Segunda Parte

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  — Ciao! — o recém-chegado cumprimenta alegremente enquanto eu o encaro como se ele fosse algum dos Fantasmas de Scrooge

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  — Ciao! — o recém-chegado cumprimenta alegremente enquanto eu o encaro como se ele fosse algum dos Fantasmas de Scrooge.

  Do outro lado da soleira da porta está ninguém mais ninguém menos que o meu pedido de Natal para o Papai Noel, caso o bom velhinho realmente existisse, aquele italiano loiro segurando uma sacola de plástico com a logo do meu restaurante favorito enquanto um brilho sapeca brinca em seus olhos azuis.

  Ele abaixa a máscara e sorri exibindo descaradamente dois dos meus pontos fracos naquele corpo de quase um metro e oitenta de altura, os lábios rosados e o sorriso arteiro.

  — Você... O que... Como... — Estar sem palavras é pouco comparado ao ao estado, eu mais pareço um peixe fora d'água e tenho certeza que devo estar com uma cara de palerma, pois o sorriso de Christopher aumenta.

  Fecho os olhos e respiro fundo para me recompor. Ao abri-los me deparo novamente com o sorriso que me desarma, mas eu não posso perder as estribeiras logo agora.

  — O que você está fazendo aqui, Christopher? — pergunto tentando manter um tom sério e cruzando os braços.

  — Boa noite para você também, Adam. Estou bem também. Entrar? Claro, eu adoraria! — ele fala com sua animação típica e eu reviro os olhos.

  — Você não deveria estar em algum lugar no meio do Canadá? — indago controlando o meu sorriso besta.

  —Toronto não fica no meio do Canadá — o italiano diz tentando fazer graça. — Não é melhor você me chamar para entrar primeiro? Acho que seu síndico não vai gostar se me flagrar parado aqui. — Christopher pisca inocentemente, mas eu conheço bem esse diabinho em pele de cordeiro e inocente com certeza não está nem na lista de adjetivos que eu associo a ele.

  Abro espaço para que Christopher entre e fecho a porta antes que o Seu Ernesto, o síndico, apareça e me dê outra advertência. Ele havia cismado semana passado que o gato que vive aparecendo na portaria é meu só porque uma vez tive o azar dele me flagrar fazendo carinho no bichano e, toda vez que o Senhor Patas faz alguma estripulia, ele me dá uma advertência.

  — O que você está fazendo aqui, Christopher? — pergunto vendo o loiro tirar os sapatos e pendurar o casaco e a máscara no cabideiro do pequeno hall de entrada.

  — Ora, vim passar o Natal com você — responde simplista mantendo o sorriso que faz minhas estruturas abalarem e desmoronarem.

  Eu pisco aturdido. Christopher some atrás do balcão que divide a sala da cozinha e escuto o barulho das portas dos armários.

  Para mim, ele só pode estar brincando com a minha cara. O italiano já deveria estar na casa dos pais a essa hora, esperando todo lindo pela ceia farta que a mãe dele com certeza deve fazer todo ano e não no meu pequeno apartamento no subúrbio da cidade.

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