A babá • mahana ✨

Cap.8 - Tenho que esquecer

Desculpe por qualquer erro, boa leitura 💖

POV Ohana

Ela estava olhando para mim e eu já estava ficando nervosa. A sala parecia estar cada vez menor e o oxigênio parecia estar acabando. O tempo passou em câmera lenta. Eu estava nervosa, engolia seco e minha respiração estava descompassada. No momento em que ela pôs seus olhos na minha boca eu gelei e um tremor percorreu meu corpo. Era ela a menina com quem esbarrei? Será isso que a deixou nervosa? Sua boca se abriu lentamente e o clima pesou.

Pi pi

A babá eletrônica apitou e logo o choro de João ecoou pelo ambiente. Eu dei graças a Deus que o menor havia acordado, eu tinha uma desculpa para sair dali. Neguei sutilmente com a cabeça e engoli seco. Me levantei e fui para o quarto so garoto

O que foi isso? E porque eu senti uma vontade inevitável de beija-la? Eu não sei, mas sabia que tinha que tirar estes pensamentos da minha mente. Eu não estava errada, eu a conhecia de algum lugar. Seu olhar já era familiar na minha mente, aquela menina me deixa confusa. De uma coisa eu sei, não posso nem pensar em ficar com ela. Seu corpo é bonito, bem desenhado com curvas bem definidas, se eu não fosse trabalhar para sua família, eu com certeza ficaria com ela. Mas infelizmente o destino decidiu que teria que ser assim

- Ohana: Tá sem soninho joão ?
- joão : Hum rum - o menino resmungou ainda sonolento

- Ohana: O que você acha de tomar um banho e depois brincarmos de... - o menino me interrompe

- João : Construtor

- Ohana: Ótima ideia

- João : Tô com fome - ele diz fazendo bico

- Ohana: Antes de brincar nós fazemos um lanchinho, pode ser?

- João : Mas Ohana?

- Ohana: Sim

- João : Eu preciso tomar banho?

- Ohana: É claro que sim, vai ficar cheirosinho

- João : Mas eu não quero

- Ohana: Hmm, então vai ficar sem uma estrelinha - ele me olhou pensativo

- Felipe: Tá bom tá bom, eu tomo

Sorri e passei a mão na sua cabeça. Peguei o menino no colo e levei para o banho

Minutos depois estávamos descendo as escadas da enorme mansão. João segurava uma de minhas mãos enquanto a sua outra estava se apoiando no corrimão. Eu o ajudava a descer lentamente para que ele não caísse. Chegando no andar de baixo, Mariana já não se encontrava mais ali e eu suspirei aliviada. Com que cara eu olharia para ela agora?
- Ohana: O que você quer comer pequeno?

- João : Melancia!! - disse animado me fazendo sorrir

- Ohana: Hmm, que ótima escolha. Qual sua fruta preferida? - disse fatiando os pedaços da fruta escolhida

- Joao : Melancia

- Ohana: Eu também gosto

Preparei tudo e uma das horas mais temidas por mim haviam chegado. João estava gripado e está na hora dele tomar seu remédio. Essa é a única parte que eu não sou boa. Mariana já me adiantou que João era péssimo com remédios

POV Mariana

Despois daquele acontecimento eu decidi por algum motivo visitar a academia nos fundos da minha casa. Eu precisava tirar isso da minha cabeça. Peguei a luva de boxe e soquei com força o saco de pancadas. Descontar minha raiva ou mágoa na academia sempre me ajudou. Venho aqui frequentemente para me esqucer de meus problemas. Eu chutava, corria, socava, tudo para que eu pudesse esquecer o mundo a minha volta

A morte é agressiva em todas as suas esferas. Seja no acidente que ninguém esperava, seja no ventre da mãe, seja no paciente terminal, seja no cidadão com morte cerebral declarada, seja no inconsequente que vivia brincando com a vida, seja no idoso de quase 100 anos. Não interessa. Ela assola, nos deixa devastados, impotentes, perplexos, nos faz tremer e temer. Afinal quando vai chegar nosso dia? Ou pior: quando vai chegar o dia daqueles que amamos?

Estar em um velório é algo curioso. O morto não é só aquele que está dentro do caixão, imóvel. Morrem também várias pessoas ao redor. Sim, elas respiram, andam, falam, seus corações ainda batem. Mas uma parte... aliás, me arrisco a dizer: uma GRANDE PARTE é enterrada junto com o ente querido. Os sonhos, as risadas, os planos, os abraços, a voz, o aconchego, a alegria. Vai tudo embora. Sorte a nossa que nos restam as lembranças boas, ainda que em certos momentos evitamos até lembrar. Machuca demais +

- Mariana : Mas que droga!! - bufei

Minha água havia acabado. O calor no Rio estava intenso nestes últimos dias. Peguei a garrafa d'água vazia e fui para a cozinha reabastece-la. Quando fui chegando perto, pude ouvir a doce voz de Ohana. Diminui o ritmo dos meus passos e fui parando longe da porta para que ela não pudesse me ver. Olhei no relógio, já eram 16h30, era a hora mais difícil do dia, Felipe vai tomar remédio. Escutei atentamente como ela tratava o garoto

"Joao você sabe que horas são?" - disse Ohana

"Não"

"É hora desta gripezinha chata ir embora"

"Eu não quero tomar remédio!!!" - pronto, agora Ohana terá que lidar com a criança birrenta que ele não foi o dia todo

"Posso te contar um segredo?" - disse a menina

"Que segredo?"

"Uma vez, um dos duendes do Papai Noel me contou que as crianças que tomam remédios são as preferidas do Papai Noel" - boa jogada
"Sério???" - ele disse empolgado

"É claro que sim. Ele também me disse que esses são os primeiros a receber os presentes na noite de Natal e ganham o que pedirem" - Ohana Lefundes, você é realmente boa

"Tá bom, tá bom, eu tomo o meu remédio"

Ela conseguiu... ela conseguiu! Eu estava impressionada. João não fez birra alguma e tomou tranquilamente. Ela é realmente boa, sabe como lidar com as situações. Diferente de mim, que não tenho paciência para essas gracinhas de João . Vi a loira entregar o prato com o que parece ser melancia para João . Ela se sentou e ficou observando o menor. Seu jeito calmo e atencioso são encantadores, e sinceramente, me dá inveja

Decidi não atrapalhar e vi que eu podia aguentar mais um pouco essa sede. Voltei para a academia e dessa vez eu corri até não aguentar mais

POV Ohana

Eu estava na sala com João . Ensinei ele a fazer um aviãozinho de papel e agora ele jogava a dobradura de um lado para o outro do cômodo. Eu observava atentamente o garoto para que ele não se machucasse. Em meu colo havia um cachorro grande de cor branco e preto, João me disse que ele se chama Tobias

Ouvi a porta da área externa ser aberta e logo lancei meu olhar, era Mariana. Uau!

CONTINUA...

Acharam mesmo que eu ia ter beijo né ?? HAHAHAHAHAHA.