Capítulo 5 - O silêncio da confusão

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Baelyn tem uma mente inquieta. Tem uma pressa interna, uma correria fulminante dentro de si. É uma turbulência dentro do seu corpo e mente. Enquanto não resolve suas situações pendentes, sua cabeça não descansa. E aqueles grandes olhos azuis não mentem sobre sua preocupação e nem a escondem por baixo de sua imagem de durona. Seus olhos são a janela que adentram toda a sua vulnerabilidade.

Caminhando em silêncio, apenas com o olhar fixo à frente. Apesar de calada, havia muito barulho em sua cabeça. O medo, a insegurança. A voz da irmã ecoava pelos corredores da sua mente irrefreável. Tentar focar no trajeto era uma tentativa de desviar a atenção desse barulho interno. O transtorno da cidade já se tornara inaudível a esse ponto. Curiosamente, ao mesmo tempo, Baelyn tentava ouvir sua intuição, que se acentuava ao passo que se aproximava do seu último destino de busca. As coisas se projetavam com mais clareza diante do telão da sua mente. Em alguns momentos, ela conseguia ver como se fossem cenas curtas de um filme. Um filme real.

⁃ Acho que estamos no caminho certo. - aponta Baelyn, ainda com o olhar fixo.

⁃ Em qual sentido? - questiona Ken.

⁃ Eu vejo a minha irmã naquele CTI. Tenho mais certeza a cada passo que damos.

Ken parece se impressionar com a fala da menina. "Damos". Parecia que ela pensava que os dois estavam juntos nessa. Logo ela, que antes passava a impressão de que preferia ficar sozinha na missão. A impressão de ser dura. Era bom ouvir isso dela. Ken se atenta muito aos significados escondidos em coisas simples como uma mera palavra.

⁃ Baelyn, preciso que me escute agora. - afirmou Ken com um tom mais sério  - Eu consigo abrir as portas pra você, te dar acesso ao lugar que você precisar ir. Mas tem que ser rápido.

⁃ Por causa da segurança? Dos médicos?

⁃ Sim, mas também porque eu vou gastar muita energia fazendo isso. Energia que eu nem sei se tenho.

⁃ Tá me dizendo que me ofereceu ajuda sem nem saber se pode cumprir? - indagou Baelyn, indignada.

⁃ Eu consigo. Vou me esforçar ao máximo, mas não sei como vou ficar depois. Mas não se preocupe com isso - assegurou Ken na tentativa de acalmá-la - estamos nessa juntos.

⁃ Tá. Ao chegar lá, eu tento ver exatamente onde ela está.

⁃ Estamos juntos nessa?

Baelyn hesita por um tempo para responder essa pergunta. Na verdade, ela não gostava de ficar sozinha. Mas de fato, teve que aprender a se virar assim. Uma parte dela queria muito uma companhia, a outra parte queria muito resistir. Algo que parecia tão simples, ela torna uma batalha. Uma guerra civil contra si mesma, suas vontades e suas emoções. Era pegar ou largar.

⁃ Sim. Estamos.

Ao se aproximar do CTI Central, a garota visualiza sua irmã deitada em uma maca, ainda coberta por neurofios de conexão ligados ao monitor contendo seus sinais vitais. A aparência do lugar era de longe bem melhor do que os outros CTIs. À sua direita, uma bandeja contendo injetáveis e algumas cápsulas. À frente, uma porta, aberta, que por sorte, dava em um corredor vazio.

⁃ Pela descrição, ela só pode estar no último andar. Sem muito movimento, corredor vazio. deve haver uma escada mais próxima. Ou um elevador funcionando se tivermos sorte. - observou Ken.

⁃ Como fazemos pra chegar até lá?

⁃ Vamos ter que ir na surdina, pelas escadas. Posso abrir a porta da parte inferior do CTI e o que mais tiver no caminho.

⁃ Tá, entendi. E pra tirar ela de lá?

⁃ Aparentemente só tem neurofios conectados nela. Os injetáveis provavelmente são pra mantê-la dormindo. Removemos os neurofios e aplicamos uma solução reversiva.
⁃ Uma o quê?

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