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Anastácia Louxing  

Era novembro de 1914, o outono banhava Londres em toda sua glória, andava me encolhendo em meu casaco, procurando abrigo do vento que judiava de minhas bochechas e nariz, meu destino se aproximava e junto dele a feição desaprovadora que receberia se minha mãe descobrisse o que estava prestes a fazer.

Tentava me convencer ser preciso, estava quase conseguindo comprar uma casa no campo onde mamãe e eu poderíamos viver de artesanato e longe de todos os nossos demônios que residiam na cidade. Mamãe sempre foi esforçada para conquistar sua independência, mas que havia infelizmente caído no galanteio de um herdeiro bancário que a usou e a abandonou quando descobriu sua gravidez, desde então tem sido só nos duas, uma lutando pela outra, trabalhei desde muito nova, entregando jornais, ajudando mamãe na lavanderia, mas seus recentes problemas de saúde interromperam nosso sonho de ir embora do local o dinheiro estava acabando, mas me recusava a tirar o dinheiro para a propriedade, eu ia achar outro jeito e achei não era o melhor, mas era o que tinha no momento.

— BillGold está te esperando— o homem a minha frente me diz, quando finalmente chego à porta do local — Você realmente vale as libras que Bill gasta com você – pega em meu queixo e vira meu rosto de um lado ao outro

A mesa rangia conforme os movimentos se intensificavam, os urros animalescos me eram sussurrados em meu ouvido direito, as garrafas que antes estavam em cima da madeira caiam e se espatifavam no chão do escritório, e era sentido intensamente por mim cada movimento feito pelo mais velho, me sentia ser rasgada, queimada de dentro para fora, fazia uma contagem mental para que o tempo passasse mais rápido e para que não pensasse muito sobre tudo aquilo.

— Aqui sua grana — BillGold indaga, jogando o pequeno montante de dinheiro em minha direção — Quando precisar de mais, sabe onde me achar

— Não será necessário, não mais— respondo baixo, quase como um sussurro enquanto abotoava os botões do vestido

— Deixa eu te dizer uma coisa princesa, elas sempre precisam de mais e sempre voltam

Minha resposta é meu silêncio, saio do escritório do gângster e me deparo com o corpo de Peter Moore o banqueiro da cidade, tento sair sem ser vista, mas é em vão

— Uma lástima, princesa, uma mulher tão gostosa como você morrer tão cedo — a voz envelhecida ressoa atrás de mim e meu sangue gela em minhas veias -Você viu coisas que não devia, não posso correr esse risco

Meus braços são segurados e sou arrastada até o canal principal da cidade, tudo é rápido, em um momento escutava a arma sendo destravada, outra sentia o projétil adentrar meu corpo e ele ficar mole e pôr fim a água do canal embalar meu corpo e a inconsciência me chamando, não antes de poder contemplar a imagem embaçada de três corpos.

...

Uma companheira, eu tinha uma companheira, ser uma mulher não me espantava a um bom tempo, já tinha me resolvido comigo mesma, o fato era o medo de não ser correspondida, de viver em uma eterna solidão por não ter os sentimentos do laço de companheirismo negados.

Na manhã após conversar com Emelina, fui surpreendida pela visita de Rosalie que dizia precisarmos conversar sobre.

— Rosalie que surpresa sua visita— digo enquanto desço os degraus

— Me desculpe vir sem avisar, mas precisava conversar, nós precisamos conversar— a loira se levanta do sofá onde estava sentada me esperando

— Concordo com você, precisamos nos acertar sobre...— chego até a sala e me sento na poltrona em frente ao sofá— Tudo isso foi intenso e inesperado e eu entendo se você quiser um tempo ou não quiser fazer isso

— Não, quer dizer, eu quero, é tudo que eu mais quero. Anastácia desde que você saiu da mansão, você domina meus pensamentos— fala me interrompendo — Eu quero tudo isso, eu quero tudo com você

— Tudo bem — respondo, um sorriso de ponta a ponta domina minha face enquanto caminho até a maior para poder envolver meus braços na cintura fina e a puxar para um abraço

In Your Eyes -TwilightOnde histórias criam vida. Descubra agora