Família Kinsey

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(narrador)
O vento frio do inverno, assoprava suavemente as mechas escuras do cabelo de Halley enquanto ela caminhava tranquilamente pelas ruas quase vazias de Haliday City em direção a escola. Era de manhã e estava muito cedo para ter qualquer tipo de movimento na cidade.

   Mas Halley nunca se importava com isso, não era o tipo de garota que sentia medo com facilidade. Já havia passado por muitas coisas para sentir qualquer tipo de medo medonho que aquela cidade oferecia.

Enquanto fazia seu caminho para o seu colégio, Halley não pode evitar pensar na mãe. Era quase que involuntário não poder pensar nela quando estava sozinha. Esse era quase que o seu passatempo diário.

Verônica sua mãe, havia conhecido seu pai, Jake Kinsey na faculdade de arquitetura que ambos faziam. Era uma mulher realmente deslumbrante, tanto fisicamente com os seus belos olhos verdes, e cabelos avermelhados. Quanto intelectualmente, com uma inteligência admirável, e uma paixão ardente por livros, e tudo aquilo que possuía palavras, costumava disser que as poesias eram desabafos internos de uma alma aflita. Oque segundo seu pai, Jake, fez com que tivesse se apaixonado perdidamente por ela.

Já Jake, era fascinado por números, e equações matemáticas. Gostava de ajudar os filhos a fazerem cálculos nos deveres da escola, e sempre que podia estudava com eles.

Após dois anos e meio de relacionamento, quando já haviam terminado a faculdade, e trabalhavam juntos em grandes projetos de construções. Jake finalmente pediu a mão de Verônica em casamento, e em menos de um ano, ela já era a senhora Kinsey. Mas foi apenas seis meses após o casamento, que a família começou a aumentar com a chegada do primeiro filho do casal.

    Mark, tinha cachos ruivos lindos e sardas espalhadas pelas suas bochechas, assim como a mãe. Mas possuía os olhos castanhos, brilhantes e o formato de nariz de Jake.

   Alguns anos após o nascimento de Mark, veio Alex, que segundo a mãe era a cara do pai. Tinha cabelos lisos e escuros, e olhos castanhos esverdeados que eram a mistura perfeita dos de Verônica e Jake. Aquela altura tudo parecia perfeito para a família Kinsey.

  Mas então, de surpresa Halley chegou na vida deles. Não foi uma gravidez planejada, mas Jake amou a notícia de ser pai de uma menina. Vivia paparicando a bebê quando nasceu, onde quer que Halley estivesse, Jake sempre estava junto. Ele amava muito os três filhos, mas tinha um carinho e uma ligação especial com a filha mais nova. Ela possuía o sorriso e os olhos da mãe, e Jake simplesmente adorava isso. A filha poderia ter nascido idêntica a mãe, sem nenhuma interferência do pai, que Jake não se cansaria de observa-la dormir todas as noites, como sempre fazia. Mas os traços dele estavam lá, no cabelo castanho e nas covinhas da bebê. Para ele, não poderia ter nascido mais perfeita, a família estava no auge da felicidade.

Mas não durou para sempre.

Uma semana antes do aniversário de seis anos de Halley. Enquanto os irmãos estavam na escola e ela aos cuidados da tia paterna. Jake e Verônica, foram juntos ao banco criar uma conta bancária para garantir o futuro dos filhos.

Quando o assalto começou.

No começo, a intenção dos assaltantes não era matararem, só queriam o dinheiro. Mas as coisas saíram do controle.

Um dos seguranças reagiu ao assalto, oque levou um dos cinco bandidos a atirar contra ele. Foram três balas contra o segurança, mas uma bala perdida atingiu Verônica, perfurando seu pulmão direito.

  Ela não podia respirar, e seu único pensamento era de que não podia deixar seus filhos. O sangue manchava seu vestido azul, e fazia contraste no chão branco onde se deitava aos poucos por falta de forças. Os gritos das pessoas de desespero ficava cada vez mais abafado, e os olhos de Verônica pesavam cada vez mais.

Até sentir alguém balançar seus ombros, a trazendo de volta a realidade.

- Ei! Amor, fica comigo! - gritava o homem que a segurava, era Jake - Não feche os olhos por favor!

Verônica sabia oque isso significava, ela estava morrendo, aos poucos, mas estava. Então juntou o restante de força que lhe havia sobrado. E com o máximo de esforço possível olhou no fundo dos olhos do homem que amava, e disse as suas últimas palavras, antes de seu coração parar.

- Cuide deles Jake. - Ela sussurrou com dificuldade, Jake não precisava perguntar de quem, ele sabia muito bem, de quem ela falava - Diga que mamãe os ama muito...

E a sua voz parou, junto de seu coração. A levando para o desconhecido...

Foram anos dolorosos para ele, mas principalmente para os filhos, que sentiam falta da mãe. Algumas vezes podia ver Mark observando fotos de Verônica com os filhos, ou  Alex mechendo nos livros que a mãe costumava ler.

  Mas foi Halley, quem lidou com a morte da mãe, da pior forma possível.

Ela não falava, não comia, e não dormia porque os pesadelos não a permitiam. E ver aquilo acontecer com a filha, destruía Jake. Foram três anos, até uma melhora considerável. E depois de muitas consultas ao Dr. Green, Halley conseguiu superar a perda da mãe.
( Ou pelo menos, a maior parte dela )

Jake estava redescobrindo a felicidade com os filhos, quando se apaixonou outra vez. Após cinco anos sem dar atenção para relacionamentos amorosos, ele estava finalmente conseguindo amar alguém.

E foi então, que depois de dois anos de relacionamento com Derek Green, (o psiquiatra que ajudara Halley a superar a morte da falecida esposa) ele se cassou novamente.

   E a família pode ser feliz outra vez.

                  ***

- Halley? - falou uma voz feminina, assim que a jovem senhorita Kinsey, adentrou os portões da escola.

  Halley saiu de seus pensamentos sobre a mãe, deu meia volta, e encarou Anna, sua prima postiça. As duas eram amigas, não do tipo melhores amigas. Mas o suficiente para confiarem uma na outra.

- Anna! - respondeu animada, abraçando a prima. - Como você está?

- Ótima! E você? - se separou do abraço de Halley, para olha-la - Se encrencou muito por causa de ontem a noite? - Perguntou culpada.

- Alex me dedurou, e agora não posso sair de casa por uma semana.

- Me desculpa Halley, eu não queria que isso acontecesse.

- Tá tudo bem Anna. - Halley sorriu - Eu teria feito tudo de novo pra te ajudar.

  A conversa das primas foi interrompida pelo barulhento sino do colégio. Mais um dia de aula havia começado.

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⏰ Última atualização: Feb 02, 2021 ⏰

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