–SOCORRO,ME AJUDEM -eu gritava em busca de algum rosto familiar mas parecia que ninguém me escutava, já que não faziam nada para me ajudar.
Estavam me levando para a penitenciária por um crime que eu não cometi ,eu queria fugir, chorar mas ninguém me escutava,parecia que eu era invisível para todos e só os policiais conseguiam me ver.
Sem forças pra continuar,eu apenas abaixo minha cabeça e aceito o meu fim. No caminho eu acabo sentindo algo quente na minha testa,mas não tinha nada,já que estava sendo carregada pelos policiais algemada,então eu olho pra cima e acabo vendo um rosto em meio ao céu ,um rosto familiar, aquele era o rosto do capitão Holf, a última pessoa que eu pensei que veria.
Ele me olhava com uma mistura de aflição e preocupação,pelo menos ele ainda tem sentimento, será que ele sabe que eu sou inocente??
–Por favor, me ajuda eu sou inocente-falo com o restante de forças que eu tenho,sinto lágrimas descerem ,não me importo mais. Apenas espero a minha morte, pois sei que depois de entrar naquela penitenciária eu nunca mais sairia.Capitão Holf
Ver aquele sofrimento todo,estava me fazendo sentir coisas que nem eu sabia o que era, o cozinheiro tentava a fazer ficar calma,já que a mesma não parava de tremer e chorar,falava coisas tão desconexas ,as vezes gritava por ajuda como se estivesse lutando contra algo .
–Capitão eu já fiz o possível,agora é esperar ela acordar para dar o chá com as ervas -o cozinheiro tentava conter a febre com um pano em sua cabeça ,mas pelos olhos dele eu notei que o mesmo não tinha tanta esperança assim se ela melhoraria .
–Pode deixar, agora cuide daquele corpo na cozinha, peça aos outros para levarem para perto do mastro e mande eles me esperarem lá, tenho algo a falar com todos .
–Sim senhor .-o mesmo sai me deixando sozinho com aquele pequeno corpo quase morto .Olho em volta e decido logo acabar com esse sofrimento.
Tiro a espada ,a puxando para cima quando estou perto dela,sinto algo dentro de mim se remexer ,como se aquilo fosse algo errado ,aproximo a espada de sua garganta. Me perco em alguns minutos olhando bem seus traços ,eram traços bonitos até ,para uma simples garota, tento chegar mais perto da espada em seu pescoço ,mas acabo não conseguindo terminar o que tinha começado .
–Ela não merece -minha consciência gritava ,meu coração doía ,sentia que estava cometendo um grande erro –Empregadinha idiota nem mesmo te matar eu consigo -sinto raiva por não conseguir terminar e por tudo que estava sentindo,nunca havia sentido isso por ninguém.
Com a raiva que sentia,sai rápido do quarto indo em direção onde mandei os homens me encontrarem. Espero não tenha mais nenhum traidor entre nós.Verena
Toda aquela cena havia sumido,agora eu estava em uma eterna escuridão, não sentia dor, fome, medo, não sentia nada, ali era reconfortante, confortável, calmo, era um lugar que eu poderia ficar ,um lugar onde eu estava salva. Eu não queria voltar, eu queria ficar aqui, mas parecia que o universo tinha outros planos pra mim.Acordo sentindo algo macio sobre o meu corpo ,algo quente e pesado mas além disso sinto como se tivessem me segurando,tento olhar em volta,tendo a certeza que estava no quarto do Capitão, ainda estava nesse inferno. Olho pro lado para tentar entender o que eu fazia em sua cama ,mas acabo vendo o mesmo desmaiado ao meu lado, com o seu braço jogada em cima da minha cintura, seu cheiro de bebida impregnado no quarto, mostrava que o motivo do desmaio era o alto nível de bebida em seu corpo. Suas roupas estavam espalhadas, o mesmo estava sem as botas, apenas com uma calça e uma blusa fina de mangas.
