O imperador.

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O trio caminhava graciosamente pelos corredores que outrora Akira havia passado, servos passeavam de um lado a outro e guardas cumpriam seus postos, esses sorriam e se curvavam para ela.

Ela podia imaginar o que eles pensavam, o que pensavam da rejeitada do lmperador.

Não era segredo para ninguém que entre as irmãs Akira era a menos favorecida. Ela era a filha da Imperatriz morta, a filha da mulher sem título, a filha menos bonita, a filha menos amada.

Um conjunto de adjetivos nada amáveis acompanhavam seu nome entre essas paredes polidas.

Não era uma beldade como as irmãs mais novas, sua família materna não era poderosa, não tinha o favor dos governantes e nem laços na corte Imperial.

Apesar do título, ela era ninguém, apenas fraca e inútil.

Agora havia sido achado uso para ela, agora ela seria uma moeda de troca, uma vida por milhares, parecia justo.

A princesa liderava o grupo, os pequenos cristais azuis do seu kanzashi balançavam conforme andava, a saia e suas camadas de tecido fino tremulavam em harmonia hipnótica, o rosto indescritivel, olhos de jade e lábios carmin levemente tencionados em uma linha, ela estava magnífica.

Havia admiração em cada olhar que cruzava com ela. Marahá e Yumyn estavam muito orgulhosas de seu trabalho.

Sua respiração saiu quase dolorida quando finalmente a soltou, assim que chegaram na entrada do jardim, havia muito peso de olhares sobre ela, havia cochichos, olhares penosos, ar conspiratório. Era muito, apesar de sempre ter sido assim.

Mas hoje ela veria ele, e tudo era mais complicado quendo envolvia o Imperador.

- Preciso de um instante.

Sussurrou seguindo sozinha para o jardim.

O lindo jardim, de caminhos sinuosos, recheado de flores e fontes, abençoado de uma vista surpreendente para o mar. Era o melhor lugar para os olhos, na opinião dela, nada como o palácio cheio de espirais de ouro espalhados ou coisas talhadas e repleta de jóias. Era simples e bom, o jardim de sua mãe.

A única coisa que o Imperador não permitiu que Aysô destruísse, já que essa se pareceu bem empenhada a apagar tudo que recordasse sua mãe.

Ela inalou o cheiro das flores que agraciavam o lugar, observou as culunas lisas e grossas, essas mesmas qual lhe serviam de refúgio quando criança. Amava o lugar, se perguntava se sua mãe também o amava, pensava nela com frequência quando estava ali.

Seus dedos agarram o pingente involuntariamente. Às vezes, Akira a queria mais que tudo.

Talvez as coisas fossem diferentes com ela aqui.

- Está se despedindo? - Uma voz conhecida rastejou até ela, um tom de malícia e provocação que a enjova. - Olhe bem, é a última vez que o vê de qualquer forma. Ouvi dizer que Darkia é uma terra seca e coberta de gelo, é uma pena que você vá para lá, não concorda?

Akira elevou o olhar para Yoru, sua meia irmã, a segunda princesa, a herdeira. Essa estava coberta de citrino brilhante dourado, que sentilava quando tocado pelo sol. Ela brilhava, as pedras do vestido pesado estalavam enquanto ela se movia, os olhos eram dourados como as jóias, eram como cobre derretido.

Linda, o reflexo de sua progenitora em todos os aspectos, no meio dessas flores ela era uma visão e tanto para algum desavisado. Apenas quem a conhecia sabia que essa beleza era a beleza das serpentes, e Yoru estava a um degrau de ser tão venenosa quanto elas.

Seus olhos tinham maldade, as sobrancelhas erguidas com presunção, o nariz empinado deixava claro sua nobreza, os lábios eram apertados em um bico quase birrento que desafiavam qualquer um a contradize-la, prontos para cuspir veneno.

O rapto da princesaOnde histórias criam vida. Descubra agora