Eu já estava acostumada àquele tipo de música, era sempre assim em todas as festas que Zayn dava. Música eletrônica no volume máximo, bebidas alcoólicas por todo lado, e drogas espalhadas pelas bancadas, mesas ou entre os dedos dos convidados vulgo consumidores e clientes do meu namorado. Saber que ele comercializava produtos ilícitos não me incomodava pelo fato de ser crime, mas eu tinha medo do que poderia acontecer com ele, afinal, se tratando da justiça britânica, aqueles policiais não brincavam em serviço e volta meia Zayn escorregava na hora de cobrir algum rastro. Ele seria indiciado por no mínimo 7 crimes diferentes, incluindo tráfico de drogas e tentativa de homicídio. Não que ele fosse um assassino, mas quando alguém tenta dominar sua área, você precisa mostrar quem é que manda.
Subi as escadas de porcelanato Frances até o escritório, esperando poder encontra-lo. Noites como aquelas ele não gostava muito de me manter por perto, era dia de negociações e o pessoal barra pesada estava presente. Ele sabia que não me controlava do jeito que queria, e provavelmente nunca iria, apesar de amar o luxo, dinheiro e o sexo, ah o sexo que tínhamos, no momento em que nosso relacionamento não estivesse mais funcionando, eu cairia fora levando comigo uma dúzia de segredos que fariam ele pegar prisão perpétua.
Segui reto no corredor até chegar na ultima e maior porta de madeira escura, abri com uma certa dificuldade e o vi sentado em sua cadeira atrás da gigante mesa de vidro que estava ali.
- Não falei que não gosto quando vem aqui em noites como hoje? – Zayn falou quase como um sussurro, e se aquelas paredes não abafassem o som, eu não teria ouvido.
- Estava com tédio, sozinha e com saudade. Mas caso minha presença o incomode tanto eu posso ir embora. – Fiz aquele drama natural das mulheres e sentei em seu colo, tomei o cigarro que ele fumava entre meus dedos dando uma tragada profunda e soltando a fumaça em sua boca. Ele apertou de leve minhas coxas e me deu um selinho demorado. Senti cada parte do meu corpo se arrepiar, na verdade, bastava um olhar sacana dele e eu já podia sentir minha intimidade pulsar. Minha vida sexual com Zayn era mais do que satisfatória, disso eu não podia reclamar.
- Mhum. – O homem sentado do outro lado da mesa pigarreou chamando nossas atenções.
- Oh, desculpe Louis. Então, como ficamos? – Zayn manteve uma mão enrolada na minha cintura e com a outra passou a contar as notas de dinheiro espalhadas pela mesa.
- O lado leste da cidade deu vinte mil libras de lucro em três dias. – Louis coçou o nariz e deu uma tragada no cigarro em seguida. – Acho que é uma ótima hora para investir na região, digo mandar mais mercadoria.
- E como anda a vigilância por lá? – Zayn assinou alguns papéis e fitou o amigo e sócio que estava ali.
- Os policiais do distrito oito ainda estão de olho, mas mandei uma pista falsa e eles se concentraram mais no norte da cidade. É área nobre, nosso mercado não é lá.
- Bom trabalho cara.
Zayn contou as notas soltas em cima da mesa por bons dez minutos, checou uma vez e colocou todo o dinheiro em um envelope marrom, entregando a Louis em seguida.
- Cinquenta mil libras, sua parte.
- Valeu man, se tudo der certo iremos dobrar os valores nessa época do ano.
- É esse espírito que gosto de ver. – Zayn sorriu largo e Louis se levantou em direção à porta, fiz o mesmo movimento e me sentei na cadeira que antes estava ocupada pelo amigo de Zayn. Esse organizava papéis, planilhas e algumas notas aleatórias de dinheiro que estavam espalhadas no meio de saquinhos e pequenas embalagens com as mais diversas drogas.