Tento levantar,mas parece que meu corpo não responde os meus comandos, já que permaneço deitada. Não seria uma péssima ideia continuar aqui ,mas sei bem que quando o capitão acordasse ia gritar comigo pelo macarrão . Pensando nisso, porque eu desmaiei após comer o macarrão?? O que eu estou fazendo aqui???
Perguntas e mais perguntas corroem a minha mente, preciso de respostas, mas parece que essa seria a última coisa que eu iria receber, já que a única pessoa que poderia respondê-las, estava quase morto ao meu lado. Vencida pelo cansaço excessivo do meu corpo, acabo fechando os olhos e voltando a dormi .Capitão Holf:
Depois aquele episódio, eu reuni os tripulantes e deixei avisado, se caso mais um se rebelasse contra mim, terminaria igual John, no fundo do mar .O dia anoiteceu, as estrelas vieram e com elas a certeza que aquela maldita garota não iria acordar tão cedo, já que a mesma ainda não deu nenhum sinal de vida. Sabíamos que estava viva pela sua fraca respiração ,deixei ela em meu quarto mesmo, já que ficava fácil do cozinheiro verificar a febre dela .
Aqui estou eu ,sentada num sofá em meu quarto encarando a moribunda, que nem pra morrer ela presta .Acabei pedindo para trazerem um sofá maior para que eu pudesse dormi, mesmo não gostando da garota, não deixaria jogada inconsciente.
Com o brilho da lua ,era possível ver como a pele era iluminada e como os cabelos faziam um belo contrate, uma bela imagem a se ver, não sei o porque da raiva que eu sinto dela, só sei que só em pensar em seu nome, já me deixa irritado. Acabo adormecendo com aqueles pensamentos.E assim se passaram quase um mês, todas as noites eu pegava a espada e tentava acabar com aquela tortura ,mas alguma coisa me impedia ,uma esperança que ela acordaria. Essa noite eu iria beber, se eu sou tão fraco assim que não consigo fazer sóbrio, eu faria bebado.
Chamei os tripulantes para enchermos a cara, os mesmos pareciam tão cansados que me deixaram sozinho, e nisso eu fui .Bebi até não poder mais, não me sentia com coragem ainda de acabar com a vida da garota, mas também não tinha mais forças pra ir buscar mais bebida ,seria assim mesmo que eu acabaria com isso,
Quando eu finalmente entro no quarto, vejo a escuridão da noite ,apenas a lua pra iluminar aquele quarto, faço o mesmo ritual que eu fazia todos os dias, mas dessa vez eu continuaria até o final. Chego perto a desfalecida ,prefiro apenas sufoca-lá com um travesseiro, sujaria bem menos.
Com o travesseiro em mão,olho pela última vez para aquele rosto, tento gravar os traços. Eram bonitos ,ela tinha cabelos volumosos,uma pele morena, seus olhos pareciam dois globos pretos, um nariz arrebitado, a dando um ar de superioridade. A sua boca ,eu tinha que admitir, era convidativa, seus lábios chamavam atenção. Não parecia ter mais 20 anos, muito pouca idade pra morrer. Acabo reparando tanto, que por alguns segundos esqueço do plano inicial.
Quando eu estou indo terminar com tudo aquilo, sinto algo dentro de mim se revoltar, uma dor ,eu queria matá-la logo, mas não conseguia .Aquilo me dava raiva .
–AAAAAAAA INFERNO,GAROTA DOS INFERNOS– o ódio que eu sentia era tanto,que acabo quebrando tudo que vejo pela frente.Queria acabar com aquilo que estava sentindo.
Cansado de lutar contra aquilo, decido dormi ali mesmo,tiro as roupas com um pouco de dificuldade,por conta do álcool. Me deitou ao lado da mesma, já que não iria dormi no sofá que estava todo revirado.
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VERENA
AdventureVerena após ser condenada injustamente por um assassinato, foge e tenta refúgio em um barco com um capitão bruto e grosso, com uma reputação péssima ,muito conhecido por ser insensível .