Aniversário.

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* oito anos depois, aniversário de Caroline de dezoito anos * 

* Caroline * 

Acordei completamente animada pois nunca esqueceria a data de hoje. foi muito difícil conter toda a ansiedade por oito anos. Hoje eu sentiria aquele ar livre pela primeira vez!

A rotina de hoje não seria como todos os aniversários anteriores, eu tenho uma ocasião muito especial. 

Tomei meu banho bem demorado, molhei meu cabelo, fiz um penteado com ele molhado mesmo e me vesti, mesmo com o mesmo vestido, eu estava mais linda que nunca, eu via isso. 

Desci as escadas sem pular um degrau, queria ter certeza de que hoje seria o dia mais perfeito da minha vida, eu mostraria para minha mãe que eu sou forte o suficiente para ficar lá fora. Depois de não pular o último degrau como sempre, esperei ver minha mãe ali. Meus olhos rodaram o cômodo todo e eu não a vi. gritei seu nome com todo o meu fôlego. Em dezoito anos nunca tinha descido e não encontrado com ela naquela cozinha. Com o coração aflito e as mãos inquietas, enchi meu pulmão de ar e gritei: 

-Mãeee, onde a senhora está? - olho para a porta para a lavanderia e a porta de entrada esperando um movimento, até o mínimo barulho.

Sinto uma mão fria em meus ombros e uma presença atrás de mim, talvez fosse a mesma pessoa que sumiu com a minha mãe. Meu corpo perdeu o controle e eu não corri, apenas tremi e esperei que a pessoa dissesse ou fizesse algo. 

-Bobinha, ainda acha que é forte o suficiente para desbravar lá fora? - a mão fria me forçou a virar e eu virei, era a única voz que eu conhecia bem nesse mundo 

-Não brinque assim comigo de novo, eu não gostei, mãe - disse com voz de choro. - entendi que não estou pronta para sair ao mundo, mas ao menos ter uma noção de como é a grama e o calor do sol achei que pudesse ter, afinal, você estará comigo. - disse séria, finalmente eu consegui me impor.

-Não fale nesse tom comigo - a mão dela apertou meu ombro - eu ainda sou sua mãe. E eu vou pensar no seu caso de sair - soltou meu ombro e foi em direção a bancada. 

-Como assim pensar? Você me prometeu! - aumentei o tom.

-Promessas são coisas tão importantes assim para você, querida? - disse com um tom tão doce que desconfiei. 

-Sim, são! - bati minha mão na mesa, eu nunca tinha sentido essa sensação, parecia ser raiva. Ela montava dois sanduiches. 

-Hoje é o meu dia e eu vou sair sim! - recolhi minha mão, talvez estivesse perdendo a coragem. 

-Já decidi, você não vai sair hoje nem nunca! - ela empurrou o prato com os sanduiches para o meu lado do balcão. - coma no seu quarto e eu espero só te ver no jantar. - virou as costas para mim, ela parecia decepcionada consigo mesma e comigo. 

Peguei meu prato e subi, claramente estava mais irritada que ela. Não custava nada sair comigo por cinco minutos que fosse, por uma promessa dela mesma. 

Sentei com o prato na cama e dei cada mordida raiva, a cada mordida uma lágrima. 


Corra Caroline, corra!Onde histórias criam vida. Descubra agora