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Os dias desde o nogitsune tem sido todos iguais.

Eu acordo aos gritos depois de mais uma noite de pesadelos que eu nunca sei se são fruto da minha imaginação ou se são reais, já faz algum tempo que eu não sei diferenciar quando estou acordado de quando estou dormindo, toda vez que eu durmo as memórias das atrocidades que o nogitsune fez voltam para me assombrar em forma de pesadelos e quando eu estou acordado sou obrigado a sair de casa e ser assombrado através de cada olhar da matilha, no começo eles tentavam disfarçar mas eu sabia que eles me culpavam pelas mortes de Alisson e Aiden, caramba Scott nem conseguia olhar nos meus olhos.

No começo eu tentei ignorar e continuar agindo normalmente, como o Stiles de sempre, mas eles realmente pareciam não querer minha presença então eu me afastei. Pensei que eles precisassem de um tempo para entender que eu não era o nogitsune.

Até aquela mensagem.


Reunião da matilha. 20h no loft. - Scott

Depois de semanas sendo ignorado eu nem conseguia acreditar que eles finalmente estavam prontos para falar comigo novamente, radiante olhei a hora e vi que já eram 19:40, troquei de roupa peguei as chaves de Roscoe e parti, naquele dia papai estava fazendo o turno da noite então não estaria de volta até a manhã seguinte.

Dirigi um pouco mais rápido que a velocidade permitida para não me atrasar, e pela primeira vez nas últimas semanas sentia esperança, esperança de que tudo desse certo no final.

Abri a porta do loft para encontrar toda a matilha já lá, a primeira coisa que notei foi que eles não pareciam muito felizes, Lydia parecia particularmente brava e se recusava a olhar para os outros, enquanto a grande maioria parecia resignada e estressada e Scott parecia decidido. A mistura de sentimentos na sala parecia por si só intimidadora e não ajudou nem um pouco que todos (fora Lydia que ainda não olhava para ninguém) de repente estivessem olhando para ele como se ele fosse um inseto ou como se estivessem com pena dele, tinha a sensação de que aquela conversa não iria ser nem um pouco agradável e muito menos uma reconciliação.

"Stiles"Derek falou do jeito de sempre, como se preferisse estar em qualquer lugar menos ali.

Suspirei, esse estava longe de ser um dia bom, e suspeitava que seria pior do que o normal."Sim?"

"Stiles!" E esse era Scott que parecia bravo por que Derek tomou a frente. "Nós vamos direto ao ponto, não queremos mais você na matilha ou perto de qualquer um de nós, não nos sentimos seguros perto de você depois de tudo que você fez. Nossa principal regra sempre foi não matar e você nunca se importou muito com ela! Então decidimos que você não faz mais parte deste bando." Falou como se nada disso o abalasse, embora os outros parecessem com dor, mas não tinham coragem suficiente para contrariar o alfa.

Eu gostaria de dizer que já esperava por aquilo e consegui dar uma boa resposta para eles, mas a partir só momento que as palavras penetraram minha cabeça eu paralisei, tudo ao redor foi abafado e embaçado, o ar parecia ter desaparecido e eu sabia que estava tendo um ataque de pânico. Eu senti mãos nas minhas costas me segurando e ouvi através da névoa os gritos de Lydia mas não conseguia entender o que ela dizia, percebi vagamente ela me levando para até Roscoe e tentando falar comigo durante o caminho. Mas tudo que eu ouvia eram as palavras se repetindo na minha cabeça, 'Como eles não queriam mais a minha presença?' "Stiles?" 'Eles não entendiam que não fui eu que fiz todas aquelas coisas? Ou será que foi?' "Stiles?!" 'Depois de anos me dedicando a eles, eu vou ser simplesmente descartado? Depois de quase morrer para salvar a bunda deles várias e várias vezes?'.

"STILES!" 'Essa era Lydia?' "Stiles você tem que respirar comigo okay?! Respira comigo" Ela falava seriamente mas com calma para não me deixar apavorado. "Vamos lá Stiles, você consegue! Isso inspira... expira...inspira...expira... Isso aí Stiles muito bem!" Tudo ao redor foi clareando ao som da voz calmante dela e eu consegui pensar com clareza novamente.

"L-lyds?"

"Isso Stiles, sou eu. Olha vai ficar tudo bem okay? Eu vou te levar para sua casa e a gente vai assistir TV e esperar o seu pai chegar tudo bem?" Falou entrando no banco do motorista. "Okay.." Suspirei e segui até o outro lado dando um tapinha em Roscoe depois de entrar.

Naquela noite lyds me contou que depois que a matilha não fez nada pelo meu ataque de pânico por que Scott mandou que me deixassem ela se levantou e disse que pra ela acabou, que Scott nunca foi um bom alfa ,nunca conseguiu agir pelo bem da matilha e que se era culpa de alguém pelas coisas horríveis que passamos era dele mesmo por deixar o poder subir a sua cabeça, e então se virou para os outros e disse que eles eram covardes por que todos sabiam que a culpa não era minha e mesmo assim não faziam nada para me ajudar para não contrariar o 'alfa' deles.

Quando a manhã chegou lyds estava dormindo ao meu lado no sofá e eu tinha chegado à decisão de que não podia mais continuar em Beacon Hills, viver ali estava me matando aos poucos, eu já nem me reconhecia mais. Então quando papai abriu a porta de casa eu já estava preparado para dizer a ele que por mais que eu o amasse, se continuasse ali eu iria desmoronar.

Então eu contei tudo, desde de como a matilha o tratou desde o nogitsune até os acontecimentos da noite anterior, incluindo todos os pesadelos e o medo constante de não saber se estava acordado ou não. Em algum momento lyds acordou e se juntou a nós na mesa da cozinha.

"E-eu não p-posso mais ficar aqui pai" Suspirei nos braços do meu pai que me puxou pra junto dele durante a conversa." Esse lugar está me destruindo"

"Eu sei meu garoto" Me apertou mais em seus braços. "E eu vou te apoiar sempre, por que você é meu bem mais precioso e nada é mais importante que você, eu adoraria que você ficasse junto comigo mas eu entendo e concordo que esse não é mais um lugar onde você deva estar"

"Mas para onde eu vou papai?" Desde que eu me lembro sempre fomos só nos dois e mamãe quando ela ainda estava viva, não me lembro de outros parentes.

" Eu acho que você não se lembra mas você tem uma tia, ela é irmã da sua mãe, não visitou desde que você tinha quatro anos por que ela mora em Paris." Suspirou. " Podemos entrar em contato com Alyssa e ver se você pode ir morar com ela até acabar o ensino médio, da última vez que eu falei com ela, ela tinha uma filha da sua idade, o nome dela é Alya"

"Okay, obrigada papai" Espero que as coisas melhorem de agora em diante e que um recomeço me ajude a superar tudo isso.

Um gato francêsOnde histórias criam vida. Descubra agora