Armin era o único que compartilhava do segredo de Eren. O 15º comandante da tropa de exploração guardava em seu peito o arrependimento de saber as motivações e planos de seu amigo de infância e não o impedir. O estrondo era sim algo terrível, mas o...
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Eren suportou coisas demais. Quase morreu mais vezes do que eu poderia conseguir contar, a cada mês eu achava que seria a última vez que o veria. Ele se recusava a me deixar ajudá-lo, mesmo que não fosse muito o que eu pudesse fazer. Ele não teria nem mesmo me contado se eu não tivesse visto. Vê-lo vomitar buquês flores – amarelas e incrivelmente bonitas, por quase duas horas e em seguida parar de respirar por alguns minutos antes de inspirar as golfadas novamente. Foi assustador, mas ele me fez prometer não contar a ninguém ou interferir. Ele não precisou me contar o que estava acontecendo, era obvio que ele estava doente por causa de um amor.
Ninguém falou mais nada após voltarmos definitivamente para o avião, até que a fumaça começou a ser vista ao longe.
— Eu nunca ouvi essa palavra, hanahaki — Levi cortou o silêncio.
— É uma lenda, minha mãe me contava quando eu era menina — Mikasa explicou — Uma lenda que minha família conhecia, uma lenda esquecida a muito tempo pelos outros povos.
— Eu também nunca ouvi falar, pode nos contar? — Pieck pediu, Mikasa fechou a expressão.
— Eren está doente — Eu respondi ao ver que ela não faria — Ele tem flores nascendo em seu pulmão e se espalhando por outros órgãos conforme o tempo passa. Crisântemos amarelos, ironicamente — Levi o encarou. Conheço essas flores.
— Mas isso não é possível — Mikasa sussurrou — Ele não amava ninguém, não é? — Ela se virou para mim acusatória — Você sabia disso, Armin?
— O que ele amar alguém tem a ver com ele estar doente? — Reiner estava confuso.
— Eu descobri mais ou menos a oito anos. Depois de vermos o oceano — Armin explicou — Ele estava vomitando buquês inteiros na praia, quando vi elas sendo levadas pela água para longe não imaginei que estava literalmente os vomitando. Ele teve uma parada respiratória pouco tempo depois que cheguei próximo o suficiente para entender o que estava acontecendo. Mas logo em seguida ele voltou ao normal. Ele me explicou que sempre que ele estava entre vida e morte sua regeneração voltava as flores ao primeiro estagio – Armin parou um pouco, abaixando a voz ainda mais — Ele desabafou comigo, contou cada detalhe da sensação de ter algo assim crescendo dentro de si. A falta de ar, o incomodo de vomitar flores que lhe cortavam a garganta, a sensação de estar morrendo, a agonia, dia após dias, mês após mês, sem intervalo. Ter seus membros cortados a todo minuto era menos doloroso. Foi isso que ele me disse.
— Então, ele ama alguém — Mikasa afirmou, mais para si do que para os outros — Hanahaki só se desenvolve quando a pessoa sente um amor verdadeiro que não é correspondido. Por quê ele não me contou?!
— Ele contou — Armin admitiu — Mas você não teve uma boa reação, então ele alterou suas memorias com ajuda de Historia, mas é limitado o que eles poderiam fazer sem Historia como titã.
