'can you stay up all night.

564 83 25
                                    

LEE MINHO

December, New York

Era um inverno particularmente frio na cidade, principalmente para alguém que fora arrancado do conforto de sua casa e arrastado até o rinque de patinação Rockfeller Center, onde a temperatura era de menos seis graus Celsius.

Me encolhi, cruzando os braços esfregando as mãos numa inútil tentativa de me aquecer com as grossas camadas de casacos que fiz questão de vestir, acompanhados de uma boina bege, luvas de algodão e um cachecol que ganhei de Natal da minha tia no ano anterior.

E eu odeio o frio.

Mas odiava ainda mais ter que servir, mais uma vez, de acompanhante dos pombinhos apaixonados que eram meus melhores amigos. Por algum motivo, Jisung tem absoluta certeza de que eu me sinto sozinho e excluído quando não estou incluído nos seus passeios românticos.

Qual é?! Até parece que ele não me conhece. Eu estou pouco me fodendo se eles estão saindo sem mim, eu amo mais do que qualquer outra coisa estar enfiado em pilhas de travesseiros e cobertores na minha cama macia e com o meu aquecedor ligado, maratonando meus filmes da Marvel.

Estremeci um pouco, piscando freneticamente enquanto observava a decoração ao redor. Rockefeller Center era, inegavelmente, um lugar esplendidamente lindo. Era uma longa pista de patinação no meio de Manhattan, rodeada de prédios altos e algumas árvores, todos decorados com pisca-piscas coloridos, laços vermelhos, grinaldas e uma árvore de Natal enorme.

Era um verdadeiro colírio para os olhos se eu não estivesse prestes a ter uma hipotermia.

Soprei o ar quente de meus pulmões, sentindo meus lábios secos e gélidos tremerem ao fazê-lo, e uma pequena névoa se formou diante dos mesmos. Eu mal podia sentir as minhas pernas.

Observei de longe Hyunjin tropeçando nos próprios pés ao tentar se equilibrar nos braços do namorado. Jisung apenas gargalhava, ajudando o rapaz a manter-se de pé enquanto parecia achar terrivelmente hilária a feição desesperada do mais alto. Eu nunca vou conseguir entender como duas pessoas tão opostas em todos os sentidos poderiam ter se apaixonado, mas era perceptível o amor transbordando dos olhos gentis do loiro, e eu sabia que o Hwang o retribuía na mesma intensidade 

Eu nunca fui muito bom com relacionamentos. Não apenas no sentido romântico da coisa, mas de qualquer tipo de relação que precisa haver contato humano e comunicação. Mais uma coisa que eu odeio: pessoas, eu definitivamente odeio pessoas.

Talvez por eu não ser muito bom em expressar meus sentimentos, ou apenas por não gostar de lidar com briguinhas por qualquer coisa. Eu me considero uma pessoa muito simples, não gosto muito de me estressar com coisas fúteis. Por esse motivo, todos os meus namoros mal-fadados devem-se única e exclusivamente a minha personalidade anti-social.

Ainda estou tentando descobrir como permiti que Hyunjin e Jisung fossem as únicas pessoas que foram capazes de quebrar essa barreira. Eles são estranhos, de qualquer forma.

E também odeio qualquer atividade que envolva interação entre mim e outro ser humano, ou que envolva lugares muito cheios, ou quando tem poucos pedacinhos de chocolate no sorvete de chocomenta, ou quando eu estou trabalhando no meu computador e meus olhos começam a doer e preciso colocar meus óculos de grau pois as lentes me incomodam.

Parando para pensar, eu odeio muitas coisas.

Menos gatos, eu amo gatos. 

— Você não vem? — Vi Hyunjin se aproximar, rodeando o braço ao redor do pescoço do Jisung com força ao tentar não escorregar com os patins.

ice skating.Onde histórias criam vida. Descubra agora