Dueto.

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{POV RAY}

Depois de um tempo, eu finalmente acordei. Não exatamente na manhã do dia seguinte, mas sim de madrugada. Eu olhei em volta e já não estava mais no sofá, e sim na minha cama. Me levantei e fui até a sala, e no meu lugar estava o velhote. Ignorei e fui ver meu celular, que por sinal, tinha uma notificação. Era uma mensagem do Norman.

"🌹"

— Puta merda! — Sussurrei para mim mesmo, quase rezando para que não fossem seis horas da manhã, e por sorte, eram quatro e meia. Vesti uma roupa que estava jogada na cadeira do meu quarto e peguei alguma bolacha aleatória na cozinha, tudo o mais rápido possível. Nessa minha pressa toda eu acabei acordando o Yuugo, que parecia bem sonolento e com olheiras enormes.
— Pra que tanta pressa...
— O Norman mandou a Rosa e já é quase cinco horas.
— Ata... vê se você não é assaltado no caminho. — E se deitou novamente, com as costas de qualquer jeito, e bem tortas por sinal.
— Não vou. Beleza, tô saindo, volto antes das dez. — Saí de casa disparado, levando apenas meu celular e uma nota de cinquenta.
Isso pode estar sendo bem confuso por estar sem nenhum contexto, portanto eu vou explicar: Nós temos um grupo no Whatsapp chamado "🔓", mas ao invés de conversarmos nele, usamos ele para casos de emergência. Usamos emojis específicos quando queremos dizer algo, e a Rosa é basicamente um "Estou ansioso." Não é ansioso do tipo empolgado ou animado, mas sim que está nervoso e precisa desesperadamente de ajuda. Fizemos esse código especialmente para o Norman, pois diferente de mim e da Emma, ele não tem o apoio do pai quando acontece isso. Na verdade, muito pelo contrário, a razão é sempre aqueles filhos da puta. Eu sempre tive raiva deles, e depois de saber que ele tem ataques de ansiedade por causa deles meu ódio só aumentou.
Eu fui em uma quadra perto da casa dele para encontrá-lo, já que obviamente a mãe dele iria surtar se eu chegasse lá a essas horas. Ele sai escondido, seus pais sempre saem pra trabalhar ás cinco horas da manhã, então eu diria que sábado e domingo são os únicos dias em que ele tem o mínimo de privacidade.
Cheguei no local marcado jurando que estava atrasado, mas não. Estava vazio, e quando fui ver o horário, não eram nem cinco e meia ainda. Alguns minutos se passaram, e nada. Já eram quase cinco e quarenta, e mesmo assim, nenhum sinal nele. Não sabia dizer se estava nervoso, preocupado ou entediado... provavelmente os três. Então para passar o tempo e me acalmar, eu comecei a... cantar.
Dear sweet child, no need to cry. I will hold you tight... — Fiquei em silêncio por alguns segundos, e então continuei. — ...so sleep all your worries and cares away...
No need to be scared, you are out of harm's way. — Norman finalmente chega, cantando outra parte da canção. Eu pensei em parar, mas...
I will keep you safe and warm.
Love you every day.
Love you every day. — Ele se senta do meu lado, sorrindo.
Reach your tiny hands for the light.
Take your... — Não consegui continuar a música. Eu acabei me distraindo demais com algo. Não algo... alguém.
— Desculpa, eu não resisti.
— Hm? Ah, de boa. — Recebi um sorriso, mas apenas desviei o olhar e não o devolvi. Por algum motivo eu senti um... dejavu? Não, era parecido com isso. Isso já aconteceu, mas não comigo. — Enfim... você tá bem? O que aconteceu?
— Isso... é o de sempre. Só preciso me distrair. — Mesmo falando sobre algo obviamente ruim, ele não tirava aquele maldito sorriso do rosto. Eu queria ajuda-lo, mas não posso obrigar ele a desabafar. — Aliás... você canta muito bem, Ray.
— Ata.
— É sério! Sua voz é bonita, praticamente perfeita pra isso.
— The fuck? Quando eu canto parece que tô com um apito entalado na garganta. — Ele riu da minha cara, sequer tentou esconder.
— Você que pensa. Sem contar que você sabe tocar bandolim! É o pacote completo!
— Mentira, falta a habilidade.
— Teu cu.
— Pfft-
— Mas sério, você nunca pensou em... sei lá... focar nisso? Tipo, cantar.
— Não. — Mesmo discordando, ele continuou me encarando com uma cara estranha. — Talvez.
— Sabia! Por que você desistiu?
— Eu odeio cantar na frente de outras pessoas.
— Mas nós acabamos de cantar juntos-
— Mas é diferente. Você é... você. — Estava... quieto. Não sabíamos como continuar a conversa. Na maioria das vezes quem começava os assuntos era a Emma, mas a preguiçosa provavelmente ainda estava dormindo. Continuariamos naquele silêncio constrangedor, até ele deitar a cabeça no meu colo por... bom, não faço ideia.
— Hm?
— Ray, eu sei que é muita cara de pau perguntar isso, mas você pode cantar pra mim?
— Eh?! Por que?
— Me acalma.
— Eu cantando te acalma? — Assentiu com a cabeça, ainda me encarando. Por que? É só a minha voz, não é algo relaxante ou no mínimo... bom. — Tem certeza? — Ele suspirou e deu risada.
— Absoluta. Sou todo ouvidos.
— Certo... mas você tem que cantar comigo. Não vou passar vergonha sozinho.
— Tudo bem, tudo bem. Stacy's Brother? — Concordei, respirei fundo e assim... comecei.
I've been hanging out with Stacy... everybody's think were dating...
— 'Cause I spend my weekends hanging at her house.
She's a part of the cheer team... top of her class and she's prom queen...
When we study chemistry, she unbuttons her blowse...
But I got a secret, I must confess.
It's not her laugh or the way she'd dress, she's not the reason I've been thinking of love...
...every weekend, when we hang out, I lose my cool when he's around, and I don't know if this is just a crush.
How do I find the words to tell her?
...
I'm in love with Emma's brother.
I'm in love with Stacy's brother.

Bônus! :)
Músicas usadas: Isabella's Lullaby (cover by Aviance) e Stacy's Brother.
Desculpa por ser curto, nesse capítulo tentei focar mais na relação deles.

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⏰ Última atualização: Feb 07, 2021 ⏰

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Sou todo ouvidos (NorRay!AU) [CANCELADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora