1. Filantrópica

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Era uma sexta-feira normal. Mônica estava no consultório dentário onde trabalha já há uns três anos. Um paciente novo aparece, e de forma bem idiota, começa a flertar com ela:

— Bom dia doutora, como vai?

— Bom dia, em que posso ajudá-lo? — Ela o responde educadamente.

— Sou um novo paciente... Não me contaram que uma moça tão graciosa e voluptuosa seria a dentista. Nossa, estou louco pra ser atendido por você. Pode me atender agora?

— É o que? — Ela exclama, abismada com a sinceridade do rapaz. — Olha, eu sinto muito, mas eu não sou a dentista. E a doutora Ana não está na sua sala agora. O senhor gostaria de agendar com ela?

— Você não é dentista? — Ele perguntou, mudando completamente sua expressão.

— Não, sinto muito... INFELIZMENTE não sou. — Enfatizou. — Sou a recepcionista.

— Oh, me perdoe! É que você é tão bonita e elegante, não parece que é uma simples recepcionista.

— Simples?

Mônica o olhou de rabo de olho, levando aquilo pro lado pessoal.

— Olha aqui... — Ela disse, arregaçando suas mangas graciosamente. — Eu sou a recepcionista, mas não sou nada simples. Não vê esse meu sapato? Ele custa mais de 500 dólares! Comprei direto nos Estados Unidos. Eu entendo de estilo, meu bem, ao contrário de certas pessoas que não sabem nem combinar cores...

O homem se sentiu ofendido:

— Era um elogio, madame! Espera aí, está falando da minha camisa laranja com meu tênis de corrida roxo? Nossa não sabia que você era tão mesquinha...

— Ah, vai te catar! Parece até aquele boneco alienígena, o Alfie... deve ser da sua época, você deve conhecer.

O rapaz retrucou:

— Nossa, me chamando de feio mesmo? Você é louca! Eu te elogiei, maluca!

— Maluca é a senhora sua mãe! Quer saber? Eu sou demais pro teu caminhãozinho! Você jamais vai tocar nessa minha pele de seda!

— Hahaha é louca mesmo!

O homem dava voltas dentro da clínica, claramente irritado. Mônica o cutucou:

— Olha seu desleixado, vai querer a consulta com a doutora ou não? Talvez ela arrume tempo para ver esses seus dentes estragados... ou talvez você tenha errado de médico e precise de um psiquiatra! Ou quem sabe até um personal stylist, pra curar essa breguice!

— Que rude! Com essa ignorância, agora só vou querer ver a doutora se eu tiver um desconto...

— Sinto muito, pra você nem amostra grátis de escova de dente.

— Então não, obrigado... não piso nunca mais aqui, só pra não ter que ver essa sua cara de maracujá de gaveta. Parece até que chupou um limão!

— Mas o quê? Olha, vai ver se eu tô na esquina, então... não faz falta. Você não passa de um pobretão mesmo. Duvido que ia ter dinheiro pra pagar um mísero procedimento que temos aqui...

— Ignorante!

Assim que o homem sai, Eve aparece no consultório numa visita surpresa a sua mãe, que bufava de raiva. Com estilo, é claro:

— Filha! Que bom te ver! Como está sendo seu dia?

— Oi mãe, tudo ótimo! O que houve com esse cara que acabou de sair? Parecia estar soltando fumaça...

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