Tori Victory Still

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Acordo com o barulho do meu despertador. Me viro na cama observando o sol invadir o quarto. Meu primeiro dia de faculdade começa hoje. Levanto da cama e vou para o banheiro. Assim que sinto a água cair em meu corpo, sinto também o peso dos meus ombros indo embora. Esperei por esse momento a vida inteira e finalmente ele chegou. Nem acredito que meu sonho está se realizando. Mesmo meus pais não me apoiando muito no início, eu sei que é o certo. Sempre senti que é esse caminho. Quando a confirmação da faculdade chegou, pude ver pela primeira vez os meus pais contentes por mim. Sei que para eles pode ser algo diferente, pois vindo de uma família de médicos, meu pai sempre esperou, e deixou bem claro, que queria que eu seguisse a tradição como meu irmão. Queria que o V estivesse aqui hoje. Ele pode ser um tremendo de um chato inconveniente quando quer, mas ele faz falta, principalmente hoje. Sempre dissemos que ele me levaria para a faculdade no 1º dia. Sinto uma lágrima querer cair mas respiro fundo, a seco e continuo, voltando do transe.

Me enrolo na toalha e sigo para o quarto. Pego a roupa que estava separada, um vestido branco com detalhes em preto que vai até o joelho, fazendo com que minhas pernas fiquem à mostra. De frente para o espelho solto meu cabelo e como ele é curto, consigo secá-lo rápido. Passo o delineador fazendo o contorno dos meus olhos puxados, passo um batom claro, volto para o espelho mais uma vez para me certificar que está tudo pronto. Olhando de cima a baixo, fico contente com o resultado. Esse vestido sempre cai bem, por isso gosto tanto dele. Calço uma sandália de salto não muito alto, pego minha bolsa de alça que estava pendurada na porta guardando apenas o necessário dentro dela. Pego alguns materiais e croquis na mesa e levo-os na mão mesmo. Desço as escadas e observo olhares na minha direção. Sorrio tímida para meus pais e me dirijo à cozinha. Sento à mesa para tomar meu café.

- Bom dia filha. - Minha mãe vem até mim e senta ao meu lado - Está ansiosa?

- Bom dia mãe. Não, até que estou tranquila. - Minto para ela e para mim mesma.

- Bom dia cristalzinho do papai. - Meu pai vem com um enorme sorriso e me dá um beijo na testa. Sorrio para ele, mas na realidade lembrando da cara que meu irmão faria se estivesse aqui vendo a cena. Meu pai sabe que eu detesto esse apelido, mas não é hora e nem dia de conflito.

- Bom dia pai. - Digo de boca cheia

- Eu irei te levar na faculdade hoje. - Ele diz e termina sua xícara de café.

- O quê?! - Praticamente grito. Espero que seja uma de suas brincadeiras. - Ah pai, não precisa. - Digo rápido na esperança de dissuadir ele.

- Precisa sim. E é caminho para o hospital.

- Ah, ok. - Digo suspirando.

- Se estiver pronta, precisamos ir. - Meu pai sai da mesa em direção à sala.

Levanto da mesa e vou escovar meus dentes e retocar o batom. Assim que volto, minha mãe avisa que meu pai já está no carro me esperando. Dou um abraço nela e pego minhas coisas. Entro no carro e meu pai dá a partida sem falar nada. Fico em silêncio também, já que o frio na barriga e o suor nas mãos me impedem de pensar em alguma coisa. Não faço a mínima ideia de como será na faculdade.

- Você está decidida mesmo com essa ideia de moda filha? Você deveria fazer como o seu irmão e seguir a tradição da família. - Meu pai interrompe o silêncio.

- Pra que? Ser infeliz como ele é só pra te agradar? Desculpa, mas não quero perder minha vida em algo que não tenho a menor vontade ou aptidão e o Sr. sabe bem disso.

- Seu irmão não é infeliz.

- Como você sabe? Tem anos que não se falam!

- E você sabe? Ele fala com você? - Um relance de preocupação com o V? Agora? De onde saiu isso?

Saranghae - Meu amor coreano (quase) impossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora