Acompanhante De Luxo •Yoongi•

cap 47

Min Yoongi:

Vendado novamente e preocupado com Maya, tudo que sinto no momento é o resultado das bofetadas que levei dos capangas de Sérgio; a dor em todo meu corpo.

Nesse exato momento, algum tempo depois de terem me batido – não sei ao certo quanto –, alguém está desamarrando minha venda, logo após eu ter escutado a porta abrir outra vez.

Pisco vezes seguidas, tentando me acostumar com a claridade. Mesmo sendo noite, o lugar para que me trouxeram agora está iluminado por lâmpadas, que mesmo sendo fracas, me incomodam. Além da leve dor de cabeça que sinto.

Levanto as sobrancelhas e logo consigo focalizar meu olhar, vendo Sérgio com um semblante nervoso e seus capangas com seus rostos inexpressivos logo atrás.

Me remexo na cadeira a que estou fortemente amarrado assim que sinto uma pontada em minha costela e acabo por deixar um gemido de dor escapar.

Ergo minha cabeça, vendo Carter me olhar atentamente, agora com uma expressão... Não consigo defini-la.

— O que foi agora, hein? Veio olhar o trabalho que os seus feitores fizeram? Quer dar uma nota? Olha, se é isso, eu daria um set...

— Para de falar, imbecil. — fala, surpreendentemente, não em seu ríspido e costumeiro tom de voz – apesar do insulto à minha pessoa – , interrompendo minhas palavras um tanto baixas pela dor. — Vim propor um acordo.

Com uma sobrancelha erguida, pergunto: — Como?

No entanto, não ganho uma resposta, já que, um segundo ou menos que isso depois uma voz familiar soa por ali.

— Na verdade... — e então a porta é aberta mais uma vez, surgindo por ela, as silhuetas de Hyunjin e Scarlett. — Nós viemos propor um acordo. Não é, papai? — ela continua, parando próxima aos que antes já estavam no local, com meu amigo logo atrás.

— O que voc... O quê? Que acordo? — a palavra confusão me define neste momento. Afinal, o que eles fazem aqui? Por que eles me proporiam um acordo?

— Desamarrem ele! — ordena em um tom brando e calmo.

— Não! —  o mais velho fala, fazendo os que estavam a vir cumprir a ordem pararem. Scarlett dirige um olhar firme e rígido ao pai, que bufa e faz um sinal para os homens.

— Amém! — murmuro.

Em pouco tempo já estou livre da corda que rodeava meus braços e tronco e a que fazia o mesmo com meus pés. Logo depois é a vez dos meus pulsos, estes que estão doloridos. O que me faz rodear os dedos em uma breve massagem pelos locais.

Hyunjin achega mais à mim, me ajudando a levantar. Logo indaga baixinho: — Onde Maya ‘tá?

— Não sei... — sussurro de volta. — Cadê ela? — dirijo a pergunta e o olhar a Sérgio, que sabe a quem me refiro.

Ele puxa o ar lentamente e logo o solta de forma brusca.

— Tragam ela! — fala e um dos capangas assente e sai rapidamente do espaço.

— Falem.

Olho para Scarlett, que devia o olhar em um piscar.

— A polícia está a caminho. E só você pode resolver isso. Já não conseguiu derrubar a empresa? Do que adianta me destruir?

— Muita coisa! Você ia matar a gente, ou vai! — expiro de forma rápida e pesada.

— Te bater foi o bastante. Infelizmente é o pai do meu neto e minha filha preza por isso.

— Como se se importasse! — bufo.

— Vocês dois, parem! — intervêm Scarlett.

Ela diminui a distância entre nós parando a menos de um metro diante de mim.

— Yoongi, um dos nossos seguranças que matou seu irmão. Eu... Lembro da época... — suspira, fazendo uma breve pausa. — E é, o caso foi arquivado sim. Mas fique sabendo que o seu irmão não era nenhum santo! Ele infernizava nossa vida querendo dinheiro e poder. Me parece um mal de família!

Ergue os olhos para mim na última frase, agora me encarando. O que ela não fazia a pouco; apenas vagava o olhar por todo meu rosto.

Retribuo o ligeiro olhar, porém nenhuma palavra é dita. Apenas suspeito que possa ver a sombra do arrependimento em meus olhos, ao menos.

— Ele havia tentado me sequestrar. — engole em seco demonstrando não gostar de recordar-se da memória. Direciona o olhar ao chão sujo. — Eu sei que não justifica nada. Mas foi dessa forma que conseguimos finalmente ter um pouco de paz. E essa é a verdade.

Me encara novamente, permitindo-me ver seus olhos marejados. Aquela não lhe era uma lembrança agradável.

— Bem... não diga a polícia exatamente sobre o que aconteceu. Não repita a história.

Murmura um “por favor”. Tão baixo que quase não escutei.

— Você conseguiu o que queria, não? Destruiu a empresa. Então nos deixe em paz e faremos o mesmo com você. Esse é o acordo.

O que foi capaz de me fazer desprender o olhar dela foi o barulho da porta. Maya.

Ela não tem nenhum hematoma ou sinal de que a bateram. Espero realmente que não tenham o feito.

— Pelo Charlie. — pede Scarlett e volto a olhá-la.

Charlie... Meu bebê. Meu amor.

Fecho meus olhos, crispando meus lábios, e então afirmo enquanto, em um movimento suave, balanço a cabeça em afirmação.

— Pelo Charlie!

Segundos após minhas palavras, ouvimos a sirene policial, aparentemente ainda distante.

— Vamos embora. Rápido! — o Carter ordena e logo some de minha vista com os homens logo atrás. Scarlett continua parada por um tempo, mas logo segue o mesmo caminho que os outros.

Estou bagunçado em todos os quesitos. Tenho certeza que minha aparência não é boa. Ainda mais com os machucados. E minha mente... Como ele pôde? Como ele me enganou dessa forma? Eu nem duvidei ou questionei nada por um sequer momento! 

E ainda envolvi outras pessoas nisso tudo. Como Maya e Hyunjin que agora estão agarrados em um abraço.

Não demora muito e os dois vem em minha direção erguendo os braços para um abraço coletivo.

...

Scarlett casou com John, como previsto. E agora, não mais em sigilo, já que revelei tudo para mídia.

O que começa errado termina errado. No fim, mesmo que seja duro admitir, nossa separação é o mais saudável para cada um de nós.

Só não deixei aquele lá ficar como pai do meu filho. De forma alguma que eu iria admitir isso!

Sérgio perdeu praticamente tudo! Ações, empresas, funcionários e patrocínios. Ele tem que começar tudo do zero, se for começar.

Vingança... Assassinato... Nada disso leva a nada. A minha justiça já foi feita. Apenas basta.

Que esse velho morra por conta própria!

Penúltimo capítulo.