Julia Thompson
Meu sonho sempre foi entrar em uma faculdade após concluir o ensino médio, para cursar medicina. Me esforcei tanto com os estudos, que consegui uma vaga na primeira chamada da Universidade Roberts com meus 18 anos. Me lembro como se fosse ontem, o dia em que abri a carta da Universidade que chegou na minha casa, uns 2 meses após o vestibular. Eu estava morrendo de medo de ser apenas mais uma rejeição, porém ao ler as palavras em negrito "Parabéns, você foi aprovada'' minha casa foi a loucura. Minha mãe chorou. E meu pai deu risada.
Nunca achei que seria possível. E hoje, eu estou andando nesses corredores, tentando decidir a área em que vou me especializar. É tudo tão diferente do ensino médio. Estou apaixonada por esse ambiente.Hoje minha turma teria a primeira aula de dissecação. Eu estava ansiosa para saber se na prática poderia me especializar na área de cirurgia. Sim, ainda não sabia em que área da medicina iria atuar, mas tinha certeza que no decorrer do curso tudo iria ficar mais claro e eu iria ter um veredito final.
— Bom dia, alunos! — a nossa professora entra na classe, empurrando uma mesinha média coberta por um lençol branco. Era impossível saber o que havia ali embaixo. Talvez essa fosse a intenção — Todos estão cientes que hoje a aula é de dissecação, mas vocês sabem quem será a vítima? — ela fala em um tom brincalhão.
— Sapos? — uma garota loira levanta a mão, respondendo a pergunta da professora. Não faço ideia do nome dela, eu não tenho feito amigos desde a minha primeira semana aqui.
— Isso mesmo Hannah! — ela dá uma piscadela para a garota que havia respondido, cujo nome era Hannah, e se volta à classe novamente — Como a colega de vocês disse, hoje iremos dissecar sapos. Se reúnam em volta da mesinha.Ela retira aquele lençol branco, revelando um monte de sapos mortos. Levanto do meu lugar que não é muito longe e vou até a mesa, ficando entre um garoto bem mais alto que eu e uma menina morena.
Bisturi em mãos, era hora de começar.
— Se notarem algo estranho no organismo desse pobre anfíbio, me avisem.
Todos começam a cortar seus sapos com satisfação imensa, assim que é permitido. Já eu, respiro bem fundo antes. Após me preparar mentalmente, abro a barriga daquele pobre sapinho. O que pode ter sido uma decisão ruim, pois um cheiro horrível de coisa podre saí de dentro daquela barriga minúscula. Sem pedir licença, saí da sala na hora indo para o banheiro feminino, antes que eu acabasse vomitando lá mesmo.
— Julia? Você está aí? — uma voz masculina adentra pelo banheiro. Ao levantar minha cabeça da pia, vejo o garoto que estava ao meu lado na sala de aula — Você está bem?
— Sim, estou. — falo lavando minha boca, sentindo um forte enjoo.
— Não parece. Você precisa ir para a enfermaria. — ele se aproxima de mim e minha cabeça começa a girar — Ei, está me ouvindo?
— Estou. — falo piscando várias vezes até que minha visão voltasse ao normal.
— Mano, quer um conselho? Se você não aguenta dissecar um sapo, acho melhor desistir da medicina.
— Eu não passei mal por causa disso.
— De qualquer maneira, é melhor nós irmos para a enfermaria.
— Nós? — falo e a garota loira da sala entra no banheiro. E ao ver aquele garoto tão perto de mim, ela fica séria.
— Ryan? O que você está fazendo aqui? Pensei que fosse o banheiro feminino. — ela diz irônica.
— Eu vim ajudar a nossa colega de classe. — ele se justifica.
— Julia, a professora Tatiane pediu que eu viesse falar com você. — ela se volta à mim, esquecendo o menino ali — Seu sapo, estava com uma infecção, por isso o cheiro estava tão ruim.
— Sabia que o problema não era comigo! — falo sorrindo.
— Você já está melhor? — ela pergunta parecendo estar preocupada.
— Estou com um pouco de ânsia ainda.
— É melhor você ir para a enfermaria, pegar uns remédios e repousar no seu quarto. — ela diz pondo a mão sobre o meu ombro.
— Era o que eu estava falando para ela, antes de você entrar. — o Ryan diz bravo. Acho que é por ter sido ignorado.
— Aí, não enche! — ela fala brava.
— Eu vou seguir sua prescrição doutora Hannah. — falo sorrindo pra ela.
— Acho bom mesmo. Tenho que voltar pra sala, mas espero que você fique bem.
— Tá comigo, tá bem pra caralho. — o Ryan diz bagunçado o cabelo dela e, ela dá um tapa na mão dele. Eles parecem ser muito amigos.
— Coitada então. — ela diz e sai rindo do banheiro.
— Vamos? — o Ryan olha para mim sorrindo.Tenho que admitir, o garoto tinha um sorriso encantador. Tipo aqueles príncipes encantados estereotipados de filme infantil, com o cabelo liso e castanho, a cor dos olhos num azul-esverdeado imitando uma Alexandrita e pele tão branca quanto a neve. Ele era perfeito. O tipo de garoto inalcançável e elitista.
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Paper Hearts
Teen FictionJúlia Thompson é uma garota com uma vida simples, sem luxos e riquezas. Acostumada a não ter tudo o que quer. Na escola sempre manteve boas notas, bons amigos e um bom relacionamento com os pais. Porém, essa maré parece passar quando ela finalmente...