interior, isto é para você, em gratidão e amor.

Os olhos da minha avó se enchem de água e lágrimas teimam em querer escorrer pelo seu rosto. Ela o abraça e apesar de não estar entre aquele abraço, sinto meu coração aquecido.

— Muito Obrigada meu querido, é muito lindo, não deveria ter se incomodado! Que Deus te abençoe muito meu neto.

Em seguida Diego pega um dos buquês com flores do campo, em tons de rosa e branco e anda com uma mão nas costas.

— O que está escondendo aí? — questiono quando ele se aproxima de mim.

— Você tem algum tipo de radar quando o assunto é comida né?

— Talvez.

— Essa é para você e quando puder, gostaria que lesse o cartão.

Pego o lindo buquê tentando conter o sorriso largo, retiro o cartão do meio das flores e tento abri-lo.

— Não! — repreende. — Na minha frente não, lê depois, pode ser?

— Você tímido?

— Não é isso. É porque se ler aqui vai se sentir na obrigação de me dar uma resposta e não quero que se sinta pressionada a isso. Saiba que não espero que me diga algo. A frase escrita aí é só uma forma de expor o que sinto.

— Uau! Estou curiosa!

— Você sabe inglês?

— O que quer dizer com isso? Escreveu em inglês?

— Sim.

— Por quê?

— Porque eu sei que já recebeu muitos buquês como esse e eu queria ser diferente. E o grande desafio para você, já que não sabe inglês, é que não pode usar nenhum tradutor da internet.

— Sério isso? Como vou traduzir?

— Dicionário.

— Isso está sendo muito divertido para você né?

— Não imagina o quanto!

— Mas obrigada pelas rosas e por esse chocolate aí atrás, eu amei, mesmo!

— Quase esqueci dele.

— Ia pegar para você né?

— Com certeza — ri e me entrega uma caneca preta com a alça em formato de coração com nossa foto do dia do piquenique impresso, cheia de chocolates dentro.

— Eu amei muito Diego! Mais uma para a coleção!

— Me certifiquei de ver se já não tinha igual.

— Você é incrível! — ainda segurando o buquê e a caneca, me jogo em seus braços e o aperto o máximo que consigo como uma forma de mostrar o quão feliz eu me sinto. De fato, já ganhei muitas flores, mas desta vez tem algo diferente, mais especial e que ainda é um mistério para mim. 


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