Tudo que passei..

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Versão da Maria desamparada

Estava em casa, Max estava no trabalho e meus pequenos estavam na casa de Naty, minha melhor amiga. Comecei a organizar a festa de aniversário dos meus meninos e me lembrei de minha mãe. A mulher que me gerou e me abandonou, havia encontrado meu pai, o padre João Paulo, no começo havia lhe rejeitado por toda a dor que eu sofri buscando entender porque havia sido abandonada naquele orfanato, embora as freiras e a Madre tenha cuidado de nós com muito amor, eu sentia falta dos meus pais e nem elas foram capazes de arrancar de meu coração a mágoa que eu tinha de minha mãe e de meu pai, que haviam me abandonado.
Perdoei meu pai, por finalmente entender que não havia sido sua culpa afinal a mulher que me gerou não havia lhe dito nada sobre a gravidez, e toda a mágoa que eu já tinha dessa mulher cresceu, por me impedir de ter uma família, chorei noites buscando entender qual era o problema que havia em mim que não ser amada pelos meus pais.
Cresci rancorosa, ferida e magoada diante a tudo isso, jurei nunca perdoa-los, porém perdoei o padre porque de fato já o considerava com o pai que eu não tinha e descobrir que ele era o meu pai embora tenha me trago muita alegria me trouxe ao ódio que carregava em mim, por isso não havia lhe perdoado, eu acredito que esse seja um dos motivos.
Sonhei em me tornar modelo e quando conheci Victoria Sandoval, a rainha da moda, imaginei que essa seria a oportunidade da minha vida, no começo não tivemos uma boa relação após ela me ver com seu falecido marido saindo do elevador após Antonieta me pedir que buscasse um buquê de flores brancas, não consegui trazer no tempo necessário e Victoria não havia gostado, foi ali nosso primeiro desentendimento e eu deveria ter desistido porém comecei a trabalhar com ela e ela de fato me transformou em uma grande modelo e em sua modelo Estrela porém tudo mudou quando descobriu que eu e Max tínhamos um relacionamento.
Começaram as discussões, os tapas e também as humilhações, e logo depois me demiti de sua casa de modas, tudo me doeu tanto porque meu maior sonho antes de ter a minha família, era ser uma grande modelo, trabalhar com a Victoria era um sonho realizado porém ela me mostrou ser alguém desprezível e soberba.
Quase passei fome graças a ela, se não fosse o Alonso, com certeza essa seria nossa realidade, digo nossa porque a Naty morava comigo até se casar com o João José, foram dias muito difíceis e havia descoberto a pouco tempo que estava grávida de meu filho, João Paulo, fiquei tão feliz ao descobrir porém Max estava casado com outra mulher graças a Victoria e me vi de mãos atadas, com dificuldades financeiras e com um filho vindo ao mundo.
Graças a Deus, vencemos todas as adversidades e hoje Max e eu estamos juntos.
Porém a raiva e o ódio que eu sinto pela mulher que me gerou e pela Victoria, eu poderia até dizer que são da mesma proporção, tento mandar uma boa relação com ela pelo Max e pelos meus filhos que são seus netos mas se dependesse apenas de mim, não a veria nunca mais, ela destruiu minha vida e se fosse por ela, o Max já não estaria ao meu lado e não teríamos construído a linda família que temos hoje.
A dor tem sido tão grande, porque assim como um dia eu admirei a Victoria pela sua origem de vida, por ter construído um lindo império como sempre sonhou, pela família que tinha e por ajudar tanto o orfanato em que eu morava, eu a odeio hoje por ter me levado ao fundo do poço no momento que impedia que eu trabalhasse em qualquer lugar, perdi até a barraquinha que havia construído com a Naty para vender alguns sanduíches que eu fazia, havia aprendido com as freiras, até encontrar o Alonso que me deu emprego sem se importar com as chantagens de Victoria Sandoval.
Hoje ela aparentemente está mudada, até de sobrenome decidiu mudar, agora é conhecida como Victoria Rios Bernal, a grande rainha da moda. Ela vem demonstrando ser a Victoria que um dia eu conheci, amável, forte e guerreira, acredito que a Victoria Sandoval já não existe mais e até parece outra pessoa, mas as mágoas, as feridas e a dor que ela me causou, continua aqui, enraizadas em mim.
Um dia disse a ela, que ela se arrependeria de cada tapa e cada humilhação que ela me fez passar, não sei o porque disse aquilo porém eu sentia isso dentro do meu coração, eu sentia, sentia que teria essa chance um dia.
Ela venho na minha casa um dia me pedir para que retornasse a casa de modas, aceitei. Ela me pediu perdão e será que eu realmente te a perdoei?
Vejo Max entrar em casa, ele me olhou e se sentou ao meu lado.
- Meu amor, o que houve? - disse Max preocupado.
- Estava lembrando da mulher que me gerou e da sua mãe. - disse chorando
- Porque se lembrou da minha mãe, Maria? - ela disse enxugando minhas lágrimas.
- Porque ela me humilhou, pisou, me bateu e me magoou Max, eu a desculpei porém se dependesse dela, não estaríamos aqui agora. - disse rancorosa, me levantando.
- Eu sei meu amor, mas estamos aqui juntos e sabemos que minha mãe não é mais assim. - disse Max defendendo a mãe.
- Max eu sei que ela mudou, porém a dor causa da ainda está aqui. - eu disse apontando para meu coração.
- Vai passar, meu amor. - Max disse me abraçando. - O que você lembrou da sua mãe?
- Não tenho mãe Max, ela me abandonou, sendo assim ela apenas me gerou. - disse com ódio.
- Maria, você não é tão rancorosa dessa maneira. Porque quando se trata da minha mãe ou da "mulher que te gerou" você muda completamente? - disse Max tentando me entender.
- Porque nem mesmo as freiras conseguiram tirar esse rancor que nasceu em mim em relação aos meus pais, agora que sei que meu pai não teve nada haver com isso e a culpa foi toda dessa mulher, eu tenho ainda mais ódio. - lhe respondi chorando.
- Maria, se acalme, não vamos pensar mais nisso tudo bem? - ele disse me trazendo um copo com água.
- Sim, Max. - concordei, e logo bebi a água que ele havia trago. - obrigada!
Embora tenha tentado esquecer tudo que vivi graças a mulher que me gerou e tudo que passei nessa vida para ser feliz e chegar aonde estou, eu não consigo. As lembranças ainda machucam e ainda me ferem cruelmente, dia após dia.

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