Júlia ThompsonQuarta-feira, 07 horas da manhã. Era o que meu alarme dizia enquanto despertava. Tentei encontrar meu celular nos lugares mais prováveis, mas quando olhei para o chão nos pés da cama, lá estava ele. Desligo o alarme que me orientava a estar na sala daqui exatas uma hora e meia. Ao olhar para lado, vejo o Ryan dormindo tranquilamente. A respiração leve e calma. Não acredito que tinha me rendido aos encantos dele.
Argh! Minha cabeça estava explodindo.
Ao me levantar da cama devagar, listo todas as tarefas que deveria fazer no decorrer do dia. A primeira seria passar na enfermaria novamente e pegar algum remédio para dor de cabeça. Nunca mais na minha vida vou beber. E depois passar na biblioteca para pegar um livro. Tomo um banho rápido, já que havia tomado um banho na noite anterior depois do sexo com o Ryan. A gente decidiu parar depois da minha colega do quarto ao lado bater duas vezes seguidas na parede reclamando do barulho. Quer que eu vá aí te fazer gritar também? Foi o que o Ryan disse para ela no segundo toque. Droga de paredes finas.
— Ei, Ryan? — me sento na cama e o sacudo de leve. Odiava ser acordada com alguém me cutucando ou gritando meu nome — Já são sete e quarenta, você vai se atrasar.
Vejo ele abrir os olhos lentamente, bocejando logo após. Em uma análise rápida, concluo que não há nenhum sinal de ressaca em seu rosto. Por que só comigo? Vai ser difícil prestar atenção na aula de hoje, se cada vez que um aluno arrastar a cadeira minha cabeça latejar. Droga de bebida
— Bom dia! — ele diz se espreguiçando — Já está pronta? Que horas são?
— São exatas sete e quarenta. Eu tenho que pegar um livro na biblioteca ainda e passar na enfermaria. O que cura ressaca?No momento em que o Ryan ia responder a minha pergunta, um bip invade os dormitórios. E logo em seguida, a voz do diretor ocupa os quatro cantos da universidade. Ele adorava ter um motivo para usar esses interfones. Era divertido convocar um aluno à sala dele, mas deixando que todos os outros saibam o que está acontecendo.
— Ryan Roberts e Julia Thompson, compareçam à diretoria. Repetindo, Ryan Roberts e Julia Thompson. Espero os dois. — com outro bip ele desliga.
E os alunos envergonhados da vez eram nós dois. Eu deveria ter desconfiado que isso não ia dar certo, principalmente depois da colega ao lado reclamar do barulho. Olho para o Ryan com uma cara de assustada e ele dá de ombros. Como se aquela situação fosse comum.
— Fica calma. Não vai dar em nada. — ele diz tentando me tranquilizar, já que eu estava inquieta.
— A menina do lado deve ter reclamado. — falo dando voltas no quarto — Eu vou perder minha vaga. Não acredito! Depois de tanto esforço.
— Ei! — ele me segura pelos ombros, me fazendo parar — Vamos na diretoria e se ele realmente souber de algo, vai tentar fazer a gente confessar. Mas é só negar. — sua tranquilidade me incomodava.
— E se ele for muito evasivo? E se tiver provas?
— Ele não tem! Câmeras nos dormitórios são proibidas. Confia em mim.
— Tá. — falo respirando fundo — A gente vai juntos?
— Não, melhor não. Se não vai dar na cara que estávamos juntos. — ele faz uma pausa, parecia estar pensando em um bom plano — Vai na frente, eu vou me arrumar e depois apareço.
— Tudo bem. — pego a minha mochila.Espero ele vestir suas roupas e calçar o tênis, para saírmos do quarto. Tranco a porta e do lado de fora tomamos rumos distintos. Evitamos toda a despedida e simplesmente dêmos as costas um para o outro. Então era assim que as mulheres se sentiam quando transavam com um cara em um dia, e no outro acordavam sozinhas em um quarto de hotel, apenas com o dinheiro para pagar a estadia. Eu nunca tinha feito isso, mas via em filmes. O patriarcado de merda.
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Paper Hearts
Teen FictionJúlia Thompson é uma garota com uma vida simples, sem luxos e riquezas. Acostumada a não ter tudo o que quer. Na escola sempre manteve boas notas, bons amigos e um bom relacionamento com os pais. Porém, essa maré parece passar quando ela finalmente...