O primeiro dia.

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Ah, enfim o primeiro dia de aula! Aquela emoção empolgante de mais um ano letivo se iniciando, pessoas novas chegando, uma nova chance de fazer algo de diferente pela escola e por si mesma. E para mim nada mais poderia ser mais importante do que hoje: O primeiro dia do último ano de minha vida escolar, enfim cheguei ao terceiro ano! O que tem de tão especial no terceiro ano? É o último, onde você tem mais chance de se destacar, a escola investe tudo em você, é onde começamos a falar de futuro não somente como algo distante mas como o amanhã, ou até mesmo o hoje. Eu esperei ansiosamente por isso, enquanto me arrumava hoje, penteei meus cabelos com um brilho no olhar, vesti meu uniforme azul e laranja ( saia laranja e camisa polo azul) com as mãos ansiosas, comi o delicioso omelete feito carinhosamente por minha mãe sem reclamar como sempre. Hoje tudo dará certo!

Quando cheguei Carol, minha melhor amiga, já estava na entrada. Nosso último ano juntas todos os dias. Me abraçou trajando um uniforme igual ao meu, o padrão. Seus cabelos castanhos caíam sobre sua costa em um rabo de cavalo desorganizado, sua franja um pouco longa demais lhe fazia parecer uma criança de 14 anos, porém ambas temos 17 anos.

   - Amiga, que saudade...

Disse ela enquanto me abraçava, sua pele rosada se acendeu ao me ver.

   - Até parece que não estávamos juntas ontem à noite.

Era verdade, nossos pais marcaram um jantar em conjunto para conversar sobre o novo ano letivo e a grade nova de professores e matérias que o colégio havia enviado por e-mail.

   - Mas é diferente... você sabe...

Sim, eu sabia.

   - Onde estão seus pais?

Perguntou ela enquanto acenava para os seus que já estavam entrando no carro. O senhor e a senhora Hugo e Thalita Silveira eram pais excelentes! Muito atenciosos, esportivos, engraçados e educados. Tinham além de Carol mais um filho de 1 ano, Cris. Eles eram os únicos pais com quem os meus socializavam. Sempre foi difícil para eles se adaptarem à mim, meu pai tem 74 anos, é um advogado aposentado que hoje passa os dias se ocupando com obras desnecessárias. Minha mãe uma ex professora de jardim de infância de 70 anos que ama a natureza de seu jardim. Tenho mais três irmãos que quase nunca vejo: Vitória (38) é casada e mora na França com seu marido; Elias (43) é um religioso Franciscano que hoje atende por Irmão Elias e reside em Manaus. E por último tem o mais velho, Dário (45), o que mais parece com meu pai. Também é advogado e aspirante a juiz. Continua morando aqui em São Paulo há apenas 2 horas de distancia de nossa casa. Sua esposa, Aline, é muito agradável, até um pouco demais, está esperando gêmeos depois de longos tratamentos de fertilidade.

Mesmo tendo três outros irmãos sinto como se fosse filha única. Quando nasci nenhum deles morava com meus pais. Fui criada sozinha pela imensidão de meu lar, somente eu, meu pai, minha mãe e nosso gato Sócrates. Com exceção dos feriados e aniversários, quase nunca os via. Poderia facilmente ser apenas uma parente distante.

Ao entrarmos na escola, pude notar diversos rostos novos pelo espaço. Seguimos sem pausa para a diretoria seguindo a ordem de classe para apresentação. Em nossa escola tínhamos um diferencial para o terceiro ano: Uma disciplina complementar de treinamento para a carreira. Era simples, alguns professores se voluntariavam para treinar alunos dispostos a conhecer um pouco mais sobre algumas profissões específicas. Era um projeto bem inteligente, fomos avaliados muito bem pela secretaria de educação de São Paulo, ganhamos um premio de "colégio destaque do ano", tivemos vários professores que se destacaram como educadores e foram muito bem recompensados.

   - Você já decidiu qual será a sua complementar?

Perguntou-me Carol enquanto esperávamos na fila da turma 3C. Eu passei a semana avaliando as opções que seriam ofertadas esse ano. Embora meu pai quisesse que eu entrasse para a turma de artes para melhorar meu desenvolvimento comportamental, eu tinha outros planos em mente. 

Ao querido MestreOnde histórias criam vida. Descubra agora