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[ Vestiário Karasuno, sexta-feira ]

  O amistoso contra Dateko tinha sido pesado, e o time inteiro estava exausto. Aquele dia cansara a todos.
  Apoiado com as costas contra a parede, o pequeno líbero transitava entre o mundo dos sonhos e o mundo dos vivos, mais cansado do que qualquer um. O levantador gigante tinha se ajustado aos outros jogadores, polindo ainda mais uma defesa já difícil de transpassar.
  O cansaço do Deus Guardião, que era sempre um dos mais enérgicos, pesava sobre o time. Apenas o farfalhar das roupas sendo trocadas era possível de se escutar.
  Aos poucos, cada um foi deixando a sala, em grupos, duplas, ou até mesmo sozinho.
  - Noya, venha.
  A voz do acê, por mais baixa que estivesse, ecoava na área vazia. O segundanista, com os olhos pesados, o corpo meio deitado/meio sentado no chão, apenas resmungou e se mexeu durante o sono.
  -Precisamos ir.
  Asahi chamou novamente.
  -Só mais cinco minutos...
  O acê percebeu que não conseguiria acordar o segundanista, então, suspirando, pega o garoto no colo, aconchegando a cabeça dele em seu ombro, para que não acordasse.
  -Cada coisa que você me faz passar...
  Murmura, enquanto desce os degraus, com Nishinoya adormecido em seus braços, o cabelo espetado roçando contra o pescoço exposto do mais velho.
  Com cuidado, Azumane sai da propriedade do colégio, e começa a caminhada até a casa de Yu, que, ainda bem, não ficava muito distante.
  "De todas as coisas que já me imaginei passando, leva-lo no colo até em casa nunca foi uma delas..."
  O garoto, por menor que fosse, começava a pesar em seus braços. Asahi estava igualmente cansado, mas sabia que o jogo exigira muito mais de Nishinoya do que dele.
  Se não fosse pelo líbero, eles teriam perdido o amistoso.
  "Na verdade... Se não fosse por ele, eu teria perdido muito mais do que apenas o amistoso."
  Quando achou que não aguentaria mais, Asahi chega na casa do segundanista.
  Quando se aproxima da porta, pensando em como conseguiria tocar a campainha, uma mulher baixa, na casa dos 40 anos, sai, sorrindo abertamente.
  -Azumane, querido! Que prazer vê-lo.
  - Boa noite, o prazer é meu.
Ao perceber que o filho dormia nos braços do garoto de cabelos compridos, a senhora abre um sorriso condescende, mas pouco surpreso.
  -Obrigada por sempre cuidar dele.
  Asahi sente-se corar, não sabendo exatamente o porque.
  -Não é nada, acredite.
  A mulher abre um sorriso sábio, e sai da frente da porta, sinalizando para que o garoto entrasse, ainda com o pequeno líbero adormecido em seus braços.
  -Você gostaria de comer alguma coisa meu bem?
  -Eu agradeço, mas não.
  -Pois bem. Pode colocar Noya no sofá, obrigada mais uma vez por trazê-lo.
  -Posso colocá-lo diretamente na cama dele, se não for um problema.
  -Azumane, você é bom demais para esse mundo.
  O garoto se encontra novamente envergonhado, mas a mulher de cabelos castanhos apenas sorria gentilmente.
  Curvando a cabeça, ele entra mais na casa, já familiar, e facilmente encontra o quarto do segundanista.
  Um furacão em miniatura, isso que era o quarto de Nishinoya. Dava para claramente perceber o tipo de pessoa que vivia ali pelos pôsteres nas paredes, as roupas espalhadas e os objetos empilhados sem ordem clara.
  Se aproximando da cama, milagrosamente arrumada, Asahi deposita delicadamente o pequeno corpo sobre as cobertas.
O cabelo castanho, com a mecha loira, contrasta contra o travesseiro branco.
  Um vento passa pela janela aberta, balançando as cortinas e iluminando o quarto com a luz fraca da lua e dos postes da rua.
  Em um impulso, Asahi se curva sobre a cama e arruma as madeixas rebeldes do mais novo. Os dedos longos do acê passeiam pelos fios castanhos, e o olhar do mesmo se perde na expressão relaxada do outro.
  -Obrigado... por melhorar todos os meus dias.
  O mais alto sussurra, o rosto a poucos centímetros do mais novo. Não lembrava exatamente quando tinha se curvado sobre Nishinoya, mas ali estava.
  Por alguma razão que Asahi não sabia, o garoto pressionou levemente os lábios na testa do segundanista.
  -Durma bem Noya.
  O acê sai a passos silenciosos.
  Quando ouve a porta da frente se fechar, Nishinoya abre os olhos e vai até sua janela, acompanhando o garoto de cabelos longos com os olhos.
  -Durma bem... Asahi.

Durma bem ★ AsaNoya One-ShotOnde histórias criam vida. Descubra agora