𝐋 𝐘 𝐀 𝐍 𝐀

Capítulo Dois

       Entro na mansão e meu queixo cai. Acho que meu bairro inteiro poderia morar aqui tranquilamente. A sala é enorme e há uma linda escadaria na frente. Também vejo várias portas e corredores. Lembro-me que Jamille disse que há cerca de vinte empregados... Agora sei o porquê.

"Por aqui" David me conduz a um corredor.

Vamos andando pelo enorme corredor, até chegarmos numa pequena sala. Olho pela janela e vejo o lindo quintal, com uma enorme piscina. Pelo menos o velho ranzinza tem bom gosto.

"Se for contratada, terá que usar isso" David me dá uma roupa cinza "é o uniforme padrão. Você pode vesti-lo ali".

      Ele aponta para uma porta e eu vou até lá. Abro a porta e vejo que é um cubículo com um enorme espelho. Entro e começo a me despir, olho a roupa cinza e vejo que é um vestido. Também há um avental branco na frente e uma espécie de chapéu branco também. Quanta frescura. Visto e saio. Olho para David, que está segurando um tênis branco.

Ele me dá e eu calço o tênis.

"Esse será seu uniforme. Não se preocupe, todos os uniformes são diariamente lavados"

"Onde estão os outros?"

"Os outros funcionários? Ah, estão por aí. Cada um, limpa uma ala da casa. Você limpará os móveis da ala esquerda do terceiro andar. Venha"

Ele me conduz até o corredor novamente e clica num botão.

Minha boca faz um "o" quando vejo que é um elevador. Ele entra e eu o sigo. O elevador sobe até parar no terceiro andar.

"Bom, só têm quartos e esse corredor. Isso é tudo que você irá limpar".

"Quantos quartos têm aqui?"

"Cerca de seis. Nessa parte da casa".

"Tudo bem".

"Lembre-se: isso é tudo o que você fará. Quando terminar, volte lá para baixo. Das 13:00 às 15:00 você limpará minuciosamente, depois volte lá para baixo e coma com os outros. Se já tiver terminado, pode voltar para casa".

"Entendi".

"Quando eu não estiver aqui, Elena ajudará você. Ela limpa a ala direita do terceiro andar. Isso é o que você usará".

Ele aponta para um pequeno aspirador e um pano. Eu os pego desajeitadamente.

"Por que quer esse emprego?" ele pergunta.

"Eu preciso de dinheiro para pagar minha faculdade"

"O que quer cursar?"

"Não sei. O que o dinheiro der"

Ele sorri.

"Você parece ser uma boa menina"

"Eu faço o possível" sorrio.

"Bem, vamos voltar"

     Descemos novamente, voltando para a pequena sala. Eu coloco minha roupa de volta e sinto um alívio. Ele me conduz a outra sala que parece um escritório. Ele senta na cadeira e eu sento de frente a ele.

"Onde estão os seus documentos?" ele pergunta.

Engulo em seco.

"Hm... Eu fui roubada. Meus documentos foram levados"

"Você não foi na delegacia?"

"Me desculpe David, mas eu sou uma zé ninguém sozinha no mundo. Não acho que iriam se importar em achar meus pertences"

Ele empalidece e sinto um vestígio de pena em seus olhos. Não... Pena não, por favor.

"Vou ajudar você. Assine aqui"

Eu assino o papel. Não estou nem aí para o que está escrito.

"Está oficialmente contratada" ele sorri.

"Muito obrigada!" sorrio.

"Seu namorado já está lá fora esperando" ele diz "venha".

Ele anda e nem me dá tempo de corrigir o "namorado".

     Chegamos na entrada e me despeço de David. Paolo acena para mim e eu monto na TTR. Ele acelera e saímos da mansão, voltando para a cidade. Ele pilota rápido, até que já me vejo na cidade. De repente, ele para em frente a um Starbucks.

"An?" digo confusa e desço da moto.

"Você deve estar com fome" ele diz.

"Isso é um sair disfarçado!" reclamo.

Ele gargalha e abre a porta para mim.

Não recuso e entro... Estou morrendo de fome mesmo. Paolo me ajuda a sentar e logo após senta também. A garçonete vem e então fazemos os pedidos.

"Então, como foi lá?" Paolo pergunta.

"Hm... Incomum"

"Incomum, tipo como?"

"Aquela mansão é... Enorme. E muito fina. É incomum pra quem está acostumada a viver numa espelunca"

"Hey. Nossa espelunca é legal!"

Reviro os olhos.

"Não é não! Enfim, lá é muito rígido. Mas eu aceitei o emprego, preciso bastante"

"Quem é seu chefe?"

"David"

"E quem é o chefe do chefe?"

"Um tal de Ian Khaal"

Paolo me olha perplexo.

"Que foi?" pergunto confusa.

"Ian Khaal. Esse cara é fodidamente rico"

"Você o conhece?"

"Caramba Lyana, quem não conhece? Ele é o CEO das Indústrias Khaal. A maior empresa de eletrônicos do mundo. Você o viu? Ele quase nunca aparece em público"

Reviro os olhos.

"Não. E não tenho permissão pra falar com ele. Na verdade, eu nem me importo, contanto que me pague"

"Mas então... Como você irá trabalhar todos os dias? A pés?"

"Não sei..."

"Posso ir te deixar amanhã. Os outros dias eu não sei"

"Obrigada Paolo"

"Que isso" ele sorri.

Ian Khaal... Um nome poderoso. Para alguém mais poderoso ainda.