Melanie
Fecho a porta da minha casa e, solto um suspiro, finalmente eu estou no meu lugar, mesmo que por pouco tempo.
As últimas horas não foram muito boas, depois que sai daquele quarto, fui correndo para o meu arrumar minhas coisas, eu não ia ficar nenhum mais um minuto perto daquele homem, claro que não demorou muito para as batidas na minha porta começarem, eu ignorei todos os seus apelos, todas as suas palavras doces e mentirosas e me foquei em apenas terminar minha mala, quando tudo estava pronto, fui até minha porta, ele ainda estava lá.
Estava com a mesma roupa de manhã, seus olhos estavam vermelhos e inchados de chorar, seu estado estava de dar dó, por um momento, só por um momento, me senti fraquejar. Olhar para ele assim e não sentir nada era impossível, mas então eu respirei fundo e tudo o que havia acontecido voltou para a minha mente claramente.
Passei por ele sem olhar para trás, mas sabia que estava me seguindo.
— Melanie, para um pouco, vamos conversar – o desespero em sua voz é nítido.
Não respondi apenas continuei a andar, entrei no elevador que havia acabado de abrir e ele como esperado me acompanhou, havia mais 3 pessoas lá, me mantive o mais longe possível dele.
Quando o elevador parou, fui direto para a recepção fechar a minha conta, com ele ainda atrás de mim.
Estava até parecendo minha sombra.
Assim que acerto tudo, vou para a entrada do hotel, pegar um taxi até o aeroporto, quando consigo um, o motorista vem me ajudar a guardar as malas tudo sob o olhar de Eduardo.
Quando estava entrando no taxi ele puxa meu braço me impedindo.
— Por favor, não vai! Eu sei que se você ficar e a gente conversar, você vai entender.
— Eu nunca vou entender. Nunca! Eu não vou ficar, nada vai me fazer ficar aqui e ouvir qualquer coisa que possa sair dessa sua boca mentirosa.
— Então me espera, eu vou subir e pegar algumas coisas. Eu vou com você! – Tenta mais uma vez.
— Eu não quero ir com você! Eu não quero nunca mais ter que olhar na sua cara. Que parte você não entende! Tudo que eu quero é que você me deixe em paz! — Grito perdendo o controle.
— Deixa eu ir com você? — Sussurra.
— Não!
— Eu não vou mais repetir isso Eduardo. Acabou! Já falei, volta para sua namorada e esquece o que aconteceu nesse um mês, finge para você e para ela que você ficou aqui só trabalhando como disse, me esquece e esquece tudo isso, por que eu já esqueci — digo cansada.
Tiro a mão dele do meu braço e entro dentro do taxi. Não sei quando começou, mas estou chorando e não consigo parar.
Quando chego no aeroporto, finalmente estou mais calma.
Enquanto aguardo meu voo recebo uma ligação, não estou com vontade de falar com ninguém, nem mesmo para dizer que estou voltando, mas me forço a ver quem está me ligando.
Fico surpresa ao ver que é o meu chefe, Dr. Augusto Aguiar é um dos neurologistas mais respeitáveis no nosso meio, é o chefe da neurologia do hospital onde trabalho.
Mesmo sem animo, me forço a atender sua ligação, deve ser algo importante.
— Alo – falo ainda com receio.
— Dr. Melanie, tudo bem? – Pergunta cordial como sempre.
— Sim, Dr. Aguiar, tudo bem e com o Senhor?
— Estou bem, desculpe ligar e atrapalhar o restante de suas férias, mas é algo importante e acho que a Senhorita vai gostar.
— Sem problemas Doutor, pode falar – aguardo em silêncio.
— Você não cogitaria a ideia de encurtar esses últimos dias de férias? Vamos ter um grande congresso sobre Neurologia no Sul e queria muito sua presença nele, você teria que estar lá no começo da semana, sei que ainda está de férias, mas é uma ótima oportunidade profissional. O que me diz?
Penso um pouco, não tinha planos em casa de qualquer forma já que iria voltar na outra semana, e ficar trancada não iria me ajudar em nada. O melhor seria colocar a cabeça no trabalho.
— Acho uma ótima ideia, pode me passar todos os detalhes por e — mail? Estarei lá. Muito obrigada por se lembrar de mim, Dr. Aguiar – finalmente respondo.
— Fico muito feliz em ouvir isso, pode deixar que mandarei os detalhes, até breve Dr. Melanie.
Finalizamos a ligação com comprimentos gentis e me afundo na cadeira onde estou sentada, focar no trabalho é o melhor a fazer.
Apesar de tentar me concentrar no congresso ou na minha eminente volta e poucos dias em casa, minha mente insiste em voltar para ele.
Depois disso fiz tudo no automático, até que estava em casa.
Não tive forças e nem animo para desfazer as malas, mas sei que precisarei mexer nelas para a próxima viagem. Tudo que meu corpo me permitiu foi tomar um banho e me deitar, coloquei uma blusa grande e larga e fiquei de barriga para cima olhando para o teto.
Não contei para ninguém que voltei, meus planos são ficar trancada até viajar novamente, quando já estiver no Sul, falo sobre o congresso e esse tempo a mais fora de casa.
Por enquanto preciso descansar e esquecer aquele canalha.
— Como você é idiota Melanie! – Falo para mim mesma, batendo nas almofadas que estão por ali.
Naquele momento me deixo levar, choro, grito, bato em tudo que vejo pela frente, mas nada faz essa dor sumir ou diminuir, por fim caio na cama em meio as lágrimas.
Hoje eu posso estar quebrada, desiludida e sofrendo, mas amanhã eu vou estar inteira novamente, serei aquela Melanie de sempre, só que agora com um coração quebrado, mas a mesma Melanie.
— Amanhã é um novo dia! – Digo para o quarto vazio, assim como eu.
Meu celular tocava em algum lugar, um pouco mais calma levanto e vou atender, mas o mesmo para de tocar.
Era Miriam, foi bom ter caído na caixa postal, não é boa ideia falar com ninguém agora, quero ficar sozinha. Já ia desligar o celular quando notei que havia uma mensagem, quando abro meu coração da um pulo.
É ele.
"Sei que menti e te magoei, estou sofrendo mais do que você por isso, acredite!
Mas vou respeitar sua decisão, não vou mais te procurar, vou seguir minha vida, quero que você seja muito feliz mesmo que não seja comigo.
Eu te amo, isso nunca vai mudar, você é o amor da minha vida inteira, a que vai ficar marcada em mim, e é por isso que estou te deixando ir, pois quem ama liberta. Espero que um dia possa me perdoar! Eu te amo"
Por incrível que pareça não choro, aquela mensagem era o que eu precisava para seguir em frente. Bloqueio e excluo seu número.
É Melanie, a vida continua e amanhã é outro dia!
Fico repetindo isso até voltar para a cama e cair no sono.
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Surpresas do Destino - Degustação
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