A tragédia.

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Aquela tarde realmente havia sido tensa, depois do ocorrido Luíza foi embora sem ao menos se despedir de alguém. Jenny estava pensativa, calada, e eu, ah eu... eu estava exausta, e sem rumo.

Luíza após o ocorrido / estúdio/

Entrando no banheiro, Luíza desaba em lágrimas, tanto que perde o fôlego, tosse, e se vê no chão, abafando sua tristeza, errar trazia consigo suas conseqüências, e sentir o coração sendo triturado aos poucos, perder a total vontade de seguir... vinha de brinde quando cometíamos deslizes com alguém que amamos.

Meu Deus! Por que... ? Eu não agüento mais... - Luíza chorava, liberava um grito mudo, daqueles que te rasga a garganta.., colocava a mão sobre a cabeça, e chegava ao auge da dor.

Ela se levanta com dificuldade, usando como apoio a pia logo a sua frente, molhava o rosto, e no espelho observava seus olhos borrados e vermelhos, por um minuto, quase foi ao chão novamente.

Eu só preciso sair daqui... - diz enquanto enxuga o rosto, e vai para a sala de maquiagem, onde se prepara para a última parte da sessão daquele dia. Durante as fotos ela evita olhar diretamente para Ana, tudo parecia lhe causar dor, e naquele momento, tudo que se passava em sua mente era sumir.

Saindo do estúdio e de cabis baixo, Luíza para no primeiro bar que vê pela frente, e pedindo um Wisky puro, vai para a área de fumantes, abre sua bolsa, e tira uma carteira de malboro vermelho junto com um isqueiro preto, ela tira um e ascende.

Enquanto fuma e bebe, como por uma vontade suicida, olha em seu celular as fotos de Ana, algumas, de quando estavam juntas, ela acaricia o rosto dela na foto, a observa criteriosamente, seus lábios, seu traço em cada parte do rosto.. um sorriso discreto surge no rosto de Luíza, como alguém que perde o chão e já um pouco tonta, se encosta na parede com a cadeira, traga o cigarro, e olha para o céu, deixando escorrer uma lágrima do seu olho direito.

As horas estavam passando muito rápido, ela saíra do estúdio Às 16:00hs, e agora já eram 21:50h, mas isso parecia um detalhe sem importância para Luíza, que agora em um pedaço de guardanapo escrevia:

"..Para sempre irei te amar, mesmo que em outra vida.."

Ela se levanta, e muito tonta paga a conta e se dirige até seu carro, entra, liga o som e ouve

Maudli Strangers - Penny.

Acho que está na hora.. - diz enquanto confere os bolsos da sua jaqueta de couro marrom, o guardanapo estava lá, ela engata a marcha e começa a dirigir em alta velocidade por uma estrada que naquela hora, às 22:20h da noite estava completamente vazia.

Ana após o estúdio..

O que havia acontecido? O que eu deveria fazer, como agiria? Eu não poderia simplesmente esquecer tudo o que Luíza havia feito.. eu não perderia Jenny, eu estava confusa, mas a amava, e isso era uma certeza incontestável.

Durante o caminho para casa, Jenny está calada, pego em sua mão em um sinal, olho em seus olhos cheios de preocupação e medo, sorrio..

Você sabe que eu nunca a deixarei não sabe? Eu te amo, e ninguém mudará isso. - Em retribuição ela me beija, o sinal abre e logo outros carros começam a buzinar, seguimos em frente.

Ao chegar em casa, Jenny vai direto para o quarto, enquanto ponho minhas bolsas sobre o sofá e em seguida abro a geladeira. Pego uma Heineken, abro a janela da cozinha, bebo enquanto observo o céu estrelado, eram 19:59 da noite, devido ao trânsito caótico demoramos bem mais do que o normal para chegarmos.

Aquela tarde realmente foi complicada e cansativa, tanto para mim quanto para Luíza e Jenny, que agora estava em nosso quarto bebendo sentada sobre a cama enquanto escrevia em seu diário, séria e já de pijamas e concentrada, percebo que o melhor a fazer é deixá-la só ao menos naquele instante.

O Anjo (Um romance lesbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora