Raquel e Alicia. Alicia e Raquel. Qualquer um que tivesse estado na academia de polícia durante aqueles anos lembrariam daqueles nomes. Lembrariam da competição acirrada e declarada que elas não escondiam dos outros e, muito menos, delas mesmas. Da amizade fiel e incondicional que tinham, e que muitas vezes resultavam em gritos, tapas, puxões de cabelo e, é claro, lembrariam de topar com uma saindo do quarto da outra com os cabelos desgrenhados, um chupão no pescoço ou, até mesmo, de ouvirem os gemidos saídos de uma cabine de banheiro, ou de uma festa em que bastava um drinque para que as duas não se importassem em trocar beijos quentes na frente de todo mundo.
E assim foi durante todos aqueles anos e um pouco depois, até que Raquel conheceu o homem que era seu marido até hoje, figura que Alicia não gostava mas, como sempre, Raquel não lhe deu ouvidos. Alicia, da mesma forma, também havia se casado com um homem, o que não a impedia de liberar a tensão com outras pessoas – homens e mulheres.
Como é inevitável, acabaram se afastando. Viviam na mesma cidade, trabalhavam na polícia mas não tinham contato. Mandavam uma mensagem no aniversário uma da outra – que nunca esqueciam – e pronto, era o máximo de contato de mantinham. Isso, é claro, não impedia que lembrassem constantemente uma da outra, seja por pensar, em alguma situação do trabalho "a Alicia/Raquel resolveria isso tão facilmente", ou por reverem um filme que haviam visto juntas ou, até mesmo, quando se masturbavam. Não foi uma ou duas vezes que imaginaram que seus dedos pertenciam à outra e que ela estaria ali, perto, com a respiração quente no pescoço. Quando acabava, acabava, e aí voltavam à rotina de suas vidas normais.
Naquele dia, porém, foi diferente. Raquel, estressada pelo trabalho, foi a um café que frequentava às vezes. Era um pouco mais distante do trabalho, mas queria um lugar onde não fosse encontrar conhecidos. Não encontrou, realmente, até levantar a cabeça e ver a mulher mais bonita do mundo (nunca havia mudado de opinião em relação àquilo) entrar no local. Ela continuava parecendo Deus. Os cabelos ruivos e lisos presos em um rabo de cabalo, a boca brilhosa, as sardas aparentes mas, obviamente, cobertas por maquiagem. Alicia era extremamente vaidosa, muito mais do que ela, e ela se lembrou das horas que passava vendo a ruiva se arrumar quando iam sair. Eram seus momentos favoritos. Ela parecia uma boneca, sua boneca e, é claro, gostava mais ainda dos fins da noite, em que lhe arrancava as roupas caras, manchava sua maquiagem e ficava com marcas do batom da ruiva por todo o corpo.
Todos esses pensamentos acometeram-na em milésimos de segundos. Seu corpo, completamente arrepiado e paralisado, não se movia. Alicia não a viu num primeiro momento mas, logo que seus olhos se cruzaram, a reação da ruiva não foi diferente. Raquel. Sua Raquel. Amou aquela mulher como nunca amou ninguém no mundo, nem o seu próprio marido – que também amava. Imaginou que um dia cruzaria com ela novamente e, agora que acontecia, não sabia o que fazer. Em sua boca veio um gosto doce, parecido com os beijos que trocavam há 20 anos, seu corpo ficou relaxado, do jeito que ficava quando transavam e lágrimas vieram aos seus olhos, como vieram quando percebeu que havia perdido Raquel, também há alguns anos.
Lentamente, andou até a mesa da morena. O barulho de seus saltos parecia os tambores que se tocam antes de uma sentença de morte e ela pareceu gigante à Raquel quando encostou a perna na mesa em que ela estava. Raquel reuniu forças para se levantar e, ao ficar de pé na frente dela, Alicia a acolheu no abraço mais terno que já havia recebido. Enfiou a cabeça no pescoço da ruiva e sentiu o cheiro doce que, de vez em quando, a invadia. Apertou a cintura da mulher o quanto pode e sentia seus braços a acolherem e deslizarem por suas costas. Os olhos de Alicia lacrimejaram ao sentir o cheiro dos cabelos de Raquel e ela respirou fundo, segurando o pranto.
- Menina... – Alicia sussurrou.
Raquel sorriu e tirou o rosto do pescoço dela, não sem antes roçar os lábios na região, o que obviamente não passou despercebido por Alicia.
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Lo Vas a Olvidar
Fanfiction"Raquel e Alicia. Alicia e Raquel. Qualquer um que tivesse estado na academia de polícia durante aqueles anos lembrariam daqueles nomes. Lembrariam da competição acirrada e declarada que elas não escondiam dos outros e, muito menos, delas mesmas. Da...