[Capítulo 2]

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— Ele já se foi, se isso te alivia — avisa a moça de cabelo curto.

— Obrigada! — suspiro aliviada.

— Ex-namorado? — me questiona

— Sim! Traiu-me com a secretária dele.

— Bem típico de homens! — Comenta a mulher de cabelos cacheados

— Nenhum presta — dizem em uníssono.

— Meu nome é Melissa, mas podem me chamar de Mel. — Me apresento ao perceber que parecem pessoas legais.

— Alana — Se apresenta a mulher de cabelo curto e ondulado.

— Kimberly, mas pode me chamar de Kim. — É por causa dele que decidiu entrar aqui hoje? — continua.

— Sim! Dele e todos os homens com quem tive um relacionamento. Eu preciso de um descanso de tudo isso, de todos eles, entendem?

— Sim, entendo bem! — Kim pega o copo que está em sua mão e o leva até o nariz. — Isso não cheira bem — comenta ao analisar sua bebida.

— Ei! Amigo! — grita Alana, chamando a atenção do bartender. — Me dá mais um desse, por favor?

— Mas seu copo está cheio — comento ao reparar sua bebida intacta.

— Eu sei, mas seu eu for mesmo tomar bebida alcoólica pela primeira vez vai ter que ser tudo de uma vez e o suficiente para não me lembrar de nada depois.

Kimberly continua concentrada em seu copo, de repente o arrasta para o lado e se levanta deixando algumas notas de dinheiro sobre o balcão.

— Isso não parece certo — exclama. — Eu conheço um lugar melhor para onde podemos ir e descansar sem peso na consciência.

Sem saber ao certo o que fazer, olho para Alana. Ela também parece tentar entender, mas corresponde ao meu olhar e diz:

— Seja o que for, deve ser melhor que isso. — Ela se levanta e paga sua bebida.

Pego minhas coisas ainda insegura em segui-las, mas Kim está certa, não preciso estar aqui, há formas melhores de espairecer.

Pago pela minha água e as sigo. Kimberly anda na frente nos conduzindo a atravessar a rua e entrar em um salão com mesas dispostas pela área aberta até a fechada.

— Isso aqui sim é uma ótima forma de relaxar e se divertir — diz ao se sentar em uma das mesas de madeira dispostas na calçada. — Bem-vindas à melhor espetaria da região.

Sento-me analisando o belo lugar.

— Vocês gostam de carnes em palitos né? — questiona.

— Sim, eu gosto — afirmo

— Eu também — comenta Alana.

— Parece que você é acostumada com este lugar, porque não veio aqui ao invés do pub? — Indago

— Pensei em tentar algo diferente que me desafiasse, mas o habitual nem sempre é ruim.

— Tem razão! — afirmo.

— Quando decidi entrar naquele pub, só queria beber esquecer os meus problemas — comenta Alana.

— No fundo eu acho que também queria isso, mas agora não parece mais uma boa ideia. Se distrair dos problemas e da correria do dia não significa esquecer tudo por uma noite ou fingir que eles não existem. Eles são reais, porém é só uma fração da vida.

— Exatamente! — exclama Kim. — Não podemos deixar que esses problemas nos atrapalhem a sermos pessoas melhores

— E sóbrias! Que sabem aproveitar o dia mesmo em meio aos problemas — completa Alana.

Enquanto nosso pedido não chega, resolvemos nos conhecer melhor. Kimberly contou rapidamente sobre sua vida. É feliz em sua profissão de contadora, diz ganhar bem para alguém de 26 anos. Pensei que ela falaria algo sobre um marido ou um namorado, já que usa aliança, mas em momento algum se referiu a isso.

Alana diz ser divorciada, mas parece ainda sofrer com isso principalmente por causa do filho pequeno de um ano que diz sentir falta do pai. Ela não fala muito sobre o ex-marido, mas deixa claro o quanto ama sua profissão como professora aos 25 anos

— Chegaram! — Kim anuncia animadamente.

Nosso pedido é posto em cima da mesa e percebo que enquanto isso as meninas parecem refletir sobre tudo o que contaram sobre elas mesmas, parecem precisar se distraírem tanto quanto eu.

— Como eu trocaria esse espeto e essa farofa deliciosa por uma bebida alcoólica de cheiro ruim? — questiona Alana. — Nunca mais me deixem fazer isso, meninas — avisa.

Havia muito para conversar, tínhamos segredos, uma história de vida e um passado que não estávamos prontas para revelar, ainda sim sinto que temos algo em comum, talvez seja nossos medos e inseguranças em relação aos homens. De qualquer forma, eu quero manter essa amizade.

Ao final da noite trocamos nossos números de celular para continuar mantendo contato, prometemos marcar de nos vermos outra vez assim que possível e então nos despedimos.

Volto ao escritório e agora com calma procuro pela chave do meu carro e o encontro em meio a alguns batons e presilhas de cabelo.

Em casa as luzes já estão apagadas, abro o portão tentando não fazer barulho e não acordar meus pais e minha vó. Tiro os saltos que apertavam meus dedos e abro a porta. Na ponta do pé caminho em direção ao meu quarto, olho para os dois lados do corredor antes de entrar para ter certeza de que ninguém acordou.

— Perfeito! — concluo. — Sem sermão por hoje


Em Busca do Par Perfeito-DEGUSTAÇÃO. LIVRO FÍSICO DISPONÍVELOnde histórias criam vida. Descubra agora