𝗽𝗿𝗼𝗹𝗼𝗴𝘂𝗲

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MUITOS ANOS ANTES DA QUEDA DA MURALHA MARIA, em algum lugar atrás de muralha sina

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MUITOS ANOS ANTES DA QUEDA DA MURALHA MARIA, em algum lugar atrás de muralha sina

A casa dos Greene era tudo que Andromeda poderia querer. Estava na família há gerações e ela havia passado inúmeras tardes chuvosas junto das irmãs  procurando pelos segredos daqueles corredores. Cômodos revestidos de pinturas, mogno e mármore. Um jardim com roseiras e longas colunas cobertas por hera. Uma construção ambiciosa para mercadores e comerciantes.

Acima de tudo, era segura. Atrás de muralhas cada vez maiores como grades de uma gaiola.

Andromeda deveria ter seus sete anos quando o pai trouxe um cotovia numa gaiola dourada da capital. Suas irmãs logo se afeiçoaram a criatura, mesmo que fosse triste e não cantasse.

Ela sentia o silêncio do pássaro como uma faca sendo afundada em seus ouvidos.

A menina teve que subir em uma cadeira e se inclinar sobre a janela. Teve que quebrar o cadeado sozinha, mesmo que Liesl nunca a perdoasse, teve que deixar a cotovia voar para um lugar melhor.

Talvez, ela também fosse o tipo de criatura que não sabe viver engaiolada, não de verdade, não completamente.



O ÚNICO ARREPENDIMENTO DO SR.GREENE foi não ter tido um filho homem para ensinar seu ofício, isso não mas importava. As filhas que teve eram belas, bem educadas e sortudas.

Helena era pragmática e esforçada. Liesl era tímida e amável, e sua primogênita, Andrômeda, era um complicada combinação de idealismo feroz e compaixão incondicional.

Acima de tudo, elas se amavam.

O trio se estendia de maneira nada elegante no jardim, na tentativa de capturar os últimos minutos de sol.

por que são sempre três ? -Andrômeda perguntou fechando o livro que estava lendo e se deitou completamente na grama macia.

— Como assim?- Liesl se voltou para a irmã

— Três muralhas, três de nós, três partes do dia- a mais velha correu os dedos pelas folhas

Liesl abraçou os joelhos, pensando em uma resposta.

— Várias coisas são dividas em três, sem nenhum motivo em especial

As irmãs Greene compartilhavam o mesmo sangue e olhos-cor-de-mel mas a semelhanças acabam aí. Liesl era alta e usava o fino cabelo numa trança. Helena, de longe a mais clássica e "apropriada" das três, fazia cachos presos e usava vestidos pesados e longos, como as damas da capital. Andrômeda era a única loira e se recusava a deixar que a domassem. Gostava de andar descalça e não era incomum que pequenas flores ou pedaços de mato se prendessem nela.

— Nem tudo tem um motivo- Helena revirou os olhos para as idiotices de Andie- Ou significados maiores

Nem tudo, mas ela não conseguia segurar suas perguntas maiores quando via a fina linha acinzentada que era a vista da muralha ao longe.

Por que ergueram os muros? Para que a humanidade fosse livre. Como que muralhas nos libertariam? As muralhas mantém o inimigo longe, do lado de fora, por isso se ergueram os muros, para que a humanidade fosse livre.

Quem era o inimigo?

E a luta que nunca acaba e os muros que nunca parecem o suficiente?







<3 obg por ler, se vc gostou deixa uma estrelinha e um comentário,

xoxo, ilse

𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐀𝐍𝐃 𝐑𝐎𝐒𝐄𝐒 , aot Onde histórias criam vida. Descubra agora