Capítulo 8

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Melanie

Minha ficha não queria cair.

Fiquei lendo uma, duas, três vezes aquela mensagem, mas ainda não consegui acreditar.

Ele não pode ter mentido esse tempo todo, foi um mês inteiro comigo, ele não ia conseguir esconder uma namorada, teria telefonemas, coisas desse tipo, mas não teve nada, o tempo todo ele estava comigo.

Meu Deus, quem eu estou querendo enganar?

Ele mentiu, todo esse tempo o que tivemos foi uma mentira, aquela mensagem era a prova disso.

Não consigo controlar as lágrimas que descem sem parar, como eu pude ser tão burra? Esse tempo todo eu me mantive fechada, não deixava ninguém se aproximar o bastante para ter sentimentos, e no final o que adiantou?

Ele chegou e acabou com tudo!

Eu o amava, como nunca quis amar alguém, mas é uma mentira, ele é uma mentira. Eu nem mesmo sei quem ele é de verdade, se é o cara carinhoso e apaixonado com quem passei um mês incrível ou o mentiroso que me enganou todo esse tempo enquanto era comprometido?

Fecho meus olhos com força, e respiro fundo, não vou me abalar por isso, sempre fui uma mulher forte e decidida, não vai ser agora que irei fraquejar, eu o amo, mas não vou tolerar toda essa mentira.

Me levanto e começo a arrumar as minhas coisas que estão no quarto dele, coloco tudo dentro de sacolas, me troco e estou pronta para ir embora.

Não vou sofrer por ele, vou voltar a ser quem eu era, a mulher que não se deixa levar por um sentimento que pelo visto, não era correspondido.

Estou amarando a última sacola quando ouço a porta do quarto abrir, me viro e lá está ele.

Com uma calça de moletom cinza, e uma camisa preta agarrada ao seu corpo que está todo suado, a imagem dele me abalou, mas então lembrei da mensagem, da mentira contada e a raiva e decepção voltaram com tudo.

Ele fecha a porta do quarto devagar, e quando se vira, e vê as minhas coisas nas sacolas me olha confuso.

— Onde você vai? Por que está guardando tudo? — Pergunta sem entender.

Fecho meus olhos com força e não respondo, quando os abro ele continua me encarando. Pego as sacolas, e vou em frente seguindo meu caminho, quando passo por ele, meu braço é puxado, fazendo as sacolas caírem, ele me faz ficar na sua frente, para que possa me olhar.

— Você pode me explicar o que está acontecendo? – Indaga ainda me segurando.

— O que está acontecendo? – Repito como uma idiota.

Sinto vontade de rir, de tão absurda a situação em que me envolvi.

— O que está acontecendo é que eu fui uma idiota, uma besta que você usou – tento segurar as lágrimas. Não quero chorar na frente dele.

— Do que você está falando? – Sua voz é fraca.

— Que tal sobre o fato que você me escondeu todo esse tempo? Você tem uma namorada! Mentiu para mim, o que mais você mentiu em?

— Quem te falou isso? Quem foi que te disse que eu tenho uma namorada?

Ele mantém a voz baixa, mas sua expressão é de puro desespero. Pois é, você foi descoberto!

— Ninguém me disse nada, eu vi. – Tento soltar meu braço sem sucesso. — Eu vi a maldita mensagem dela para você, da sua baixinha.

Ele não diz nada, apenas respira fundo e me aperta ainda mais.

— Olha, eu sei que pode parecer ruim, muito ruim, talvez você não entenda, mas tem que acreditar em mim.

— O que você vai falar? Que não é nada disso que estou pensando? Que ela é sua irmã? Chega de mentir, seja sincero comigo pelo menos uma vez!

— Eu fui sincero com você! Eu te amo, me apaixonei quando te vi pela primeira vez, você não saiu da minha mente um só minuto desde que bati o olho em você. Por isso não contei sobre ela, eu sabia que não ia me dar uma chance, mas eu precisava conhecer você, eu só me enrolei um pouco nessa confusão.

— Se enrolou um pouco? Você me enganou, não só a mim, mas a ela também e ainda tem coragem de dizer que me ama? Você tem razão no que disse, eu nunca deixaria você se aproximar se soubesse.

Ele finalmente solta o meu braço, e me olha angustiado, minha expressão não deve ser das melhores, sinto tanta raiva dele agora, tanto nojo pela mentira que nada do que eu falar vai ser bom.

— Olha, esse tempo todo que ficamos aqui, foi de verdade, foi real, eu te amo, eu ia terminar tudo com ela quando voltasse, seria só nos dois, eu vou terminar com ela, acredita em mim!

— Acreditar em você? Eu não consigo mais fazer isso, fica com ela, por que comigo você nunca mais vai ter nada, eu não consigo olhar na sua cara seu cretino – tudo que quero é sair dali.

— Me escuta, é você que eu amo, só você, eu quero você! Eu vou terminar com ela, nós podemos ficar bem, tenta me perdoar, eu não queria que nada disso acontecesse, não estava em meus planos me apaixonar por você, mas aconteceu, eu só não soube controlar essa situação, mas juntos vamos conseguir resolver, nós dois vamos conseguir.

— Não tem nós dois, acho que nunca teve. Me esquece, finge que nunca me conheceu, que este mês não existiu!

— Por favor Melanie, não faz isso — implora.

— Você fez isso, não eu.

Pego as sacolas no chão e caminho até a porta, eu só preciso ir embora, somente isso.

— Melanie, eu te amo.

Não olho para trás.

Abro a porta e saio, nesse momento sinto o que meu pai deve ter sentido quando minha mãe o abandonou, eu estou oficialmente quebrada.

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