Parte lll

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Peco todas as vezes que olho para Sakura; é assim desde que entendi o que é desejar.

Quando mais novo, antes mesmo de rebelar meu interior já corrompido contra os ensinamentos que me foram dados, eu já pecava pelo nome de Sakura. Pela presença dela.

Recordo-me com muita clareza dos detalhes que me chamavam atenção quando o assunto era ela. Quando nós tínhamos uns quatorze, acabei ferindo minha palma em uma de nossas brincadeiras, Sakura sentiu-se culpada, e eu, descobri que minha imaginação conseguia ser demasiadamente fértil, principalmente depois de ela ajoelhar-se a minha frente, oferecendo-se para amarrar meu cadarço por culpa do drama com a mão enfaixada.

Sonhei por um mês com Sakura ajoelhada na minha frente. Em nenhum dos sonhos ela fazia isso para amarrar cadarços.

Somente o vislumbre de seu corpo curvado a minha frente e seus olhos refletores de malícia me encarando foi o suficiente para me desestabilizar e aflorar a imaginação que anteriormente julguei não ter. Fui longe em pensamentos… um pedaço meu estava na boca dela, e quando percebi o jeito sujo que idealizava isso, entendi que para minha alma, já não havia qualquer chance de salvação. Descobri cedo não ser merecedor de qualquer misericórdia divina. Eu gostava do pecado; do gosto, da ânsia por algo, da textura e do quão bom aquilo soava para os meus ouvidos.

Vendi minha inocência para o diabo desde que olhei para Sakura com desejo. Vendi de bom grado e nunca me arrependi disso. Ainda a olho deste modo: faminto e pecador. Passam-se os anos e ainda sou o mesmo. Ainda penso nos olhos dela, dados pelo próprio demônio. Olhos de fome e malícia e calor. Olhos de promessas silenciosas.

Sakura estava sorridente, o gargalo da cerveja em sua boca sapeca, o cabelo voando com o vento gelado que entrava pelas janelas abertas do carro…

Ela tão linda, e eu… Ansioso e confuso. Me sentia deste modo ao lado de Sakura, agora principalmente. Ansioso, pelo toque; ansioso em poder sentir o morno de sua pele e cheirar e provar e lember. Ansioso pelo inferno que ela prometia a mim sem qualquer intenção para tal. Ansioso… e confuso. Confuso, por nunca entender sua capacidade de me fazer sentir coisas como aquilo. Com ela, a tentação era maior. A vontade era maior. O desejo… maldita era a confusão que eu me encontrava só pela presença de Sakura.

Com ela longe, não era como se eu sentisse falta, não era como se eu a amasse intensamente e precisasse dela. Mas, quando por perto, minha atenção era dela, exclusivamente, assim como todos os meus pensamentos e a pouca racionalidade.

Sakura tinha uma coisa que despertava o demônio trancafiado em minha alma, aquela coisa ruim que não gostamos de dar nome, que achamos melhor ignorar. A questão, é que eu não a ignorava. Não ignorava minhas necessidades, minhas ânsias. Não ignorava as vontades da minha carne muito menos as fantasias que perturbavam minha mente pouco saudável. 

Sakura fazia-me ter vontades, necessidades insanas. Necessidades as quais eu era totalmente conivente. Totalmente rendido. Necessidades profanas, sujas, maquiavélicas e ruins. Ruins, porque envolviam Sakura reclamando de incômodo, dolorida. Eu queria machuca-la, machuca-la como jamais fiz na adolescência. Queria socar nela intenso o suficiente para incomoda-la de andar no dia seguinte. Queria poder ouvir o som dos seus engasgos ao me chupar, assim como os estalos dos meus tapas contra sua pele para ver se ela gosta. Queria apertar seu pescocinho fino e vê-la tremer; acima ou abaixo de mim.

Eu desejava Sakura. Desejava marcar, morder, amarrar e foder ela forte. Foder, sim. Não transar com ela; foder. Rude, fundo, sujo.

Perverso, igual ao jeito que ela me olhava.

Qualquer um da cidade me condenaria caso pudesse ler qualquer fragmento da minha mente má, alimentada pelos pensamentos ruins que eu tinha envolvendo Sakura.

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⏰ Última atualização: Feb 06, 2021 ⏰

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