6. Melhor amiga

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Depois de se empanturrarem com cachorro-quente, Eve e Kason voltaram pro carro. Sem saberem direito onde ir, Kason sugeriu que fossem a um parque onde algumas pessoas costumavam fazer churrasco e piquenique. 

Ao chegarem lá, eles caminhavam enquanto conversavam sobre diversos assuntos:

— Eu entendo você, Kason. Junk food é gostoso, mas não é nada saudável você ficar comendo só isso, todo santo dia... — disse Eve, repreendendo o cunhado.

— Eu sei que não é, mas eu acho que tô viciado. Eu quase passo mal se não comer pelo menos um hambúrguer ou um miojo todo dia.

— Nossa! E como você não engorda?

— Na verdade, eu ando muito de bicicleta, e malho uma vez por semana na academia da minha casa...

— Wow, ter uma academia em casa parece ser legal! Bem melhor que malhar com um monte de desconhecidos.

— Eu não curto muito não. Malhar sozinho é chato, desanima. Por isso prefiro a bike, assim vejo pessoas e lugares, e sinto a brisa passando por mim...

— Isso tenho que concordar. Acho que quando for uma médica ao invés de carros do ano vou querer ir trabalhar de bicicleta hahaha... 

— Eu só uso bicicleta para trabalhar.

—  Aliás, do que você trabalha exatamente?

— Bom, minha vó estava me treinando na empresa nas últimas semanas, então eu ficava por lá mesmo, mas agora não sei como vai ficar. Hoje consegui um bico numa cafeteria. Um amigo meu pediu ajuda pois eles estão inaugurando e estão sem pessoal para uma demanda alta.

— Entendo... você e sua vó parecem mesmo ter um relacionamento difícil.

— Eu amo a minha vó, não vou dizer que não amo. E eu até entendo ela... eu sou o único herdeiro da família. Se eu não tomar meu lugar de direito, não terá outra pessoa. Mas, eu me sinto fora da caixa quando estou lá... — ele dizia, coçando a cabeça. —Não é o que quero fazer pro resto da vida. Não é nem pelo trabalho, mas eu não quero me tornar uma pessoa como aquela, morando em uma sala moderna, sem tempo pra viajar direito ou para passear num parque como esse. Eu gosto da minha liberdade, e essa rotina de escritório acaba comigo.

Eve prestava atenção no que Kason dizia. Ele parecia estar sendo sincero, mas em sua pontinha de desconfiança aquilo parecia ser algo tão clichê... um riquinho que não se encaixava na sociedade nobre, algo que qualquer um inventaria fácil. 

— A mesma história que é contada em diversos livros e filmes. Tão previsível! — Ela pensava.

Kason parou de falar e sorriu. Eve não entendeu nada.

— Desculpe, eu fiquei quieta mas estava ouvindo você, Kason.

— Eu sei. Eu que peço desculpas, estou falando de coisas tristes. Às vezes tenho essa mania, Pam até briga comigo... não quero pensar nessas coisas agora nem te deixar triste com essa história besta. Deve parecer até clichê pra você isso tudo, né?

Bingo! Kason leu a mente dela outra vez. Eve tentou disfarçar.

— Não, que isso! Eu entendo, sei que isso acontece mesmo. Tenho alguns colegas que vivem a mesma coisa. 

—  Sério?

—  Não se preocupe, eu não fico triste com isso. Você não faz mal em querer essas coisas. Nossa vida é uma só, se a gente não vive do jeito que nos agrada, então pra que vivemos? Claro, existe o certo e o errado e basear nossas escolhas buscando um equilíbrio nisso é o melhor a ser feito. Eu tenho meu próprio senso de moralidade, assim como você tem o seu, e cada um meio que tem seu próprio "certo e errado"... mas se não colocamos isso numa balança e buscamos o equilíbrio, as coisas desandam. Você perde o controle da própria vida.

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