Maturidade ou Boa Atuação?

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Entrei no meu antigo quarto feito um furacão. Precisava colocar a cabeça em ordem, não iria abrir mão de um almoço com a minha família por causa de algo assim.
Lavei o rosto e aproveitei pra retocar o batom nude que eu usava. Saí dali com a convicção de que seria adulta o suficiente pra não depositar minhas frustrações sobre ninguém. Eu me veria comigo depois.
Desci as escadas e logo vi uma moça loira que devia ter a minha idade conversando animadamente com meu irmão.
Fui até eles.
- Lara, essa é a Amélia, minha irmã e do Leo. (O tombo quase veio nesse momento, mas era o que eu seria de agora em diante, a irmã do Leo)
- Lia, essa é Aline, namorada do Paredes.
Iago terminou as apresentações, eu sorri e nos abraçamos. Eu disse que seria uma boa cunhada!

Logo Leandro desceu, olhou pra nós com aquelas íris estupidamente bonitas que continham um misto de carinho e culpa. Entendi que apenas o segundo era direcionado a mim.

O almoço transcorreu bem. Lara é fútil mas inofensiva, ela me lembra eu há uns 5 anos, isso não é ruim. De qualquer forma, acho que eles serão felizes, parecem se gostar muito.

Quem não gostou nada foi a mamãe, ela sempre soube o que eu sentia pelo Leo e acho que sabia o que se passava com ele também porque desde que eu me lembre ela sempre tentou nos juntar.
Depois eu conversaria com ela, afinal, ela não era a mãe da quase ex do Paredes, ela é a mãe dele também.

6 meses depois

Era uma quarta-feira de janeiro quando minha campainha tocou. Me arrastei pra atender e, como de costume era o Leandro, mas dessa vez parecia diferente, esbaforido talvez.
É, temos agido como irmãos depois daquele dia, não que isso não me faça passar noites em claro chorando e me recriminando pelo papel que eu faço, mas enfim, é melhor assim.
- Entra, Alecrim, o que foi? - perguntei a ele.
- Nada, só queria ver você. - disse enquanto passava por mim me abraçando.
- Nem tu acredita nisso, Leandro Paredes. - revirei os olhos.
- Ok, ok. Eu tenho algo pra falar. Mas, primeiro, tu não vai me oferecer nem uma água? - fez cara de deboche.
- Eu que vou ficar fazendo sala pra irmão? (Acho que vi uma pitada de desapontamento naquele céu ensolarado que Leo chama de íris, ok, coisa da minha cabeça mais provavelmente) Você sabe onde fica a cozinha. - disse saindo. - Vou tomar banho, me espera.
De banho tomado, hidratante passado e pijama, voltei pra sala onde Leo assistia um programa qualquer sobre esportes.
- Pois não, irmão, fale. - falei entrando na sala e sentando no sofá.
- Então... (coçou a nuca) - eu...
Interrompi
- Você engravidou a Lara, Leo?
- O quê? Não! Pelo menos não que eu saiba, rs. - riu sem graça.
- Então o que é, homem?
Ele respirou fundo e soltou
- Eu quero pedir a Lalá em casamento, mas preciso de ajuda com os anéis... - falou receoso.

Calma, Amélia, você não pode estragar tudo - pensei

- E o Iago?
- Tá em Paris e eu queria fazer o pedido antes de voltar pra lá.
- Mamãe?
- Qual é, Lu... quer dizer, Lia, eu não sou idiota, mamãe não gosta do meu namoro.
- E o papai?
- Amélia, papai nos pede ajuda pra comprar meias que ele vai usar... - sorriu ladino.
- Ok, então só sobrou eu. - fiz careta. - Quando você quer fazer o pedido?
- Dia 17. - me olhou culpado.
- Ma...mas por que esse dia?

Droga, dia 17 não! Meu dia 17 não, Leo!

- Eu vou viajar dia 18 já.
- Entendi. A gente se vê amanhã pra ir à joalheria e ver o que mais vai ser preciso, então?
- Ok. Obrigado, Lia.
Veio pra me abraçar, mas antes eu levantei e fui pra cozinha.
De lá eu ouvi ele se despedir e agradecer pela ajuda.
Apenas resmunguei um "tudo bem" porque estava bebendo água.

Assim que ouvi a porta bater, eu chorei. Chorei porque ser irmã dele tava cada dia mais difícil, chorei porque ele ia casar, chorei porque ele agora teria um 17 de janeiro importante com outra pessoa. Chorei porque era o fim da linha.
Enquanto me debulhava em lágrimas no chão da cozinha, ouvi um click.
Levantei rapidamente sem me importar em estar vermelha ou inchada, precisava ver quem tinha entrado aqui.

Com amor, LeoOnde histórias criam vida. Descubra agora